Samael, em hebraico como סַמָּאֵל “Veneno de Deus”, é uma figura malévola no judaísmo rabínico, gnosticismo e demonologia islâmica. Em muitas tradições esotéricas e, em grande parte do primeiro milênio, Samael seria o nome do Acusador ou Satanás — não Lúcifer. Várias formas do nome, incluindo Samael, Sammuel e outras, foram usadas ao longo da antiguidade e da Idade Média.
Como acusador ou adversário, seria o satanás do Livro de Jó. Essa identificação com Satanás ocorria entre os gnósticos ofitas, que se referiam à serpente com um nome duplo, Miguel e Samael. O conflito entre Samael e Miguel, que serve como o anjo guardião de Israel, culminará no fim dos tempos.
Samael também desempenha os papéis de sedutor e destruidor. Por isso, às vezes é chamado Mashḥit (Êxodo 12:23; Isaías 54:16), o Destruidor. Seria membro da assembleia divina, chefe dos demônios. Também seria o principal anjo da morte.
Em algumas escrituras gnósticas, como “Sobre a Origem do Mundo”, Samael é um dos três nomes de Yaldabaoth. Esta criatura cega imaginou que seria o único ser divino. A associação com a cegueira aparece também na versão grega de Enoque, cujo nome como Σαμιέλ (Samiel) deriva de sami, “cego”.
No Livro Etíope de Enoque o nome de Samael aparece como um líder proeminente entre os anjos que se rebelaram contra Deus. As versões gregas desse texto hebraico chamam-no de Σαμμανή (Sammane) e Σεμιέλ (Semiel).
Apesar de ser associado à malevolência, as funções de Samael não são necessariamente más, visto que o castigo dos ímpios seria justo e bom
O papel de Samael na tradição rabínica varia. Em algumas instâncias, ele é retratado como um acusador e defensor, aparecendo perante a Shechiná durante o êxodo. Samael aparece na luta entre Jacó e o anjo. Também seria o anjo guardião de Esaú.
Na Cabala e na literatura mágica, Samael é considerado uma entidade poderosa, frequentemente maligna. Está associado ao anjo da morte e e magia de amuletos.
BIBLIOGRAFIA
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