Ário (c. 250-336) foi um presbítero de Alexandria que negou a divindade de Jesus Cristo, argumentando que era um ser criado. Seus ensinamentos levaram à controvérsia ariana e ao desenvolvimento do Credo Niceno, bem como um cisma com a Igreja Ariana.
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Alogoi
Os alogoi é a designação dada ao grupo de cristãos nos meados do século II que rejeitavam os escritos joaninos e, consequentemente o Logos (o Verbo identificado com Cristo) e as atividades atuais do Paráclito (o Consolador).
O termo, também alogianos ou alogos, foi cunhado como um trocadilho por Epifânio de Salamina em seu catálogo de heresias. O trocadilho é pelo duplo sentido de “sem razão” (a-logos) e “rejeição do Logos”.
Esta heresia foi umas das mais antigas a negar a continuidade dos dons espirituais na Igreja. Tal posição supostamente teria surgido em reação aos montanistas. Um certo Gaio, prebítero em Roma entre c.170 e c.200 d.C. teria propagado similar ideias por lá.
Docetismo
Teoria de que Cristo não era plenamente humano, mas somente aparentava ser.
O docetismo (do grego koiné: δοκεῖν/δόκησις, dokeīn “parecer” ou dókēsis “aparição, fantasma”) foi uma heresia cristã primitiva que surgiu entre os séculos I e II d.C. O termo refere-se à crença de que Jesus Cristo apenas parecia ser humano, mas que, na realidade, era puramente divino e não possuía um corpo físico verdadeiro. Esta visão era fundamentada na ideia de que a matéria é inerentemente maligna ou corrupta, sendo incompatível com a santidade de Deus.
O termo Dokētaí (“ilusionistas”) apareceu pela primeira vez em uma carta do bispo Serapião de Antioquia (197-203 d.C.). Ele identificou a doutrina em uma comunidade cristã em Rhosus que utilizava o Evangelho de Pedro. Serapião condenou o texto como uma falsificação herética. O docetismo também era associado a debates teológicos sobre a interpretação literal ou figurativa da declaração do Evangelho de João: “o Verbo se fez carne” (João 1:14).
O docetismo negava a realidade da humanidade de Cristo e, consequentemente, minava vários aspectos fundamentais da fé cristã:
- Negação da humanidade de Cristo: Para os docetistas, Jesus não tinha um corpo físico real. Seu corpo era considerado uma ilusão ou aparição espiritual. Isso derivava da crença de que Deus, sendo absolutamente bom, não poderia assumir uma forma material, vista como corrupta.
- Desafios à doutrina da expiação: Ao negar que Jesus possuía um corpo físico, o docetismo colocava em questão a realidade da reconciliação. Sem um corpo real, a humanidade não possui acesso à divindade.
- Contradição à ressurreição: Segundo os docetistas, a ressurreição também seria uma ilusão, uma vez que não haveria um corpo físico a ser ressuscitado. Isso contradizia os relatos bíblicos e enfraquecia a esperança cristã na ressurreição corporal.
O docetismo representou um desafio significativo ao cristianismo primitivo, pois atacava a base da doutrina da Encarnação e da mensagem do evangelho. Os Pais da Igreja responderam vigorosamente a essa heresia, reafirmando a verdadeira humanidade de Cristo:
- Inácio de Antioquia: Defendeu que Jesus nasceu, comeu e sofreu de forma verdadeira, e que negar esses fatos era negar a fé cristã.
- Irineu de Lyon: Destacou a importância do corpo físico de Cristo para a salvação, afirmando que “a carne de nosso Salvador nos salvou”.
- Tertuliano: Apontou os relatos bíblicos da vida de Jesus, incluindo Seu nascimento, batismo e crucificação, como evidências de Sua verdadeira humanidade.
Os Concílios também condenaram o docetismo, reafirmando a doutrina ortodoxa da Encarnação e a união hipostática das naturezas divina e humana de Cristo.
