Parábola

Parábola refere-se a um pequeno ditado ou narrativa com um argumento ou lição de forma memorável.

As parábolas podem envolver simbolismo, metáfora, ironia ou algum tipo de duplo sentido. Às vezes, simplesmente provocam reflexões acerca de uma verdade.

As parábolas são associadas ao ensino judaico, particularmente ao período do Segundo Templo. Jesus aparece nos Evangelhos como o grande contador de parábolas.

Há diferenças técnicas do gênero “parábola” quando comparados com fábulas (objetos ou animais fantásticos) ou outros tipos de histórias simbólicas, mas em nível facilmente apreensível.

Parábolas (como em 2 Samuel 12:1-4; Isaías 28:4) e alegorias (Isaías 5:1-7) ainda não foram encontradas em documentos sumérios, acadianos ou ugaríticos.

BIBLIOGRAFIA

Scott, Bernard Brandon. Hear Then the Parable: A Commentary on the Parables of Jesus. Minneapolis: Fortress, 1989.

Literatura Apocalíptica

A literatura apocalíptica é a um gênero literário que surgiu em tempos de angústia e incerteza, muitas vezes em tempos de opressão política ou religiosa. Apresenta um estilo de escrita altamente simbólico e visionário, com foco nas revelações divinas sobre o futuro, a ordem cósmica e o triunfo final do bem sobre o mal. A literatura apocalíptica visa fornecer esperança, encorajamento e um senso de intervenção divina em tempos de crise.

Embora a literatura apocalíptica compartilhe semelhanças com os escritos proféticos, existem diferenças distintas. As mensagens proféticas geralmente abordavam as preocupações imediatas de seu público e forneciam orientação para o presente, enquanto os escritos apocalípticos se concentravam em eventos escatológicos de longo prazo e no triunfo final de Deus. Os escritos proféticos abordavam principalmente a nação de Israel e seus líderes, enquanto a literatura apocalíptica geralmente tinha uma perspectiva cósmica protagonista individual que recebia revelações divinas.

Existem trechos apocalípticos, como Daniel 7. Essa passagem é uma visão de quatro bestas que representam reinos terrestres, seguido pelo surgimento do “Filho do Homem” que recebe um reino eterno de Deus. Um exemplo no Novo Testamento é Mateus 24, no qual Jesus discorre sobre os sinais do fim dos tempos, incluindo a destruição do Templo.

A literatura apocalíptica surgiu durante tempos de turbulência e perseguição, particularmente durante os períodos helenístico e romano. Esses escritos surgiram em resposta à opressão política, à dominação estrangeira, ao sincretismo religioso e ao desejo de intervenção divina. Os textos refletiam as ansiedades e esperanças do povo judeu, fornecendo uma estrutura para entender suas dificuldades atuais e vislumbrar uma futura restauração.

O auge da literatura Apocalíptica foi no Período do Segundo Templo, com vários exemplos:

  • 1 Enoque: Uma coleção de textos apocalípticos atribuídos a Enoque, descrevendo visões dos reinos celestiais, o julgamento vindouro e o destino dos justos e dos iníquos.
  • 2 Esdras (também conhecido como 4 Esdras): Uma obra apocalíptica judaica que aborda questões teológicas sobre teodicéia, o destino de Israel e a natureza do mal.
  • Apocalipse de João: O único livro apocalíptico canônico do Novo Testamento.
  • Apocalipse de Pedro: Uma obra pseudoepígrafa.

Aretalogia

Aretalogia ou aretologia do grego: Αρεταλογία, aretḗ, virtude + logia, é uma forma de gênero de louvor em que os atributos de uma divindade são listados. Tem a forma de poema na primeira pessoa, uma lista de epítetos, nomes e qualidades, poderes (dynameis) invenções ou criações (heuremata) e obras (erga).

O gênero textual da aretalogia ocorre em várias tradições religiosas.י״ג מִידּוֹת Nas religiões dhármicas o termo em sânscrito é ātmastuti. Nas tradições cuneiformes mesopotâmicas eram as listas lexicais dos deuses, como na Oração de Assurbanípal a Assur ou a parte final de Enuma Elish. Na literatura greco-romana um exemplo é a Aretalogia a Isis (Apuleio. O Asno de Ouro, 11.22.6). No islã há os Noventa e nove nomes de Alá (al-asmá al-husná). No cristianismo, as escolásticas medieval e reformada foram construída a partir de listas de atributos divinos.

Um gênero derivado, por vezes também referido como aretalogia, sãos as biografias laudatórias de heróis ou figuras lendárias, como A vida de Pitágoras de Porfírio ou A vida de Moisés de Filo de Alexandria.

Na Bíblia, não há um explícito elenco de virtudes divinos do gênero da aretologia conforme os paralelos literários da época. Todavia, alguns traços do gênero aparecem no louvor à Sabedoria em Provérbios 8. Também, há listas como em Êx 34:6–7; Nm 14:18; Jl 2:13; Jn 4:2; Mq 7:18; Na 1:3; Sl 86:15; 103:8; 145:8; Ne 9:17 dos atributos da misericórdia, os quais aparecem após o incidente do Bezerro de Ouro, quando Deus ameaçou destruir Israel (Êx 32:10). A aretologia no sentido biográfico pode ter influenciado o gênero literário dos evangelhos.

BIBLIOGRAFIA

Hadas, Moses and Smith, Morton. Heroes and Gods: Spiritual Biographies in Antiquity. London: Routledge & Kegan Paul, 1965.
Smith, Morton. “Prolegomena to A Discussion of Aretalogies, Divine Men, the Gospels and Jesus.” Journal of Biblical Literature 90 (1971): 174-199

https://www.treccani.it/enciclopedia/aretalogia_%28Enciclopedia-Italiana%29/

Paranesis

Paraenesis seria um gênero ou motivo literário de instrução ou conselho, incluindo listas de vícios e virtudes, Haustafeln e exemplos tanto positivos quanto reprováveis.

BIBLIOGRAFIA

Fiore, Benjamin. “Parenesis.” In The New Interpreter’s Dictionary of the Bible. Vol. 4. Edited by Katherine Doob Sakenfeld, 382–383. Nashville, TN: Abingdon, 2009.

Crônica Weidner

Crônica Weidner (ABC 19) ou Crônica de Esagila é uma composição literária em formato de carta, mas com elementos que lembram uma crônica ou anais. Contudo, não se trata de um registro de eventos, mas uma peça de propaganda política e religiosa.

O rei Damiq-ilišu de Isin (reinado entre 1816 e 1794, a.C.) escreve ao rei Apil-Sin da Babilônia (1830-1813 a.C.) sobre as bênçãos que os deuses concederam aos reis anteriores. Argumenta que foram abençoados porque sacrificaram ao deus supremo Marduk no santuário de Esagila na Babilônia. A maioria desses reis são do terceiro milênio, quando a Babilônia e o santuário provavelmente sequer existiam.

O tema da fidelidade real a uma divindade como meio de receber bênção encontra paralelos na literatura hebraica, especialmente na História Deuteronomista (Josué a 2 Reis) e nos livros das Crônicas.