Jacinto

Jacinto (ὑάκινθος, hyákinthos, em grego) é uma palavra no livro do Apocalipse, com um significado que difere do uso moderno do termo para a flor homônima. Não há um termo hebraico correspondente direto nas passagens relevantes do Antigo Testamento, pois a menção ocorre em um contexto grego do Novo Testamento.

Em Apocalipse 9:17, durante a visão da sexta trombeta, João descreve cavalos e cavaleiros com couraças de “fogo, de jacinto e de enxofre”. Aqui, ὑάκινθος (hyákinthos) não se refere à flor, mas a uma pedra preciosa ou a uma cor. A interpretação mais provável é que se refira a uma pedra de cor azul-escura ou violácea, possivelmente safira, lápis-lazúli ou uma variedade de zircão. A descrição tricolor (fogo, jacinto e enxofre) sugere cores intensas e ameaçadoras associadas ao juízo.

Em Apocalipse 21:20, o jacinto (ὑάκινθος, hyákinthos) é listado como a décima primeira pedra fundamental da Nova Jerusalém. Novamente, a referência é a uma pedra preciosa, não à flor. A escolha de pedras preciosas para descrever os fundamentos da cidade celestial simboliza beleza, raridade, valor e a glória de Deus.

A identificação exata do hyákinthos bíblico é incerta. Na antiguidade, os termos para pedras preciosas eram menos precisos do que na mineralogia moderna, e a mesma palavra podia se referir a diferentes pedras com cores semelhantes. O termo grego hyákinthos, originalmente, pode ter se referido a uma flor (possivelmente a Hyacinthus orientalis ou alguma outra flor azul-escura), e, por extensão, à cor dessa flor. Posteriormente, o termo passou a ser aplicado a pedras preciosas com tonalidade similar.

Cal

Calcário, é uma rocha sedimentar composta principalmente de carbonato de cálcio (CaCO3), geralmente na forma de calcita ou aragonita. Embora o calcário seja abundante na Palestina e em outras regiões mencionadas na Bíblia, não existe um termo hebraico ou grego único e específico que corresponda diretamente ao termo geológico moderno calcário.

As palavras hebraicas e gregas traduzidas como “pedra” nas Escrituras (por exemplo, אֶבֶן, ‘even, em hebraico; λίθος, líthos, em grego) são termos genéricos que podem se referir a diversos tipos de rocha, incluindo o calcário, mas não o distinguem especificamente de outras rochas, como arenito, basalto, etc. A Bíblia menciona o uso de pedras para construção de casas, muros, altares e outros edifícios (Levítico 14:40-42; 1 Reis 5:17; Mateus 24:2), mas não especifica o tipo de rocha utilizada.

A cal (CaO), obtida pela queima do calcário, é mencionada em alguns textos. Em Isaías 27:9, a destruição dos altares idólatras é comparada à transformação de pedras em cal (כְּאַבְנֵי־גִר, ke’avnei-gir, “como pedras de cal”). Amós 2:1 descreve a profanação de um túmulo, onde os ossos de um rei foram queimados até virarem cal. A palavra hebraica usada aqui é שִׂיד (sid), que é traduzida como “cal”. No Novo Testamento, não há referência explícita nem à cal nem ao calcário.

Enxofre

Enxofre é um termo para traduzir algumas palavras na Bíblia, גָּפְרִית, gofrit, em hebraico; θεῖον, theîon, em grego; e está fortemente associada ao fogo e ao juízo divino.

No Antigo Testamento, gofrit aparece em contextos de destruição e punição. A menção mais famosa está em Gênesis 19:24-25, onde Deus faz chover fogo e enxofre (gofrit) sobre Sodoma e Gomorra, destruindo as cidades e seus habitantes devido à sua iniquidade. Deuteronômio 29:23 descreve a terra de Israel, caso o povo se desvie da aliança com Deus, como se tornando um deserto de enxofre (gofrit) e sal. Jó 18:15 usa o enxofre (gofrit) como imagem da desolação da habitação do ímpio. Salmos 11:6 descreve Deus fazendo chover “fogo e enxofre (gofrit)” sobre os ímpios. Ezequiel 38:22 profetiza o juízo de Deus sobre Gogue, incluindo “chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre (gofrit)”.

A Septuaginta traduz gofrit como θεῖον (theîon), que também significa “enxofre”, mas tem uma conotação adicional de “divino” ou “relacionado aos deuses”, possivelmente reforçando a ideia do enxofre como instrumento do juízo divino.

No Novo Testamento, θεῖον (theîon) aparece principalmente no livro de Apocalipse, em contextos semelhantes de juízo e destruição. Apocalipse 9:17-18 descreve cavalos com couraças de fogo, jacinto e enxofre (theîon), e de suas bocas saem fogo, fumaça e enxofre (theîon). Apocalipse 14:10 fala dos ímpios bebendo o vinho da ira de Deus e sendo atormentados com fogo e enxofre (theîon). Apocalipse 19:20; 20:10; 21:8 descrevem o lago de fogo e enxofre (theîon) como o destino final da besta, do falso profeta e dos ímpios.

Argila

Argila (חֹמֶר, ḥōmer, em hebraico; πηλός, pēlos, em grego) é um material terroso abundantemente mencionado na Bíblia, tanto em sentido literal quanto metafórico.

No Antigo Testamento, ḥōmer refere-se à argila em si, ao barro, e também ao material usado para fazer tijolos (Êxodo 1:14; 5:7-19) e cerâmica (Isaías 29:16; 45:9; Jeremias 18:1-6). A criação do homem a partir do “pó da terra” (עָפָר מִן־הָאֲדָמָה, ‘afar min-ha’adamah) em Gênesis 2:7, embora não use explicitamente a palavra ḥōmer, sugere a ideia da argila como material primordial moldado por Deus. A fragilidade e a maleabilidade da argila são frequentemente usadas como metáforas da condição humana em relação a Deus, o oleiro (Jó 4:19; 10:9; 33:6; Isaías 64:8). Em Jeremias 18, a visita do profeta a uma olaria ilustra o poder soberano de Deus sobre Israel, comparado ao oleiro que molda e remolda a argila (ḥōmer) conforme sua vontade.

No Novo Testamento, πηλός (pēlos) aparece em contextos similares. Em João 9:6-15, Jesus cura um cego de nascença fazendo lodo (pēlos) com saliva e terra, aplicando-o aos olhos do homem. Romanos 9:20-21 usa a analogia do oleiro e da argila (pēlos) para falar da soberania de Deus na escolha e no destino dos seres humanos.

Alabastro

Alabastro (ἀλάβαστρον, alabastron, em grego) é um termo que, na Bíblia, se refere a um tipo de pedra, geralmente um carbonato de cálcio (alabastro calcítico ou “ônix egípcio”), embora o termo moderno também possa se referir a um sulfato de cálcio (alabastro gipsita). O alabastro bíblico é mais associado a vasos ou frascos, sem alças, usados para armazenar perfumes e óleos preciosos.

A menção mais famosa do alabastro na Bíblia encontra-se nos Evangelhos Sinópticos (Mateus 26:7; Marcos 14:3; Lucas 7:37) e em João 12:3. Uma mulher, identificada em João como Maria, irmã de Lázaro, unge Jesus com um perfume caríssimo (nardo puro) contido em um vaso de alabastro (alabastron). O ato de quebrar o vaso para derramar o perfume simboliza um gesto de devoção extrema e sacrifício. O termo grego ἀλάβαστρον (alabastron) refere-se mais especificamente ao recipiente do que ao material em si, mas, por associação, passou a designar a pedra comumente usada para fabricá-lo.

Não há um termo hebraico específico no Antigo Testamento que corresponda diretamente ao alabastro. As referências bíblicas ao alabastro estão concentradas no Novo Testamento, e estão intrinsecamente ligadas ao episódio da unção de Jesus, simbolizando um ato de adoração, generosidade e preparação para seu sepultamento. O material, valorizado por sua beleza e capacidade de preservar óleos perfumados, reforça a ideia de preciosidade e sacrifício presentes no gesto da mulher.