Sarah Coakley

Sarah Coakley (nascida em 1951) é uma pastora anglicana, teóloga e filósofa da religião inglesa. 

Teve passagem por renomadas faculdades de teologia em Cambridge, Harvard, Princeton, dentre outras. Foi professora honorária no Logos Institute, da Universidade de St Andrews, depois de deixar o cargo de Professora Norris-Hulse de Divindade na Universidade de Cambridge. Teve cargo de professora visitante na Australian Catholic University.

 Em seu pensamento combina teologia analítica com anglo-catolicismo, feminismo cristão, tendo como interlocutores Gregório de Nissa, J. A. T. Robinson e Ernst Troeltsch. Discute temas interdisciplinares como direito, medicina e religião.

BIBIOGRAFIA

Coakley, Sarah, ed. Religion and the Body. Vol. 8. Cambridge University Press, 2000.

Coakley, Sarah. God, sexuality, and the self. Cambridge University Press, 2013.

Coakley, Sarah. Powers and submissions: Spirituality, philosophy and gender. John Wiley & Sons, 2008.

Gavrilyuk, Paul L., and Sarah Coakley, eds. The Spiritual Senses: Perceiving God in Western Christianity. Cambridge University Press, 2011.

Gregório de Nissa

Gregório de Nissa, latim Gregorius Nyssenus, (c. 335 — c. 394) foi um autor patrístico e bispo de Nissa, na Capadócia. Durante sua vida foi um defensor da ortodoxia trinitária contra o partido ariano.

Nascido em Cesareia, na Capadócia, Ásia Menor, agora Kayseri, Turquia,
ele é chamado de Padres Capadócios com seu irmão Basílio de Cesaréia e seu amigo Gregório de Nazianzo.

Após um afastamento imposto pelo imperador, manteve-se à frente de sua diocese em Nissa e envolveu-se em questões de amplitude maiores na Igreja.

Em 379 Gregório participou de um concílio em Antioquia e foi enviado em missão às igrejas da Arábia. Nessa missão fez uma visita a Jerusalém. Em 381 participou do Concílio de Constantinopla.

Sua doutrina de salvação deixou várias influências na teologia cristã, como uma analogia de um anzol para a teoria do resgate, o conceito de cooperação (sinergia) e doutrina de reconciliação universal (apokatastasis).

Teoria do resgate

A teoria do resgate é uma perspectiva sobre obra de rendenção de Jesus Cristo.

A teoria do resgate ensina que Jesus Cristo morreu como sacrifício de resgate, o qual teria sido pago a Satanás (a visão mais dominante) ou a Deus Pai. A ênfase é sobre a morte de Jesus Cristo, o que ela significa e seu efeito na humanidade. O foco do resgate é libertar da escravidão do pecado. A morte de Jesus seria um pagamento para pagar a dívida da humanidade herdada a partir de Adão.

O resgate ou a redenção era o preço pago pela libertação de escravos ou da alforria. As bases bíblicas principais são Mt 20:28 e 1 Pe 1:18-19.

Pressupostos de escravidão e cativeiro na Bíblia aparecem como nossa escravidão sendo pecado, culpa, maldição (Gl 3:13), sujeição sob um domínio (1 Co 15:56). O resgate bíblico teria vários aspectos, como a libertação da escravidão, restauração à liberdade e ao privilégio de filhos de Deus, pagamento da redenção, preço pago a alguém com alguma reivindicação anterior.

Outros trechos para fundamentar essa teoria seriam 1 Tm 2:6, Tt2:14, Hb 9:12, Ef 1:7, Rm 3:24-25. Enquanto algumas passagens empregadas para embasar o resgate pago a Satanás são Cl 2:15 João 12:31; Hb 2:14-15, 9:12 .

Frequentemente o resgate é explicado ao lado da Teoria da Influência Moral. A teoria de Christus Victor é semelhante, com Cristo resgatando os pecadores, porém sem o pagamento. Ficando a humanidade cativa desde Adão, a justiça exigia que Deus pagasse um resgate a Satanás. Entrentanto, Satanás não percebeu que Cristo não poderia ser mantido nos grilhões de morte. Uma vez que a morte de Cristo foi feita como resgate, a justiça foi satisfeita e Deus providenciou a libertação completa.

Esta teoria encontra suas raízes na Igreja Primitiva, particularmente em Orígenes do século III. Seu maior expoente na Antiguidade foi Gregório de Nissa.

Gregório fez uma analogia com um anzol em sua Oração Catequética. Uma vez que a humanidade estava sob o poder do diabo (ou morte) depois da Queda no Éden, a justiça de Deus exigia que Deus reconquistasse a humanidade através do pagamento de um resgate (Cristo) em vez de tomá-la de volta à força. Após a queda, ao invés de a humanidade retornar a um estado imutável e animal, o ser humano passou a ansiar em tornar-se cada vez mais perfeito, mais parecido com Deus, mesmo que a humanidade nunca entenda, muito menos alcance, a transcendência de Deus. A vinda de Cristo atendeu esse anseio enquanto o Diabo foi enganado em aceitar como resgate um pagamento que ele não poderia reter: a morte de Cristo. Portanto, o triunfo de Cristo removeu a barreira de acesso a Deus.

No dizer de Máximo, o Confessor:

O Senhor preparou Sua carne no anzol de Sua divindade como isca para o engano do Diabo, para que, como a serpente insaciável, o Diabo tomasse Sua carne em sua boca (já que sua natureza é facilmente superada) e estremeceria convulsivamente no gancho da divindade do Senhor e, em virtude da carne sagrada do Logos, vomitar completamente a natureza humana do Senhor, uma vez que ele a engoliu. Como resultado, assim como o diabo anteriormente atraiu o homem com a esperança da divindade e o engoliu, também o próprio diabo seria atraído precisamente com as vestes carnais da humanidade; e depois vomitaria o homem, que havia sido enganado pela expectativa de tornar-se divino, tendo o próprio diabo sido enganado pela expectativa de tornar-se humano. A transcendência do poder de Deus se manifestaria então através da fraqueza de nossa natureza humana inferior, que venceria a força de seu conquistador. Além disso, seria mostrado que é Deus quem, usando a carne como isca, vence o diabo, e não o diabo conquistando o homem, prometendo-lhe uma natureza divina.

Ad Thalassium 64

Em tempos recentes, C.S. Lewis usou a cena da morte do leão Aslan em suas Crônicas de Nárnia, algo que poderia ser visto como teoria do resgate conforme a analogia do azol de Gregório de Nissa. No entanto, em seus outros escritos teológicos, Lewis apresenta versões de uma teoria da recapitulação.

A principal controvérsia com esta teoria é o ato de pagar ao Diabo. Entretanto, nem todos os adeptos da teoria do resgate acreditam que quem foi pago foi o Diabo, mas neste ato de resgate Cristo liberta a humanidade da escravidão do pecado e da morte.

BIBLIOGRAFIA

Boaheng, Isaac. “A Theological Appraisal of the Recapitulation and Ransom Theories of Atonement.” E-Journal of Religious and Theological Studies 8, no. 4 (2022): 98-108. 

Gregório de Nissa. Oração Catequética.

Ray, Darby Kathleen. Deceiving the devil: Atonement, abuse, and ransom. Pilgrim Press, 1998.