Crítica das fontes

A crítica das fontes é um método de exegese diacrônico que visa determinar as fontes e secundariamente, a autoria, a autenticidade e o contexto de composição dos textos bíblicos.

Na crítica das fontes os exegetam examinam pistas no texto (mudanças de estilo, vocabulário, repetições e similares) para determinar quais fontes possam ter sido usadas por um autor bíblico. Algumas fontes inter-bíblicas podem ser determinadas em virtude do fato de que a fonte ainda existe, por exemplo, os livros de Crônicas citam ou recontam os relatos dos livros de Samuel e Reis.

A crítica das fontes é importante para compreender a tansmissão do texto bíblico, principalmente na manuscritologia e nas traduções.

Por vezes, esse método é referido como sinônimo de hipótese documentária, problema sinóptico, método histórico-crítico (do qual é um dos métodos que integra essa abordagem) ou Alta Crítica (conceito hoje obsoleto).

A crítica das fontes procura saber de onde veio e como um texto foi transmitido. Sua origem remonta da filologia alexandrina e foi aplicada na Antiguidade Tardia por exegetas como Jerônimo e Teodoro de Mopsuéstia. No Renascimento, Lourenço Valla aplicou esse método ao Novo Testamento e deixou suas anotações que, mais tarde, Erasmo utilizou para sua edição grega do Textus Receptus.

Fonte Q

A fonte de Q (do alemão Quelle, fonte) seria uma hipotética fonte comum – oral ou escrita – que os autores dos evangelhos de Mateus e Lucas teriam usados independentemente de Marcos.

A teoria das duas fontes é dada como a solução primária para o problema sinótico na maioria dos livros introdutórios ao tema.

O material compartilhado por Mateus e Lucas, mas não encontrado em Marcos, consiste quase inteiramente em ditos de Jesus.

Alguns eruditos supõem que Mateus seja seu autor. No século II d.C., Papias disse que Mateus teria escrito os Oráculos ou Logia de Jesus. Contudo, outro autor do século II, Irineu, diz que Mateus teria compilado um evangelho em língua semítica, mais tarde traduzido para grego.

A fonte Q conteria as beatitudes, o grande mandamento, diversas parábolas (construção sobre a rocha, ovelha perdida, das bodas, talentos, fermentos, cegos guiando cegos, pássaros dos céus e lírios dos campos), vários ensinos e a oração do Pai Nosso.

As críticas a essa hipótese incluem a falta de evidência direta para a existência do documento Q. Nenhum manuscrito ou fragmento de Q jamais foi encontrado, e sua existência é inferida apenas com base nas semelhanças de conteúdo e linguagem entre Mateus e Lucas. Adicionalmente, as semelhanças entre Mateus e Lucas podem ser explicadas por outros fatores, como a tradição oral ou o uso de uma fonte escrita comum diferente de Q. Alguns eruditos argumentam que Q parece ter sido escrito depois dos Evangelhos de Mateus e Lucas, o que significaria que não poderia ter sido uma fonte para eles. Por fim, a composição do documento Q também é um ponto de discórdia. Não há consenso se o Q seria um documento coerente e completo ou uma coleção solta de ditos e histórias que foram compiladas ao longo do tempo.

BIBLIOGRAFIA

Kloppenborg, John S. Q, the earliest Gospel: an introduction to the original stories and sayings of Jesus. Westminster John Knox Press, 2008.