Opus Imperfectum in Matthaeum é um antigo comentário latino sobre o Evangelho de Mateus, que se acredita ter sido escrito no século V.
Apesar de incompleto, omitindo certas passagens de Mateus, teve importância durante a Idade Média. Existem três grandes lacunas, como na narrativa da Paixão e da Ressurreição, as quais provavelmente nunca tenham sido comentadas pelo autor. A última homilia sobre Mateus 25 parece concluir toda a obra.
Inicialmente atribuído erroneamente a João Crisóstomo, sua verdadeira autoria permanece incerta. Os candidatos potenciais incluem Timóteo, um presbítero ariano em Constantinopla, Maximinus, um bispo ariano e Anianus de Celeda, um diácono da Síria.
O autor escreveu em latim e usou a Vulgata, mas era proficiente em grego, com vários empréstimos nessa língua. O local de composição seria uma zona de contato de populações de língua latina e grega, possivelmente nos Bálcãs. Por mencionar em sua obra um imperador Teodósio, possivelmente escreveu antes ou durante o reinado de Teodósio II (408-450).
É um comentário com observações inteligentes, análise teológica afiada e uma rica fonte de pensamento crítico sobre os problemas fundamentais da teologia. Demonstra conhecimento jurídico, citando o jurista romano Ulpiano, acerca do casamento (Matrimonium non facit coitus, sed voluntas – ‘Não é a relação sexual, mas a vontade que faz o casamento’). Além das análises ao estilo jurídico, também emprega alegoria em sua exegese, especialmente para as parábolas.
O comentário sobre o Sermão da Montanha faz uma análise precisa da sua estrutura, põe em destaque o sentido moral, com base do ponto de vista literal.
O comentário exibe uma cristologia levemente ariana, com tendências subordinacionistas em três passagens. Sustentou que o Filho é inferior ao Pai. Se na parábola o Pai é o chefe de família e o Filho o mordomo, portanto ele é inferior ao Pai, do qual recebe autoridade. Por fim, comentando sobre Mt 23,32 diz que crença em três pessoas divinas da mesma essência seria paganismo em disfarce cristão. Depois que Erasmo apontou as tendências arianas, em 1537 foi publicada uma edição expurgada, visto que a própria variação manuscrita punha em dúvida a autenticidade de muitas passagens dessa teologia.
Teve um amplo alcance e cerca de 200 cópias sobrevivem. Foi dividida em 54 homílias e pregada nas igrejas. A obra foi estimada por Aquino, Abelardo, Boaventura, a Devotio Moderna, Meister Eckhart, Wycliffe e Jan Hus. A primeira edição impressa veio de Koelhoff, um impressor de Colônia, e data de 1487. Embora outrora altamente considerado, a obra perdeu destaque após a crítica de Erasmo, que revelou a impossibilidade de João Crisóstomo tê-la escrito.
