Inscrição de Yahweh do Monte Ebal

A inscrição de Yahweh do Monte Ebal, descoberta em 1980 pelo arqueólogo israelense Adam Zertal, é um fragmento de cerâmica do século XIII a.C. contendo uma inscrição em proto-hebraico ou cananeu.

A suposta presença do tetragrama YHWH, o nome de Deus, tem gerado debates sobre sua autoria e significado. Enquanto alguns estudiosos a consideram evidência de um culto monoteísta israelita precoce, outros argumentam que a inscrição pode ser de origem cananeia, o que complexifica sua interpretação. A localização da inscrição no Monte Ebal, mencionado em Deuteronômio 11:29 como local de bênçãos e maldições, aumenta sua relevância para a história da religião israelita.

Inscrições de Umm el-Marra

As escavações em Umm el-Marra, sítio arqueológico no norte da Síria, lideradas por Glenn Schwartz desde 1994, revelaram descobertas notáveis que contribuem para a compreensão da escrita no Oriente Próximo antigo.

Datado do início da Idade do Bronze, cerca do terceiro milênio a.C., o sítio apresenta tabletes protocuneiformes, o que poderia mudar a data para o uso da escrita anteriormente ao que se pensava. A descoberta de inscrições alfabéticas ainda mais antigas, prévias aos alfabetos de Ugarit e Protossinaítico, sugere que Umm el-Marra foi um centro de experimentação e desenvolvimento de sistemas de escrita. As inscrições informam sobre as práticas administrativas e religiosas da época, e o uso da escrita indica um alto nível de sofisticação tecnológica e administrativa.

Ivo Nardi

Ivo Nardi (1907-1943) nasceu em San Ginesio, na província de Macerata. Por motivos de trabalho, mudou-se para Roma por volta de 1930, onde se dedicou ativamente à pregação evangélica. Sua obra de evangelização despertou a hostilidade do clero local e das autoridades fascistas, que o consideravam um “fanático santarrão”.

Após várias denúncias por violação do artigo 18 do Texto Único das Leis de Segurança Pública, em outubro de 1936, Nardi foi forçado a retornar a San Ginesio. Ali, continuou a pregar entre os camponeses, chamando a atenção das autoridades eclesiásticas e fascistas, que o acusaram de fomentar a dissidência.

No início de fevereiro de 1937, Ivo Nardi foi preso junto com Alessandro Nardi e Giulio Polci, após protestos do clero local. A acusação oficial foi a de ter criticado Mussolini e a invasão da Etiópia, além de ofender o rei e o Duce. Um telegrama do Ministério do Interior, datado de 12 de fevereiro de 1937, descrevia Nardi como um perigoso subversivo, determinado a minar o sentimento nacional.

Após três meses de detenção na prisão de Macerata, em 31 de maio de 1937, foi condenado pelo Tribunal Especial para a Defesa do Estado a cinco anos de prisão e à interdição perpétua de cargos públicos, visto ser “antifascista”.

Foi enviado à prisão de Castelfranco Emilia (Modena), onde sofreu um regime de isolamento rigoroso. Teve contato mínimo com a esposa e as três filhas pequenas e só após um ano conseguiu permissão para ter uma Bíblia. Em 1940, graças a uma anistia, sua pena foi reduzida, e ele foi libertado.

De volta para casa, retomou sua pregação, mas foi preso novamente em 11 de maio de 1941 por realizar um culto. Condenado a três anos de exílio forçado na colônia penal de Pisticci (Matera), foi submetido a trabalhos forçados. Sua saúde, já debilitada, piorou rapidamente, levando à sua libertação em 31 de outubro de 1942.

Ao retornar a San Ginesio, foi preso mais uma vez, já gravemente doente. Foi levado de volta para casa três dias antes de sua morte, que ocorreu em 3 de agosto de 1943, em Belforte del Chienti. Seis dias depois, em 9 de agosto, o prefeito de Macerata comunicou oficialmente o falecimento de Ivo Nardi, ex-confinado político.

Roberto Bracco escreveu sobre ele:

«Ele tinha, em nossa cidade, uma posição de trabalho razoável, mas lhe tiraram o emprego, a casa e a residência, enviando-o de volta para sua cidade natal, onde não tinha nada. Assim, foi reduzido à miséria. Esse irmão, no entanto, não se desencorajou; ao contrário, começou imediatamente a evangelizar Cristo entre seus conterrâneos… Uma pequena comunidade nasceu naquele remoto local montanhoso. Essa obra provocou uma reação violenta das autoridades políticas locais… Foi levado a julgamento sob acusações maliciosas perante o terrível tribunal fascista para a defesa do regime e ali, sem poder se defender, foi condenado…».

Ivo Nardi faleceu aos 36 anos, vítima da perseguição fascista contra os pentecostais.

Ismaelitas

Ismaelitas (יִשְׁמְעֵאלִים, Yishma’elim, em hebraico; Ἰσμαηλῖται, Ismaēlîtai, em grego) são, na Bíblia, os descendentes de Ismael, o primeiro filho de Abraão com sua concubina egípcia, Agar (Gênesis 16).

Os ismaelitas são mencionados em outras passagens bíblicas, geralmente em conexão com o comércio e a vida nômade:

  • Juízes 8:24: Os midianitas, derrotados por Gideão, são descritos usando brincos de ouro, “porque eram ismaelitas“. Isso sugere uma sobreposição ou confusão entre os termos “midianitas” e “ismaelitas”, ou que os midianitas, nesse contexto, incluiam grupos ismaelitas.
  • Gênesis 37:25-28, 39:1 Os irmãos de José o vendem como escravos a uma caravana de ismaelitas que se dirigiam ao Egito, ou eram mercadores midianitas. Novamente, parece haver uma certa fluidez no uso dos termos.
  • 1 Crônicas 27:30: Obil, um ismaelita, está no cargo dos camelos de Davi.

Fora da Bíblia, inscrições assírias e outras fontes antigas mencionam grupos árabes que podem ser associados aos descendentes de Ismael. A tradição islâmica considera Ismael um ancestral importante dos árabes, particularmente através de seu filho Quedar, e o profeta Maomé é considerado um descendente de Ismael.

Imprecação

Imprecação, do latim imprecatio, refere-se a uma invocação de mal ou maldição contra alguém ou algo. Na Bíblia, as imprecações, expressas através de orações ou declarações, são encontradas principalmente nos Salmos, conhecidos como “Salmos Imprecatórios”. O termo hebraico para maldição é קְלָלָה (qelalah), e o termo grego para imprecação é κατάρα (katara).

Os Salmos Imprecatórios, como os Salmos 5, 7, 10, 35, 58, 69, 109 e outros, contêm expressões fortes de ira e desejo de vingança contra os inimigos do salmista, que são frequentemente os inimigos de Deus e do povo de Israel. Essas passagens podem ser perturbadoras que podem questionar a contradição entre o amor e a misericórdia divina e o desejo de vingança expresso nos Salmos. Contudo, os Salmos Imprecatórios devem ser interpretados dentro de seu contexto histórico e cultural. No antigo Israel, a justiça era frequentemente vista como retributiva, e a vingança era considerada um direito de Deus. Além disso, os Salmos Imprecatórios não são necessariamente expressões de ódio pessoal, mas sim clamores por justiça divina contra a injustiça e a opressão.

Os Salmos Imprecatórios também podem ser interpretados como uma forma de desabafo emocional e espiritual, permitindo que o salmista expresse sua raiva e frustração diante de Deus, confiando que Ele fará justiça.

No Novo Testamento, Jesus ensina sobre o amor aos inimigos (Mateus 5:44), o que parece contradizer as imprecações encontradas nos Salmos. No entanto, alguns argumentam que o ensino de Jesus não anula a justiça divina, mas sim a transfere para o âmbito de Deus. O Novo Testamento também enfatiza a importância do perdão e da reconciliação, que são elementos essenciais do amor cristão.

Algumas passagens no Novo Testamento podem ser interpretadas como contendo elementos de juízo ou reprovação que se assemelham a imprecações. Por exemplo, em Mateus 23, Jesus pronuncia uma série de “ais” contra os fariseus e escribas, denunciando sua hipocrisia e sua religiosidade superficial. Embora não sejam invocações diretas de maldição, essas palavras expressam um forte juízo sobre as ações dos líderes religiosos.

No livro de Apocalipse, há diversas passagens que descrevem o juízo de Deus sobre os ímpios e o triunfo final do bem sobre o mal. Essas passagens podem ser vistas como uma forma de imprecação contra as forças do mal, embora o foco principal seja a justiça e a soberania de Deus.

O termo aparece em Salmo 10:7 associado à malícia do ímpio e em Marcos 14:71, quando Pedro nega a Cristo.