John Durie

John Durie (1596-1680) foi um pastor, diplomata, pioneiro no ecumenismo e escritor puritano.

Nascido em uma família presbiteriana em Edimburgo, foi ministro para congregações migrantes de língua inglesa na Alemanha.

Vendo o mal do faccionalismo político e religioso durante a Guerra dos Trinta Anos, viajou pela Europa tentando convencer os governantes e prelados protestantes a buscar a paz e a união. Fundamentava doutrinariamente sua proposta em um mínimo teológico comum que consistia no Credo Apostólico, os Dez Mandamentos e a Oração do Senhor.

No final da vida, expandiu sua proposta de união para incluir os católicos. Foi instrumental em influenciar Cromwell a autorizar a readmissão dos judeus na Inglaterra. Seria um dos pioneiros no movimento ecumênico.

‘O único fruto que colhi com todas as minhas labutas é que vejo a condição miserável do cristianismo e que não tenho outro consolo além do testemunho de minha consciência.’

Participou da Assembleia de Westminister entre 1643 e 1649. Expressava uma teologia irênica. Com suas simpatias pelos judeus, tentou criar um Colégio de Estudos Hebraicos. Foi um prolífico autor de variados panfletos. Colaborou com o polímata Samuel Hartlib, de cujo círculo fazia parte, e com Adam Boreel, um líder collegiante holandês com similares simpatias pela tolerância religiosa.

SAIBA MAIS

Gibson, John Westby. “Durie, John (1596-1680)”. Dictionary of National Biography, 1885-1900, Volume 16.

Van Der Wall, Ernestine GE. “‘Without Partialitie Towards All Men’: John Durie on the Dutch Hebraist Adam Boreel.” Jewish-Christian Relations in the Seventeenth Century. Springer, Dordrecht, 1988. 145-149.

John Dury

Obras de John Dury

Biography of John Dury – Puritan’s Mind

Sermão Israels call to march out of Babylon unto Jerusalem: opened in a sermon before the Honourable House of Commons assembled in Parliament

Puritanismo

Os termos ouritanismo ou os puritanos referem-se aos diversos movimentos que visavam avançar a reforma da Igreja da Inglaterra contra vestígios do catolicismo romano. Ganharam corpo entre exilados pela perseguição do reinado de Maria I (1553-1558). Marcaram seu declínio a “Grande Expulsão” (Great Ejection) na Inglaterra e o “Pacto Intermediário” (Half-Way Covenant) nas colônias Americanas, ambos em 1662. O Ato de Tolerância de 1689 seria o fim da era puritana e o início dos “dissenters” (dissidentes) na Inglaterra.

HISTÓRIA

O apogeu político dos puritanos ocorreu de 1649 a 1660 durante o Commonwealth. Os puritanos formaram a base do regime militar chefiado por Oliver Cromwell. Os puritanos aproveitaram a oportunidade para empregar o Parlamento a renovar uma aliança nacional com Deus. O Parlamento convocou um corpo de clérigos puritanos, a Assembleia de Westminster, para reformar o governo e a disciplina da Igreja da Inglaterra.

Após a morte de Cromwell em 1658, alguns puritanos apoiaram a restauração do rei Carlos II e uma política episcopal modificada. No entanto, o novo rei e o arcebispo William Laud reimplantaram o episcopado monárquico e o Livro de Oração Comum uniforme com maiores expressões litúrgicas que eram aceitáveis pelos puritanos. Iniciou-se para o puritanismo inglês a Grande Perseguição. A última tentativa frustrada de controlar a Igreja da Inglaterra foi durante a Revolução Gloriosa.

O Toleration Act de 1689 confirmou a organização corrente da Igreja Anglicana, mas tolerou grupos dissidentes. Isso levou virtualmente à extinção do movimento puritano, com a formação de denominações e congregações separatistas de regime presbiteriano ou congregacional nos países de língua inglesa.

Nas colônias americanas o puritanismo formou comunidades em alianças através de pactos político-religiosos, principalmente na Nova Inglaterra . Em 1648 as quatro colônias puritanas da Nova Inglaterra adotaram conjuntamente a Plataforma de Cambridge, estabelecendo uma forma congregacional de governo da igreja. Somente os “eleitos” (membros com bom testemunho na congregação local) podiam votar e governar. Quando isso levantou problemas para os residentes de segunda geração, eles adotaram um Pacto Intermediário (Half-Way Covenant), que permitia que pessoas batizadas, morais e ortodoxas compartilhassem os privilégios de membros da igreja, mesmo que não fossem totalmente aderentes ou ativamente participantes das congregações locais. Outras variações puritanas, mas pautadas pela tolerância de opiniões, ocorreram em Rhode Island pelo Seeker Roger Williams e na Pensilvânia pelo Quaker William Penn.

TEOLOGIA

Os puritanos defendiam diferentes doutrinas e políticas religiosas. Em comum, adotavam uma moralidade estrita que queriam implantar como padrão de vida para toda a Inglaterra. Seus esforços para transformar a nação contribuíram tanto para a guerra civil na Inglaterra como na fundação de colônias na América do Norte.

Os puritanos no geral criam que a coletividade devia estar em um relacionamento de aliança com Deus. Isso permitiria uma redenção da condição pecaminosa. Deus permitia o acesso à salvação por meio da pregação e que o Espírito Santo impulsionava a salvação.

Muitos puritanos decidiram formar congregações “separatistas” e repudiaram a igreja estatal inglesa.

Pela influência dos reformados holandeses, franceses e genebrinos, os puritanos abraçaram diversas vertentes teológicas da tradição Reformada. Havia calvinistas (supralapsarianistas e infralapsarianistas), amiraldianos (cameronianos e baxteristas), arminianos, seekers, anabatistas, quinto monarquistas, escavadores (diggers), niveladores (levellers), adamitas (que praticavam o nudismo ritual), batistas (tanto gerais quanto particulares), socinianos, Muggletonianos, Ranters e Quakers.

Outra característica comum era o anticatolicismo. Queriam purificar a Igreja da Iglaterra contra toda forma de “idolatria papista”. A própria identidade puritana começou com uma controvérsia sobre as vestimentas na década de 1560 e sobre a disputa acerca da forma governo para a Igreja da Inglaterra, tentando extirpar o episcopado monárquico e paramentos litúrgicos por remeterem ao catolicismo.

BIBLIOGRAFIA

Bremer, Francis J. The Puritan Experiment: New England Society from Bradford to Edwards. Rev. ed. Lebanon, NH: University Press of New England, 1995.

Bremer, Francis J. Puritanism: A Very Short Introduction. New York: Oxford University Press, 2009.

Bremer, Francis J., and Tom Webster, eds. Puritans and Puritanism in Europe and America: A Comprehensive Encyclopedia. Vol. 1. Santa Barbara, CA: ABC-CLIO, 2006.

Coffey, John, and Paul Chang-Ha Lim, eds. The Cambridge Companion to Puritanism. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2008.

Spurr, John. English Puritanism, 1603–1689. Basingstoke, UK: Macmillan, 1998.