Método de Correlação

O método de correlação, desenvolvido pelo teólogo Paul Tillich, é uma metodologia de produzir análises e raciocínios teológicos. Em suma, esse método busca explicar os conteúdos da fé cristã explorando a interdependência entre perguntas existenciais e respostas teológicas.

A abordagem de Tillich foi fundamentada na necessidade de um método teológico que permanecesse fiel à essência da mensagem cristã enquanto dialogava com expressões contemporâneas e questionamentos existenciais. Esse método, frequentemente considerado uma marca da teologia sistemática de Tillich, visava estabelecer uma ponte entre a fé cristã atemporal e as preocupações sempre presentes da humanidade.

As pressuposições de Tillich o levaram a propor o método de correlação, que determinou toda a estrutura e forma de sua abordagem teológica. A importância dessa abordagem reside em sua rejeição consciente de três alternativas inadequadas, conforme percebidas por Tillich.

A primeira alternativa, denominada “supranaturalista” ou “sobrenaturalista” seria sinônimo de uma teologia do alto e é comumente seguida por muitos teólogos protestantes. Segundo Tillich, essa abordagem é inadequada porque negligencia as perguntas e preocupações prementes dos seres humanos, a “situação” em que se encontram. A perspectiva supranaturalista espera que a Palavra de Deus crie a possibilidade de compreender e aceitar sua verdade sem considerar suficientemente o contexto existencial dos destinatários.

Para Tillich, a inadequação dessa abordagem reside em seu desrespeito pelas perguntas que os seres humanos realmente fazem. Enfatiza que “o homem não pode receber respostas para perguntas que ele nunca fez”. Essa rejeição da postura supranaturalista desafia tanto o fundamentalismo quanto a neo-ortodoxia de Barth. O argumento de Tillich sustenta que as perguntas certas, cruciais para compreender e aceitar a mensagem cristã, estão inherentemente presentes na experiência humana.

O teólogo também rejeita métodos humanistas ou naturalistas, fundados na confiança da razão. Ademais, rejeita os métodos dualistas ou dialéticos, como o tomismo.

Tillich ilustra o método de correlação usando o exemplo de “Deus”. Deus, neste contexto, representa a resposta à questão implícita na finitude humana. Dentro da teologia sistemática, Deus é retratado como o poder infinito do ser resistindo à ameaça do não-ser, correlacionando-se com os desafios existenciais inerentes à existência humana.

A teologia sistemática, seguindo este método, analisa a natureza da razão humana sob condições existenciais, revelando uma busca pela revelação. A revelação divina é então interpretada como a resposta às questões levantadas pela razão. Este padrão continua por toda a teologia, onde cada resposta deriva sua forma da pergunta e seu conteúdo da revelação. O método de correlação de Tillich permanece, portanto, uma contribuição profunda e duradoura para a teologia, unindo a mensagem cristã atemporal às preocupações existenciais contemporâneas da humanidade.

Portanto, o método de correlação serve como uma ponte entre as verdades eternas do cristianismo e a realidade vivida pelos indivíduos. A ênfase de Tillich em se envolver com perguntas existenciais reflete um compromisso com uma teologia que não está desconectada das preocupações da humanidade. Ao rejeitar alternativas inadequadas, buscou desenvolver um método que ressoasse com a profundidade da experiência humana, mantendo-se fiel aos princípios fundamentais da fé cristã.

Crítica das ciências sociais

A crítica das ciências sociais (Social-scientific criticism), por vezes chamada indiscriminadamente de crítica sociológica ou crítica antropológica, examina a Bíblia com métodos, informações e teorias das ciências sociais.

O foco da crítica das ciências sociais varia. Pode ser “por trás do texto”, ou seja, as circunstâncias e o contexto da composição do texto bíblico. A análise da sociedade agrária dos tempos bíblicos é um exemplo. O foco pode ser ” no texto”, ou seja, como as relações sociais e aspectos culturais são representados no texto bíblico. Estudos de pureza e poluição conforme ensinado em Levítico são ilustrativos dessa abordagem. Por fim, é possível concentra-se “diante do texto”, ou seja, os processos interpretativos e as implicações da leitura da Bíblia.

BIBLIOGRAFIA

Davis, E. F. (2009). Scripture, culture and agriculture: An agrarian reading of the Bible. New York: Cambridge University Press 

Douglas, Mary. Purity and danger: An analysis of concepts of pollution and taboo. Routledge, 2003.

Harding, Susan. The Book of Jerry Falwell: Fundamentalist Language and Politics. Princeton: Princeton University Press, 2000.