Mashal

O termo hebraico מָשָׁל mashal designa um gênero literário que abrange desde provérbios curtos até parábolas e alegorias extensas. Seu propósito é didático e comparativo, transmitindo sabedoria por meio de analogias e figuras de linguagem.

No Antigo Testamento, mashal aparece em diversos contextos, como a literatura sapiencial (Provérbios, Eclesiastes), a profecia (Ezequiel) e as narrativas históricas (Juízes). Muitas vezes associado a חִידָה (khidah, “enigma”), pode assumir o formato de ditado moral, sátira, cântico ou sentença legal. Sua concisão e imagética vívida favorecem a memorização e a transmissão oral.

No judaísmo rabínico, mashal tornou-se um recurso pedagógico fundamental, especialmente em parábolas que ilustram verdades espirituais por meio de situações do cotidiano. Jesus utilizou esse estilo em seus ensinamentos, aproximando-se da tradição rabínica, mas com uma intencionalidade singular. Suas parábolas não eram meras ilustrações morais, mas veículos de revelação sobre o Reino de Deus. Diferiam das fábulas, pois evitavam personagens animais falantes, e da alegoria complexa, privilegiando um impacto direto sobre o ouvinte. Seu efeito era provocativo, desafiando a audiência a uma decisão ética e espiritual. Muitas parábolas de Jesus terminam com um desfecho surpreendente, que inverte expectativas e confronta o ouvinte com uma verdade inescapável.

A tradição rabínica e os evangelhos compartilham algumas imagens e estruturas narrativas, mas frequentemente aplicam-nas com propósitos distintos. Enquanto Jesus empregava mashal para revelar mistérios do Reino e questionar convenções religiosas, os rabinos o usavam para reforçar ensinamentos morais e haláquicos. A convergência estrutural sugere um fundo cultural comum, no qual o mashal funcionava como um meio privilegiado de ensino na sociedade judaica do período do Segundo Templo.

A natureza polissêmica dos mashalim reflete a versatilidade da linguagem figurada.

Uma consideração sobre “Mashal”

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