Na teologia dogmática católica romana há um gradiente de certeza doutrinal. A prática de avaliar ensinamentos doutrinários dentro da Igreja Católica implica uma hierarquia de verdades teológicas. Essa hierarquia, enraizada na tradição escolástica, avalia cada doutrina, determinando sua proximidade com a regula fidei remota (Escritura e Tradição) ou proxima (ensino eclesiástico). O Concílio Vaticano II afirmou uma hierarquia de verdades, reconhecendo suas diversas conexões com o fundamento da fé cristã.
Graus de Certezas Dogmáticas
- De fide: maior grau dogmático. Compreendem duas categorias.
- De fide divina et catholica definita (ou simplesmente de fide definita): Maior certeza com base em um julgamento solene infalível (Definição) pelo papa ou por um concílio geral.
- De fide divina et catholica (ou de fide divina): Verdades reveladas por Deus e ensinadas definitivamente pela Igreja.
- Fides ecclesiastica: o que a Igreja ensina infalivelmente verdades derivadas da revelação divina, incluindo conclusões teológicas, fatos dogmáticos e verdades filosóficas.
- Sententia fidei proxima: afirmação provavelmente revelada e ensinada pela Igreja, embora não de forma definitiva ou infalível.
- Doctrina catholica: Verdades ensinadas pelo magistério ordinário da Igreja.
- Theologice certa (ou Sententia ad fidem pertinens, Sententia certa): Verdade internamente ligada à revelação, mas não aceita com autoridade divina.
- Sententia communis: Verdade unanimemente ensinada por teólogos com pelo menos aprovação implícita da Igreja, permitindo discussão teológica.
- Sententia probabilis: Opinião baseada em boas razões, sujeita a discussão livre entre teólogos; subdividida em Sententia probabilior e Sententia bene fundata.
- Sententia pia: Opinião piedosa, mas menos certa do ponto de vista doutrinal.
- Sententia tolerata: Tolerada pela Igreja, mas não recomendada como opinião doutrinal.
Relevância e Interpretação
A teologia católica reconhece a natureza evolutiva da linguagem e do entendimento humano na interpretação de declarações dogmáticas. Também reconhece que as verdades doutrinais podem ser inicialmente expressas de forma incompleta, mas podem ser posteriormente esclarecidas e expandidas. A Igreja visa afirmar e iluminar o que já está contido na Escritura e na tradição, ao mesmo tempo que aborda questões específicas e corrige erros. A interpretação exige considerar o contexto da linguagem, o desenvolvimento do pensamento e a compreensão em evolução de verdades atemporais.
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