Tofete

Tofete, localizado no Vale do Filho de Hinom, ao sul de Jerusalém, era um lugar infame na história de Judá, associado ao sacrifício de crianças. O nome “Tofete” deriva de uma paranomásia, um jogo de palavras que combina as consoantes da palavra aramaica para “lareira” com as vogais da palavra hebraica para “vergonha”.

Reis como Acaz e Manassés teriam oferecidos seus filhos como holocaustos a Baal em Tofete (2Cr 28:3; 33:6), uma prática condenada pelos profetas como uma abominação (Jr 7:31; 19:5). O rei Josias tentou acabar com essa prática, profanando o altar em Tofete (2Rs 23:10), mas foi retomada após sua morte.

Evidências arqueológicas em colônias fenícias, como Cartago, revelaram possíveis prática do sacrifício de crianças. Na região foram encontrados restos mortais de milhares de bebês dedicados a Baal e Tanit. Inscrições dedicatórias nesses locais usam o termo “moloch” (moloque) para descrever a oferenda, o mesmo termo usado na Bíblia para proibir o sacrifício infantil (Lv 18:21). Ainda é inconclusivo se seria sacrifícios ou mortalidade infantil por outras causas.

Em contraste com a visão do sacrifício infantil, uma corrente crescente de estudiosos questiona a narrativa de sacrifícios de crianças como prática regular e sancionada em Israel. Essa perspectiva se baseia na reinterpretação de termos bíblicos, na natureza polêmica dos textos, na falta de evidências arqueológicas conclusivas e na inconsistência com a teologia de Javé. Estudiosos como Moshe Weinfeld, Francesca Stavrakopoulou, John Day e Benjamin Beit-Hallahmi argumentam que as descrições de sacrifícios infantis podem ser metafóricas, hiperbólicas, exageradas para fins polêmicos ou representativas de desvios da norma religiosa, e não da prática normal.

Urim e Tumim

Urim e Tumim, expressão hebraica que pode ser traduzida como “luzes e perfeições”, referem-se a um método de consulta divinatória utilizado pelos antigos israelitas para discernir a vontade de Deus.

O Urim e Tumim estão associados ao peitoral do sumo sacerdote (Êx 28:30) e eram usados para obter respostas “sim” ou “não” a perguntas importantes. Algumas teorias sugerem que se tratavam de objetos sagrados, como pedras preciosas ou dados, usados em conjunto com a oração e a meditação para revelar a vontade divina.

A utilização do Urim e Tumim é mencionada em diversos contextos, como na escolha de um novo rei (1Sm 10:22) e na consulta sobre estratégias militares (Jz 1:1; 20:18). No entanto, a prática parece ter caído em desuso em períodos tardios do Antigo Testamento, possivelmente devido ao crescimento da profecia como.

Tábuas de Pedra

As Tábuas de Pedra, contendo os Dez Mandamentos, representam a aliança entre Deus e o povo de Israel, consolidando as bases da lei mosaica. Deus inscreveu as palavras dos mandamentos em duas tábuas de pedra e as entregou a Moisés no Monte Sinai (Êx 24:12; 31:18). Moisés, ao descer do monte e se deparar com a idolatria do povo adorando o bezerro de ouro, quebrou as tábuas em um gesto de ira e frustração (Êx 32:19). Posteriormente, Deus ordenou a Moisés que preparasse outras duas tábuas, nas quais Ele voltou a escrever os mandamentos (Êx 34:1). Essas novas tábuas foram guardadas na Arca da Aliança (Dt 10:5), tornando-se um símbolo sagrado da presença divina e da obrigação do povo em cumprir a lei.

Tebete

Tebete, o décimo mês do calendário religioso judaico e o quarto do calendário civil, corresponde ao período entre dezembro e janeiro. Após o exílio babilônico, o nome “Tebete” substituiu a antiga designação numérica “décimo mês”, como se observa em textos como Ester 2:16 e Zacarias 1:7. É um mês de inverno, frequentemente associado a frio e chuva, marcando um período de recolhimento e introspecção. Em Tebete, ocorreu o início do cerco de Jerusalém por Nabucodonosor, um evento que culminou na destruição do Templo e no exílio do povo judeu (2 Reis 25:1). O jejum de 10 de Tebete relembra esse momento trágico, convocando à reflexão sobre as consequências do pecado e da desobediência a Deus. Apesar da conotação histórica de sofrimento, Tebete também prenuncia a esperança da redenção, apontando para o futuro restabelecimento de Israel.