Hipótese Seirita

A hipótese Seirita é uma teoria em estudos bíblicos que postula a existência de uma fonte edomita/seirita na Bíblia Hebraica, bem como influência edomita na formação do monoteísmo israelita.

A proximidade geográfica e étnica entre os edomitas e israelitas é bem atestada. A suposta sabedoria dos edomitas é mencionada em várias passagens bíblicas, como Jeremias 49:7; 1 Samuel 24:13-15. Obadias 7-8. Alguns estudiosos sugeriram que Jó, os Salmos 88 e 89, Provérbios 30 e 31 e o material egípcio contido nos Salmos 104 e Provérbios 22:17-24 possam ter origem edomita. Gênesis 2 e partes dos capítulos 14–35, 36 e 38 teriam origens em Edom.

A ausência de menção a cultos a outros deuses, bem como a escassa evidência arqueológica a este respeito em território edomita, suportam a ideia que os seiritas seguiam uma forma de monoteísmo.

A partir disso, esta teoria foi inicialmente proposta por Robert H. Pfeiffer. Nos anos 1930, Pfeiffer sugeriu vários elementos em Gênesis indicavam uma fonte Seirita ou S, conforme o paradigma da Hipótese Documental. Notou também que teologia do Livro de Jó, aparentemente edomita, foi combinada em Segundo Isaías com a tradição israelita de um Deus da história na teologia. Notou que teologia da literatura Edomita rejeita recompensas divinas (cf. Sl 14), além de haver um certo pessimismo e resignação (cf. Eclesiastes).

Uma nova forma dessa hipótese é proposta por Nissim Amzallag. Nesse modelo, a teologia seirita foi elaborada e promovida por refugiados edomitas que se juntaram à comunidade pós-exílica e foram contados como levitas nas reformas de Neemias.

Embora a hipótese Seirita teve pouca aceitação em estudos bíblicos, fornece uma perspectiva sobre as possíveis influências na religião do Antigo Israel e na Bíblia hebraica.

VEJA TAMBÉM

Hipótese Midianita

BIBLIOGRAFIA

Amzallag, Nissim. Esau in Jerusalem – The Rise of a Seirite Religious Elite in Zion at the Persian Period.Leuven: Peeters, 2015.

Amzallag, Nissim. “Edomite Defectors among the Israelites: Evidence from Psalm 124.” Old Testament Essays 34.1 (2021): 27-49.

Morgenstern, Julian. The Oldest Document of the Hexateuch. Hebrew Union College, 1927.

Pfeiffer, Robert H. “A Non-Israelitic Source of the Book of Genesis.” Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft 48.Jahresband (1930): 66-73. https://doi.org/10.1515/zatw.1930.48.1.66

Cinco Megillot

Os Cinco Pergaminhos, também conhecidos como Megillot, são uma coleção de cinco livros da Bíblia hebraica que são tradicionalmente lidos durante os festivais judaicos ao longo do ano. Esses pergaminhos, com suas respectivas ocasiões tradicionais de leitura, incluem o Cântico dos Cânticos (Sábado da Páscoa), Rute (Festa das Semanas), Lamentações (Nove de Av), Eclesiastes (Sucote) e Ester (Purim). Embora cada um desses pergaminhos tenha seus próprios temas e mensagens exclusivos, todos eles têm conexões importantes com temas e experiências femininas.

O Cântico dos Cânticos, por exemplo, é um poema de amor que celebra as alegrias e prazeres do amor romântico. É único na Bíblia por suas descrições francas e sensuais de amor e desejo físico, e por retratar uma amante que ativamente busca sua contraparte masculina. O poema desafia os papéis subordinacionistas de gênero e celebra a agência e o desejo das mulheres. Na história da recepção, seu sentido sexual foi diminuído e passou-se a ser lido como uma alegoria das bodas com Israel ou com a Igreja.

O livro de Rute conta a história de uma mulher moabita que migra para Judá e se torna ancestral do rei Davi. A narrativa celebra a lealdade, coragem e desenvoltura das mulheres. Opõe-se a um exclusivismo de etnia e nacionalidade. A fidelidade de Rute para com sua sogra, Noemi, e sua determinação de prover o sustento de ambos por meio de trabalho árduo e perseverança são exemplos de força e resiliência femininas.

O livro de Lamentações fala sobre as experiências dos que sofreram perda e luto. A queda de Jerusalém e do Reino de Judá é referida como filha de Sião (Lm 2:11-15). Os poemas expressam a dor e a angústia de um povo que perdeu suas casas, suas famílias e seu senso de identidade. O conjunto de poemas expressam o luto e a lamentação daqueles que sofreram violência, opressão e injustiça.

O Livro de Eclesiastes discorre sobre o significado e o propósito da vida. Questiona o senso-comum vigente acerca de poder e sucesso na época associada como anseios masculinos. Ao contrário, incentiva a encontrar alegria e contentamento em prazeres e relacionamentos simples, em vez de riqueza material ou status social.

Por fim, o livro de Ester conta a história de uma judia que se torna rainha da Pérsia e usa sua posição para salvar seu povo de uma trama genocida. A bravura, inteligência e desenvoltura de Esther são celebradas como liderança e heroísmo.