O termo altos ou llugar alto (בָּמָה, bamah) se refere a um tipo de instalação religiosa utilizada em Israel antigo. A palavra “bamah” não possui raiz verbal conhecida no hebraico, mas tem cognatos em outras línguas semíticas como o acádio, o ugarítico e o árabe. Sua derivação e significado exatos são incertos.
“Bamah” pode se referir tanto a partes do corpo humano quanto a elementos da paisagem. Em Deuteronômio 33:29, a palavra designa as costas de uma pessoa. Em Isaías 14:14 e Jó 9:8, ela se refere metaforicamente às costas das nuvens e do mar, respectivamente. O termo também pode designar qualquer terreno elevado, como as encostas, colinas ou cumes de montanhas (2 Samuel 1:19, 25; Jeremias 26:18; Miqueias 3:12).
No contexto religioso, “bamah” aparece mais de 100 vezes na Bíblia Hebraica, geralmente associado a verbos como “sacrificar” (זָבַח, zavach) e “queimar incenso” (קָטַר, qatar), indicando a realização de rituais religiosos que envolviam um altar.
Localização e forma dos Lugares Altos
Os lugares altos eram encontrados em diversas localizações topográficas em Israel e Judá. Textos bíblicos mencionam lugares altos em colinas desabitadas (1 Samuel 9; 1 Reis 11:7; 2 Reis 16:4), vales (Jeremias 7:31-32; 32:35), e dentro de cidades e povoados (2 Reis 17:29; 1 Crônicas 16:39; 2 Reis 23:5). Há também menção de um lugar alto em Moabe, na cidade de Dibom (Isaías 15:2; 16:12), evidenciado pela inscrição na Pedra Moabita.
A Bíblia Hebraica descreve os lugares altos como construções artificiais, utilizando verbos que indicam sua construção, destruição e remoção. Evidências arqueológicas, embora limitadas, sugerem diferentes formas para os lugares altos, incluindo plataformas elevadas, altares e santuários com múltiplos cômodos.
Interpretações arqueológicas e textuais
Uma interpretação comum é que os lugares altos eram plataformas de pedra elevadas que serviam como base para altares ou como altares em si. Escavações arqueológicas em Tel Dan, Megido, Nahariya e Hazor revelaram plataformas e altares que podem ser associados a lugares altos. Outra interpretação sugere que os lugares altos eram santuários com múltiplos cômodos, como o “bet bamot” mencionado em 1 Reis 12:31 e na Pedra Moabita. Uma terceira interpretação propõe que os lugares altos eram locais de culto ao ar livre, geralmente em áreas rurais, que podiam incluir altares, pilares, postes sagrados e imagens esculpidas.
Atitude bíblica em relação aos lugares altos
A História Deuteronomista e os livros das Crônicas indicam que os lugares altos eram considerados locais de culto aceitáveis no início da história de Israel. Após a construção do Templo em Jerusalém, os lugares altos foram condenados como locais de culto ilegítimos e deveriam ser destruídos. Essa mudança de atitude reflete a centralização do culto em Jerusalém promovida pela monarquia. Os profetas, como Oséias, Amós, Miqueias, Isaías, Jeremias e Ezequiel, frequentemente condenaram os lugares altos como locais de idolatria e práticas religiosas sincréticas.
