Erasto

  1. Pessoa bíblica mencionada duas vezes no Novo Testamento.

Em Romanos 16:23, Erasto é identificado como o tesoureiro da cidade de Corinto, e em 2 Timóteo 4:20, ele é mencionado como estando em Corinto. Além dessas duas breves menções, nada mais se sabe sobre ele no registro bíblico.

Existem algumas evidências arqueológicas que apóiam a existência de um indivíduo chamado Erasto, que ocupava uma posição de autoridade em Corinto durante o tempo em que Paulo esteve ali. Em 1929, uma inscrição foi descoberta em Corinto que diz “Erasto em troca de seu cargo de edil colocou a calçada às suas próprias custas”. Essa inscrição sugere que um homem chamado Erasto ocupou o cargo de edil, cargo responsável pela manutenção de prédios e espaços públicos, e pagou pela pavimentação de uma rua da cidade. Alguns estudiosos acreditam que esta inscrição se refere ao mesmo Erasto mencionado no Novo Testamento, embora não haja como confirmar isso com certeza.

2.Thomas Erasto (1524 –1583) um teólogo e médico calvinista suíço, defensor da política que levou seu nome: o erastianismo.

O erastianismo sustenta que o estado tem autoridade final sobre a igreja em questões de governança e disciplina, e que a igreja deve estar subordinada ao estado.

Embora a ideia não seja nova e remeta às intervenções dos imperadores romanos na Igreja a partir do século IV, Erasto acreditava que a igreja e o estado deveriam estar unidos sob um único governo, com o estado tendo a palavra final em todos os assuntos, incluindo doutrina e prática religiosa. Essa visão foi contestada por muitos teólogos e líderes religiosos, que argumentaram que a igreja deveria ser independente do estado e que os assuntos religiosos deveriam ser decididos pelas autoridades da igreja, e não pelas autoridades civis.

O erastianismo foi a política oficial na Inglaterra durante o reinado do Rei Henrique VIII, como parte da Reforma Inglesa. A Igreja da Inglaterra tornou-se a igreja estabelecida, com o monarca como chefe da igreja. O monarca tinha o poder de nomear bispos e outros oficiais da igreja e regular os assuntos da igreja. Essa política continuou a ser mantida na Inglaterra mesmo após a Guerra Civil Inglesa e a Revolução Gloriosa, e também teve uma influência significativa no relacionamento entre igreja e estado em outros países.

Sarah Coakley

Sarah Coakley (nascida em 1951) é uma pastora anglicana, teóloga e filósofa da religião inglesa. 

Teve passagem por renomadas faculdades de teologia em Cambridge, Harvard, Princeton, dentre outras. Foi professora honorária no Logos Institute, da Universidade de St Andrews, depois de deixar o cargo de Professora Norris-Hulse de Divindade na Universidade de Cambridge. Teve cargo de professora visitante na Australian Catholic University.

 Em seu pensamento combina teologia analítica com anglo-catolicismo, feminismo cristão, tendo como interlocutores Gregório de Nissa, J. A. T. Robinson e Ernst Troeltsch. Discute temas interdisciplinares como direito, medicina e religião.

BIBIOGRAFIA

Coakley, Sarah, ed. Religion and the Body. Vol. 8. Cambridge University Press, 2000.

Coakley, Sarah. God, sexuality, and the self. Cambridge University Press, 2013.

Coakley, Sarah. Powers and submissions: Spirituality, philosophy and gender. John Wiley & Sons, 2008.

Gavrilyuk, Paul L., and Sarah Coakley, eds. The Spiritual Senses: Perceiving God in Western Christianity. Cambridge University Press, 2011.

Anglicanismo

O anglicanismo é um ramo da cristandade que reivindica a continuidade das tradições históricas do cristianismo surgido na Inglaterra e, de lá, para o mundo. Com a separação da Igreja da Inglaterra de outras autoridades (como o papado) durante a Reforma, essa denominação ganhou características próprias, sendo chamada de via média entre o catolicismo e o protestantismo.

As bases doutrinárias sõs os credos Apostólico e Niceno, a leitura da Bíblia em vernáculo, a celebração do batismo e da Eucaristia , bem como o tríplice ofício eclesiástico de diácono, presbítero e bispo. O Livro de Oração Comum ou equivalente unifica a espiritualidade anglicana. Mantém uma visão positiva do direito canônico. Permite uma amplitude de diversidade teológica e litúrgica ao redor do mundo.

O monarca inglês mantém o ofício de Defensor da Fé, como líder secular da Igreja da Inglaterra. O Arcebispo da Cantuária mantém uma posição de primeiro entre seus pares, líderes de outras igrejas nacionais da Comunhão Anglicana. Em alguns países são chamados de Epicospais. No Brasil, estão presentes com a Igreja Episcopal Anglicana. Em Portugal estão organizados na Igreja Católica Evangélica Lusitana.

Há vertentes anglicanas independentes que observam alguns elementos denominacionais anglicanos.

Joseph Mede

Joseph Mede (1586-1638) foi um filólogo, teólogo e exegeta inglês de orientação anglicana.

Mede screveu uma interpretação escatológica em um comentário do Apocalipse, Clavis Apocalyptica. Nessa obra, fez algumas previsões para o retorno de Cristo, uma delas para 1712.

Foi pioneiro em considerar possessões demoníacas como doenças mentais e propôs que o Livro de Zacarias teve mais de um autor.

Considerava o dia do juízo como um período de mil anos, precedido pela ressurreição dos mártires e sua admissão ao céu. Esse período seria um período de “paz mais feliz” para a Igreja na terra, mas rejeita expressamente um reino terrestre de Cristo.

Foi um proponente da tolerância de divergência de opiniões.

‘Eu nunca me vi propenso a mudar minhas afeições sinceras a alguém por mera diferença de opinião.’

‘Não posso acreditar que a verdade possa ser prejudicada pela descoberta da verdade.’

BIBLIOGRAFIA

Mead, Joseph by Alexander Gordon. Dictionary of National Biography, 1885-1900, Volume 37

Puritanismo

Os termos ouritanismo ou os puritanos referem-se aos diversos movimentos que visavam avançar a reforma da Igreja da Inglaterra contra vestígios do catolicismo romano. Ganharam corpo entre exilados pela perseguição do reinado de Maria I (1553-1558). Marcaram seu declínio a “Grande Expulsão” (Great Ejection) na Inglaterra e o “Pacto Intermediário” (Half-Way Covenant) nas colônias Americanas, ambos em 1662. O Ato de Tolerância de 1689 seria o fim da era puritana e o início dos “dissenters” (dissidentes) na Inglaterra.

HISTÓRIA

O apogeu político dos puritanos ocorreu de 1649 a 1660 durante o Commonwealth. Os puritanos formaram a base do regime militar chefiado por Oliver Cromwell. Os puritanos aproveitaram a oportunidade para empregar o Parlamento a renovar uma aliança nacional com Deus. O Parlamento convocou um corpo de clérigos puritanos, a Assembleia de Westminster, para reformar o governo e a disciplina da Igreja da Inglaterra.

Após a morte de Cromwell em 1658, alguns puritanos apoiaram a restauração do rei Carlos II e uma política episcopal modificada. No entanto, o novo rei e o arcebispo William Laud reimplantaram o episcopado monárquico e o Livro de Oração Comum uniforme com maiores expressões litúrgicas que eram aceitáveis pelos puritanos. Iniciou-se para o puritanismo inglês a Grande Perseguição. A última tentativa frustrada de controlar a Igreja da Inglaterra foi durante a Revolução Gloriosa.

O Toleration Act de 1689 confirmou a organização corrente da Igreja Anglicana, mas tolerou grupos dissidentes. Isso levou virtualmente à extinção do movimento puritano, com a formação de denominações e congregações separatistas de regime presbiteriano ou congregacional nos países de língua inglesa.

Nas colônias americanas o puritanismo formou comunidades em alianças através de pactos político-religiosos, principalmente na Nova Inglaterra . Em 1648 as quatro colônias puritanas da Nova Inglaterra adotaram conjuntamente a Plataforma de Cambridge, estabelecendo uma forma congregacional de governo da igreja. Somente os “eleitos” (membros com bom testemunho na congregação local) podiam votar e governar. Quando isso levantou problemas para os residentes de segunda geração, eles adotaram um Pacto Intermediário (Half-Way Covenant), que permitia que pessoas batizadas, morais e ortodoxas compartilhassem os privilégios de membros da igreja, mesmo que não fossem totalmente aderentes ou ativamente participantes das congregações locais. Outras variações puritanas, mas pautadas pela tolerância de opiniões, ocorreram em Rhode Island pelo Seeker Roger Williams e na Pensilvânia pelo Quaker William Penn.

TEOLOGIA

Os puritanos defendiam diferentes doutrinas e políticas religiosas. Em comum, adotavam uma moralidade estrita que queriam implantar como padrão de vida para toda a Inglaterra. Seus esforços para transformar a nação contribuíram tanto para a guerra civil na Inglaterra como na fundação de colônias na América do Norte.

Os puritanos no geral criam que a coletividade devia estar em um relacionamento de aliança com Deus. Isso permitiria uma redenção da condição pecaminosa. Deus permitia o acesso à salvação por meio da pregação e que o Espírito Santo impulsionava a salvação.

Muitos puritanos decidiram formar congregações “separatistas” e repudiaram a igreja estatal inglesa.

Pela influência dos reformados holandeses, franceses e genebrinos, os puritanos abraçaram diversas vertentes teológicas da tradição Reformada. Havia calvinistas (supralapsarianistas e infralapsarianistas), amiraldianos (cameronianos e baxteristas), arminianos, seekers, anabatistas, quinto monarquistas, escavadores (diggers), niveladores (levellers), adamitas (que praticavam o nudismo ritual), batistas (tanto gerais quanto particulares), socinianos, Muggletonianos, Ranters e Quakers.

Outra característica comum era o anticatolicismo. Queriam purificar a Igreja da Iglaterra contra toda forma de “idolatria papista”. A própria identidade puritana começou com uma controvérsia sobre as vestimentas na década de 1560 e sobre a disputa acerca da forma governo para a Igreja da Inglaterra, tentando extirpar o episcopado monárquico e paramentos litúrgicos por remeterem ao catolicismo.

BIBLIOGRAFIA

Bremer, Francis J. The Puritan Experiment: New England Society from Bradford to Edwards. Rev. ed. Lebanon, NH: University Press of New England, 1995.

Bremer, Francis J. Puritanism: A Very Short Introduction. New York: Oxford University Press, 2009.

Bremer, Francis J., and Tom Webster, eds. Puritans and Puritanism in Europe and America: A Comprehensive Encyclopedia. Vol. 1. Santa Barbara, CA: ABC-CLIO, 2006.

Coffey, John, and Paul Chang-Ha Lim, eds. The Cambridge Companion to Puritanism. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2008.

Spurr, John. English Puritanism, 1603–1689. Basingstoke, UK: Macmillan, 1998.

Movimento de Oxford

O movimento de Oxford foi um movimento dentro da Igreja Anglicana que surgiu em 1833 na Universidade de Oxford.

O movimento foi liderado por John Keble (1792–1866), John Henry Newman (1801–1890), Richard Hurrell Froude e Edward Bouverie Pusey (1800–1882).

Em uma sére de 90 publicações intituladas Tracts for the Times (1833–1841), o movimento de Oxford visava renovar a Igreja Anglicana (daí o nome dessa fase do movimento como tractarianism). Constituiu uma vertente “High Church”, enfatizava a sucessão apostólica, considerava a Igreja Anglicana era a verdadeira Igreja Católica, pois seria o meio-termo o catolicismo e protestantismo.

Depois que Newman converteu-se à Igreja Católica em 1845, Pusey tornou-se o líder do movimento. Pusey deu grande importância aos ritos eclesiásticos, e os sacramentos. Associado ao movimento emergiu uma tendência sacramentalista de usar velas do altar, vestimentas, incenso e elaboradas cerimônias.