Jonathan Paul

Jonathan Anton Alexander Paul (1853–1931) foi um ministro pentecostal, escritor, teólogo, estudioso da Bíblia e tradutor alemão.

Ao se formar na Universidade de Greifswald pastoreou igrejas luteranas na Pomerânia.

Após uma experiência espiritual, inspirada pelo revivalismo americano e pelo movimento de Keswick, em 1899 Paul começou seu ministério de viagens evangelísticas. Mudou-se para Berlin-Steglitz e tornou-se membro do Gnadauer Verband, um movimento evangélico dentro da Igreja Evangélica na Alemanha. Como evangelista, era um orador requisitado em tendas missionárias e conferências de avivamento.

Em 1896, Paul publicou um livro com o título Ihr weret die Kraft des Heiligen Geistes empfangen [“Sereis revestidos com o poder do Espírito Santo”], alertando contra a falta de plenitude do Espírito em sua época, como também a falta de poder espiritual e dos dons do Espírito.

Em 1906, Jonathan Paul visitou Thomas Ball Barratt em Oslo e tornou-se pentecostal. Em 15 de setembro de 1907, Paul experimentou o falar em línguas, aumentando as críticas contra o movimento pentecostal por parte do movimento evangélico alemão.

Com sua experiência organizacional, em dezembro de 1908 realizou uma conferência pentecostal em Hamburgo. Vieram representantes do movimento pentecostal da Inglaterra, Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça. Durante a conferência decidiu-se publicar a revista Pfingstgrüsse, da qual Paul tornou-se editor-chefe. Em consequência, a liderança evangélica alemã condenou o pentecostalismo na Declaração de Berlim em 1909. Em razão disso, Paul ajudou a organizar a Mülheimer Verband Freikirchlich-Evangelischer Gemeinden (Associação Mülheim de Igrejas Livres e Comunidades Evangélicas), em 1914, uma fraternidade que reunia crentes pentecostais dentro das igrejas estatais e das igrejas livres.

Sendo um biblista erudito, Paul publicou uma nova tradução do Novo Testamento em alemão, Das Neue Testament in der Sprache der Gegenwart (1914).

TEOLOGIA DE JONATHAN PAUL

A teologia de Paul do pentecostalismo alemão de Mülheim destaca-se por enfatizar mais as experiências transformadoras do espírito, sem preocupação de apontar eventos pontuais (novo nascimento, batismo do Espírito Santo, falar em línguas, santificação, etc.). Adicionalmente, sua bibliologia reflete a erudição acadêmica evangélica alemã, algo que contrapunha às atitudes do fundamentalismo norteamericano sobre as Escrituras.

O Batismo do Espírito Santo e Fogo consideramos ser a vinda sobre e dentro do Espírito Santo para habitar o crente em Sua plenitude, e é sempre testemunhado pelo fruto do Espírito e a manifestação exterior, para que possamos receber o mesmo dom que os discípulos no Dia de Pentecostes… Não ensinamos que todos os que foram batizados no Espírito Santo, mesmo que falem em línguas, já receberam a plenitude da bênção de Cristo implícita neste Batismo.

Concílio Consultivo Pentecostal Internacional, reunido em Amsterdam em 1912. Entre os signatários A.A. Boddy, Gerrit Polman, T.B. Barratt, Jonathan Paul

BIBLIOGRAFIA

Giese, Ernest. Jonathan Paul, ein Knecht Jesu Christi Leben und Werk. Missionsbuchhandlung und Verlag, Altdorf bei Nürnberg, 1965.

Simpson, Carl. “Jonathan Paul and the German Pentecostal Movement: The First Seven Years, 1907-1914.” Journal of the European Pentecostal Theological Association 28, no. 2 (January 1, 2008): 169–82.

Joana, esposa de Cuza

Joana, a esposa de Cuza, mordomo de Herodes Antipas ao ser listada como uma das mulheres que “foram curadas de espíritos malignos e enfermidades” que acompanharam Jesus e os apóstolos, e “providenciaram para ele de seus bens” em Lucas 8: 2 -3.

Ela provavelmente era de Séforis (Lc 8:3), cidade a menos de seis quilômetros da pequena aldeia de Nazaré (cuja população variava entre 200 e 400 habitantes). Séforis era uma das cidades capitais de Herodes Antipas na Galileia, Séforis. Esta cidade possuía cerca de 30.000 habitantes. Situada estrategicamente próxima à Via Maris, era um centro de cultura e arte, construída conforme a arquitetura greco-romana.

Joana é citada entre as mulheres mencionadas em Lucas 24:10, que, junto com Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, levaram especiarias ao túmulo de Jesus e encontraram a pedra removida e o túmulo vazio. Os relatos nos outros evangelhos sinóticos não mencionam Joana como parte do grupo de mulheres que observam o sepultamento de Jesus e testemunham sua Ressurreição.

Joanã

  1. Um dos heróis gaditas que se juntou a Davi no deserto de Judá (1 Cr 12:12).
  2. O primogênito do rei Josias (1 Cr 3:15).
  3. Joanã, filho de Careá, um dos líderes judeus durante o governo de Gedalias, a quem Nabucodonosor havia nomeado governador em Jerusalém (2 Re 25:23; Jr 40:8). Joanã alertou Gedalias sobre os planos de Ismael contra ele, mas foi ignorado (Je 40:13, 16). Atacou o assassino do governador e resgatou os cativos (41: 8, 13, 15, 16). Ele e seus seguidores fugiram para Tapanes, no Egito (43: 2, 4, 5), levando Jeremias, temerosos da represália babilônica.

Período dos juízes

O período anterior à monarquia e posterior à conquista de Canaã. Coincide com o final da idade de Bronze e início da idade do Ferro, quando os israelitas viviam em uma sociedade tribal. Os livros de Juízes e Rute, bem como parte dos livros de Josué e 1 Samuel, são ambientados nesse período.

Os juízes (sophetim) eram líderes militares que apareceram para enfrentar opressores específicos. Não há alusão de que suas autoridades alcançavam todo o povo de Israel ou que sucederam um a outro.

Livro de Josipon

O Sefer Josippon ou Livro de Josipon, também conhecido como Pseudo-Josefo, é uma crônica hebraica medieval. Deriva-se de uma tradução livre latina das obras de Flávio Josefo, a Bellum Iudaicum, a qual tinha sido feita pelo autor conhecido como Pseudo-Hegésipo.

Composta no final do primeiro milênio por algum judeu da comunidade grega do sul da Itália, ganhou aceitação entre os bizantinos. Contudo, somente integrou o cânone amplo na Igreja Ortodoxa Etíope.

Não há novidade de conteúdo com valor histórico, mas Josipon ilustra o processo de reescrita e transmissão de literatura bíblica e parabíblica.

O livro de Josipon cobre a história hebraica de Adão à queda de Massada em 74 dC, com foco no período do Segundo Templo. Outras fontes foram a Vulgata, incluindo os livros dos Macabeus, a tradição judaica e algumas fontes pseudo-históricas latinas.

BIBLIOGRAFIA

Flusser, David. “Josippon: A Medieval Hebrew Version of Josephus.” Pages 386–97 in Josephus, Judaism, and Christianity. Edited by L. Feldman and G. Hata. Detroit: Wayne State University Press, 1987.

Reiner, Jacob. “The English Yosippon.” Jewish Quarterly Review 58 (1967): 126–42.

Livro de Jubileus

Obra parabíblica composta em hebraico nos meados do século II a.C. Chamada de Leptogenesis (Gênesis menor), é uma paráfrase de Gênesis e do Êxodo até a revelação da Lei, narrado em segunda pessoa.

É canônico entre ortodoxos e Beta Israel etíopes e parece ter tido autoridade na comunidade de Qumran.

O livro registra uma preocupação com os festivais.

Justificação

Justificação, em grego dikaíōsis aparece apenas em Rm 4:25 e Rm 5:18, é o ato transformativo de capacitar a vida em retidão ou justiça diante de Deus, palavras que traduzem os conceitos bíblicos de dikaiosynē ou tzedakah.

Há conotações que se perdem na tradução. O termo hebraico hatsdiq seria vertido para o grego dikaioun e, por fim, nas línguas latinas justificar. No hebraico, hatsdiq seria vindicar, apresentar como justo, ser declarado justo ou inocente, habitar em justiça. Já o sentido grego diakioun tem a conotação forense, ou seja, fazer justiça ou justiçar, o que pode ser inclusive uma sentença condenatória. Dada a raridade do termo dikaíōsis, não há precisão de seu alcance semântico, tampouco certeza das definições propostas. As ambiguidades do grego passaram para o latim que separa iustitia de misericordia. Para complicar, boa parte da recepção desse conceito em língua inglesa distingue entre righteousness (retidão, algo pessoal) e justice (justiça, algo social), distinção não compreendida pelo conceito de tzedakah.

SENTIDOS BÍBLICOS

Nos sentidos bíblicos, na justificação corrige-se um ato errôneo. No Antigo Testamento havia o anseio de sanar as injustiças dos ímpios (Sl 37), além de o próprio ser humano se justificar (Jó 32:2; Jó 33:32; Is 43:9), visto que Deus se apresenta como demandando justiça (Dt 32:4; Sl 11:7; Sl 146:6-8; Is 5:16), especialmente para o vulnerável (Sl 10:14-18; Sl 72:1-2; Pv 31:8-9). Em contrapartida, há uma preocupação de demonstrar que Deus age em justiça (Jó 32:2; Sl 51:4).

Em uma analogia de um julgamento, a justificação aparece nas Escrituras na prestação de contas de Israel com Deus dentro de uma aliança. Assim, a justificação passou a denotar e esperança de Deus restaurar a sorte de Israel depois das opressão, sendo inocentada como nação em um julgamento (cf. Sl 43:1; 135:14; Is 50:8; Lc 18:7), expurgado de suas transgressões. Nesse sentido, a justificação seria um ato declarativo.

Diante a impureza moral e ritual, a expectativa messiânica era de que o messias possibilitasse a justificação em um reino de justiça (Sl 97). Jesus não limitou essa justificação a uma nacionalidade. Antes, pregou a justificação de Deus aos pobres. O cobrador de impostos, e não o fariseu (hipocritamente autojustificado), voltou para casa justificado diante de Deus (Lc 18,14).

A morte de Jesus na cruz poderia ser vista como uma sentença condenatória por parte de Deus, mas sua ressurreição seria entendida pelos discípulos como a “vindicação” ou “justificação” de Deus da obra de Jesus (cf. Atos 3:14-15, 26; 1 Tim 3:16). O Novo Testamento retrata Jesus Cristo cumprindo essa expectativa messiânica pelo sangue de sua morte (Rm 3:24-25) e pela sua ressurreição. Esses eventos foram para justificação (Rm 4:25), possibilitando que a humanidade obtenha paz com Deus (Rm 5:1) e implantando o seu reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17).

TEOLOGIA

A justificação é o tema central da teologia protestante, oriunda de uma preocupação presente nas teologias ocidentais desde o século XI acerca da obra de expiação.

Diversas teorias soteriológicas tentam explicar como Jesus Cristo foi oferecido pelo pecado (2 Co 5:21), para que a humanidade mediante a fé nele fosse justificada (Rm 3:26). Metáforas como resgate, regeneração, restauração, redenção, processo penal, participação da natureza divina integram a doutrina da justificação à doutrina da salvação.

Agostinho apresentou justificação como “ficar ou fazer justo” diante de Deus em contraste com o que ele representava o pensamento de Pelágio sobre a justificação como imitação da obra justa de Cristo.

A doutrina da justificação pela fé de Lutero enfatiza um aspecto forense da salvação do crente em contraste com as interpretações “papistas” e “escolásticas” da justiça infundida merecida por boas obras.

Lutero distinguiu didaticamente entre justiça coram deo (diante de Deus) e coram mundo (diante do mundo). A justiça coram deo seria uma justiça passiva, a justiça da fé, a justiça do Evangelho ou justiça de identidade, porque restaura a identidade do homem como filho de Deus. Não é baseado em obras. A justiça coram mundo também é chamada de justiça ativa, justiça civil, justiça da lei e justiça da razão, justiça de caráter e trata das atitudes e comportamentos de uma pessoa. O homem é capaz de fazer grandes coisas pelo próximo por meio de sua razão e força. No entanto, essas boas obras são imperfeitas, maculadas por desejos pecaminosos e motivações impuras. Assim, não pode merecer a salvação. No entanto, Deus cuida do bem-estar temporal deste mundo e espera que as obras do homem cuidem de suas criaturas. Enquanto somente Deus é responsável pela salvação somente pela graça através da fé somente não tira as responsabilidades do homem dentro do mundo.

Muitos teólogos e o protestantismo popular após Lutero confudiram essa distinção didática como se fossem processos distintos. Assim, atribuíam um caráter salvítico somente à justificação coram deo, temendo que a justiça coram mundo pudesse implicar obras meritórias. Assim, várias vertentes teológicas negligenciaram as consequências transformativas da justificação e as consequências das boas obras produzidas pelos justificados em Cristo: os que andam em novidade de vida em retidão por graça de Deus.

Stephen Chester demostrou como o Comentário de Gálatas de Lutero reúne justificação e participação por meio de uma estrutura orientada cristologicamente. A justificação não é apenas um status forense, mas também a criação da vida por Deus a partir da morte, pois o crente participa da vida de Deus em Cristo. Esse foco na participação na vida de Deus fornece uma congruência conceitual entre a doutrina da justificação de Lutero e a promessa da teose.

Várias vertentes evangélicas buscaram além dos aspectos forenses e dessa teologia popular. Abordagens weslayanas e algumas católicas enfatizam a união mística em Cristo. O pentecostalismo clássico sintetiza aspectos forenses com transformativos ao considerar a justificação como ato do Espírito Santo que vindica o crente e o capacita para obras de justiça. A hermenêutica da obediência da teologia anabatista lê os escritos paulinos (e o conceito de justificação) a partir dos evangelhos, principalmente do Sermão da Montanha. As perspectivas luteranas da nova escola finlandesa aproxima a teologia da cruz, o Christus Victor e conceitos de theosis com a doutrina de justificação.

O avanço das ciências bíblicas e o aumento da interação entre diversas tradições cristãs que compreendem a justificação com suas nuances demandou uma revisão teológica em setores do protestantismo de tradição anglo-saxônica. A chamada Nova Perspectiva sobre Paulo, por exemplo, é uma delas. Um dos seus expoentes, NT Wright, argumenta que a ‘justificação’ paulina está embasada em quatros conceitos. Há um tribunal da lei cósmica; um propósito progressivo de Deus (‘escatologia’); o fato da realização de Deus em Jesus Cristo e da participação humna nele; e, um propósito divino único, mediante Israel, para todo o mundo (‘aliança’).

Apesar dos diferentes ângulos, formulações e terminologias há um consenso teológico sobre a justificação. Como processo da graça, a justificação e a regeneração — ambas inseparáveis — estão envolvidas na ação de Deus em tornar as pessoas justas, derramando em seus corações amor por si mesmo e pelo próximo.

BIBLIOGRAFIA

Beilby, James K.; Eddy, Paul R. (eds.). Justification: Five Views. London: SPCK, London, 2012.

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Kärkkäinen, Veli‐Matti. “Salvation as Justification and Theosis: The Contribution of the New Finnish Luther Interpretation to Our Ecumenical Future 1.” Dialog 45.1 (2006): 74-82.

Macchia, Frank D. Justified in the Spirit: Creation, Redemption, and the Triune God. Eerdmans Publishing, 2010.

Mattes, Mark C. The Role of Justification in Contemporary Theology. Lutheran Quarterly Books. Grand Rapids: Eerdmans, 2004.

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Wright, N.T. Justification: God’s Plan and Paul’s Vision. London: SPCK, 2008.

Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação. 1999.

Cruxificação

A crucificação — em grego σταυρόω, stauroō, “colocar postes”; em latim cruci affigare, “amarrar a uma cruz”; em hebraico תלה, , “pendurar”; צלב,“pendurar”– era uma forma de tortura e execução no mundo antigo.

A cruxificação prendia uma pessoa em um poste de madeira ou árvore usando cordas ou pregos. Foi o método utilizado na execução de Jesus.

Jericó

Jericó era uma idade a oeste do rio Jordão e ao norte do Mar Morto. Uma das mais antigas ocupações urbanas da história, controlava um ponto de passagem da região do Jordão para as colinas centrais de Efraim e Judá. Chamada de “Cidades das Palmeiras” (Dt 34:3; Jz 1:16; 3:13).

Foi conquistada por Josué (Js 6) e visitada por Elias e Eliseu (2 Re 2).

Josué teria amaldiçoado as ruínas (vide Herem) contra quem a reconstruísse: “à custa de seu primogênito lançará os alicerces, e à custa de seu filho mais novo levantará as suas portas'” (Js 6:26). A maldição de Josué foi cumprida durante o reinado do rei Acabe. “Nos seus dias, Hiel de Betel edificou Jericó. Ele lançou os alicerces à custa de Abirão, seu primogênito, e ergueu as suas portas às custas de seu filho mais novo, Segube, de acordo com a palavra de o Senhor, o que ele falou por meio de Josué, filho de Num”. (1 Re 16:34).