Charlotte Elizabeth

Charlotte Elizabeth Tonna (1790–1846) foi uma escritora e romancista inglesa da era vitoriana, destacada por suas contribuições a diversas causas sociais e literárias de sua época. Sob o pseudônimo Charlotte Elizabeth, tornou-se uma voz ativa na defesa do protestantismo, dos direitos das mulheres, da proteção dos animais e da reforma social.

Nascida em Norwich, Inglaterra, era filha do reverendo Michael Browne, um ministro anglicano, e foi criada em um ambiente familiar tory, monarquista e ligado à Igreja da Inglaterra. Enfrentou desafios de saúde desde cedo, incluindo cegueira temporária aos seis anos e perda auditiva permanente aos dez, em decorrência de medicação. Essas experiências moldaram sua visão de mundo e influenciaram sua atuação em prol dos direitos de grupos marginalizados.

Tonna iniciou sua carreira literária enquanto vivia na Irlanda com seu primeiro marido, o capitão George Phelan. O casamento foi marcado por dificuldades devido ao alcoolismo e à violência do marido, levando à separação em 1824. Para proteger seus rendimentos dele, adotou o pseudônimo “Charlotte Elizabeth.” Sua produção literária incluiu romances, histórias infantis e tratados religiosos. Entre suas obras mais conhecidas estão The Wrongs of Woman, que denunciou as condições de vida e trabalho das operárias em Londres e contribuiu para o apoio às Leis das Fábricas, Helen Fleetwood, um romance que aborda temas de direitos das mulheres e justiça social, e Personal Recollections, um relato autobiográfico que se destacou por suas descrições vívidas e intensidade emocional.

Charlotte Elizabeth foi uma defensora ativa dos direitos das mulheres e da justiça social, envolvendo-se em atividades como a fundação de uma escola dominical e o trabalho junto a comunidades empobrecidas. Seus escritos frequentemente tratavam da situação dos trabalhadores fabris, especialmente mulheres e crianças, durante a Revolução Industrial. Demonstrava ainda simpatia pelos judeus, sustentando a ideia de que poderiam manter seus rituais tradicionais ao aceitar Jesus Cristo como o Messias. Sua última obra importante de ficção, Judah’s Lion (1843), reflete suas convicções religiosas.

Após a morte de seu primeiro marido em 1837, Tonna casou-se com Lewis Hippolytus Joseph Tonna em 1841, em um casamento descrito como mais harmonioso. Continuou a escrever até que sua saúde foi debilitada pelo câncer, que resultou em sua morte. Suas contribuições à literatura e à reforma social influenciaram a opinião pública sobre os direitos das mulheres e as condições de trabalho na era vitoriana. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas, evidenciando sua popularidade na Europa. Embora tenha caído em relativa obscuridade após sua morte, avaliações contemporâneas a reconhecem como uma figura influente que utilizou seu talento literário para promover justiça e compaixão na sociedade.

Amy Wilson Carmichael

Amy Wilson Carmichael (1867-1951) foi uma missionária cristã protestante amplamente reconhecida por seu serviço na Índia, onde dedicou 55 anos de sua vida sem retornar ao lar. Nascida em Millisle, Irlanda do Norte, em uma família presbiteriana, Carmichael sentiu desde cedo o chamado para o trabalho missionário.

Seu ministério concentrou-se principalmente em Dohnavur, no sul da Índia, onde desempenhou um papel crucial no resgate de crianças, especialmente meninas, de práticas exploratórias. Em resposta a essa necessidade, fundou a Dohnavur Fellowship, uma organização que permanece ativa até hoje, dando continuidade ao legado de cuidado e proteção iniciado por ela.

Além de seu trabalho no campo missionário, Carmichael foi uma autora prolífica, escrevendo numerosos livros e artigos

Leanore Barnes

Mary Leanore O. Barnes (1854–1939), conhecida como “Mother Barnes,” foi uma evangelista pentecostal no Meio-Oeste dos Estados Unidos. Sua trajetória é marcada pela atuação em reuniões de avivamento e no ensino de doutrinas pentecostais.

Em 1909, participou de uma reunião de avivamento em Thayer, Missouri, que se estendeu por seis semanas. Apesar de ameaças de violência contra os evangelistas, o evento resultou em mais de cem conversões e cerca de cinquenta pessoas batizadas no Espírito. Este evento consolidou sua reputação como líder evangelística.

No mesmo ano, Barnes iniciou uma colaboração com Mary Moise, uma trabalhadora social pentecostal em St. Louis, Missouri. Essa parceria marcou um período de atuação conjunta em projetos evangelísticos e sociais na região.

Barnes foi uma das membros fundadoras das Assembleias de Deus em 1914, mas, posteriormente, associou-se ao movimento unicista. Seu trabalho incluiu o ensino na escola bíblica unicista em Eureka Springs, Arkansas, e sua participação ativa em uma igreja em St. Louis, Missouri.

Marva Dawn

Marva J. Dawn (1948–2021) foi uma musicista e teóloga.

Marva J. Dawn nasceu em Napoleon, Ohio, em uma família engajada na música e na sua fé cristã. Ela obteve formação acadêmica diversificada, com diplomas em música, teologia e filosofia por instituições como Concordia University Chicago, University of Idaho e University of Notre Dame.

Dawn foi professora e teóloga em diversas instituições, incluindo o Pacific Lutheran Theological Seminary e o Regent College, no Canadá. Também esteve associada à organização cristã Christians Equipped for Ministry, ensinando e orientando cristãos ao redor do mundo.

Seus escritos e palestras destacaram-se por um pensamento crítico e renovador. No livro Reaching Out Without Dumbing Down (1995), ela questionou tendências contemporâneas no culto evangélico, propondo um retorno a práticas litúrgicas mais profundas e historicamente enraizadas. Dawn valorizava a liturgia, os sacramentos e as tradições da igreja como instrumentos para a formação espiritual e compreensão mais rica da fé cristã.

Dawn também enfatizou a importância do descanso sabático e das disciplinas espirituais como formas essenciais de alinhar a vida aos ritmos e à presença de Deus. Em seus escritos, abordou a integração da fé com todos os aspectos da vida, explorando arte, música, cultura e justiça social.

Seu trabalho foi marcado por uma teologia que encorajava um culto autêntico e centrado em Deus, o crescimento contínuo em semelhança a Cristo, e uma fé vivida integralmente no corpo, mente e espírito. Dawn acreditava no valor do apoio e do amor no contexto de uma comunidade cristã ativa e comprometida.

Anna Trapnell

Anna Trapnell (ativa c.1650) foi um profetisa puritana popular e ativista do movimento Quinto-Monarquista na Inglaterra do século XVII. Tinha uma pregação apaixonada, transes dramáticos e desafios às estruturas religiosas e políticas de seu tempo.

Nasceu em Stepney, Londres, por volta de 1620, filha de um construtor de navios. Sua infância em um ambiente marcado por desigualdades sociais pode ter influenciado seu engajamento posterior. Cresceu durante as Guerras Civis Inglesas e o Interregno, período de intensas transformações religiosas e políticas que moldaram sua visão de mundo.

Tornou-se uma pregadora itinerante, atraindo multidões com seus sermões e profecias, que muitas vezes criticavam o governo de Oliver Cromwell e a igreja estabelecida. Suas mensagens enfatizavam justiça religiosa e social, incluindo papéis ampliados para as mulheres na vida religiosa. Trapnell era conhecida por seus transes, nos quais afirmava receber revelações divinas, o que reforçava sua reputação como profetisa e gerava tanto admiração quanto controvérsia.

Sua postura crítica levou a perseguições, incluindo prisões e exílio. Em 1654, foi banida para as Ilhas Scilly. Durante o encarceramento, escreveu Anna Trapnel’s Report and Plea, defendendo suas ações e crenças, e A Legacy for Saints, onde narrou sua jornada espiritual e ofereceu orientação a seus seguidores. Esses escritos são fontes valiosas para compreender suas motivações e os desafios que enfrentou.

Trapnell representa o radicalismo religioso do século XVII, desafiando hierarquias tradicionais e defendendo maior igualdade espiritual e social. Em um contexto dominado por homens, reivindicou o direito de pregar e profetizar, abrindo espaço para a participação de outras mulheres na liderança religiosa. Seus textos oferecem perspectivas únicas sobre o panorama religioso e político de sua época e sobre as experiências de mulheres e dissidentes.