Inteira Santificação

A Inteira Santificação, também conhecida como perfeição cristã ou santidade bíblica, é uma doutrina teológica central para o Metodismo e algumas denominações pentecostais. Desenvolvida por John Wesley, enfatiza a possibilidade de o crente, após a justificação, alcançar um estado de amor perfeito a Deus e ao próximo, sendo libertado da escravidão do pecado.

Diferente da justificação, que retifica a relação do crente como justo perante Deus, a Inteira Santificação é uma obra subsequente da conversão, realizada pelo Espírito Santo. Não implica ausência de falhas ou erros, mas sim a purificação das intenções e motivações, capacitando o crente a viver em santidade. Não significa que a pessoa não possa pecar, mas que não terá prazer no pecado.

A doutrina não é consensual entre os cristãos. Críticos questionam sua base bíblica e a possibilidade de sua realização plena nesta vida. Defensores, por outro lado, apontam para passagens bíblicas que falam sobre perfeição e santidade, argumentando que a Inteira Santificação é um processo contínuo de crescimento espiritual, alcançável pela graça divina.

BIBLIOGRAFIA
Fletcher, John. Checks to Antinomianism.

Palmer, Phoebe. The Promise of the Spirit.

Wesley, John. “A Plain Account of Christian Perfection.”

Nazireu

Nazireu, que significa “consagrado” ou “separado”, era um termo usado no Antigo Testamento para designar indivíduos que faziam um voto especial a Deus (Nm 6:1-21). Esse voto, chamado de nazireado, implicava em restrições e práticas específicas como abster-se de vinho e produtos da videira, não cortar o cabelo e evitar contato com cadáveres (Nm 6:3-8).

O nazireado era um período de dedicação intensificada a Deus, marcado pela separação de elementos que poderiam ser considerados impuros ou profanos. Sansão (Jz 13:5) e Samuel (1Sm 1:11) são exemplos de nazireus consagrados desde o nascimento. Outros, como Paulo (At 18:18), fizeram o voto por um período determinado.

Ao final do nazireado, o indivíduo oferecia sacrifícios no tabernáculo ou no templo, raspava a cabeça e queimava o cabelo no altar (Nm 6:13-20). O nazireado simbolizava uma consagração total a Deus, uma entrega completa à vontade divina.

Nazireus mencionados na Bíblia:

  • Sansão: Juízes 13:5 deixa claro que ele foi consagrado nazireu desde o ventre materno.
  • Samuel: 1 Samuel 1:11 descreve o voto de Ana, sua mãe, dedicando-o como nazireu.
  • João Batista: Lucas 1:15 indica que ele seria nazireu desde o nascimento.
  • Paulo: Atos 18:18 e 21:23-26 relatam que Paulo cumpriu votos de nazireado, embora não esteja claro se ele próprio era nazireu ou se apenas participou de um ritual de purificação.

Possíveis nazireus :

  • José: Alguns estudiosos sugerem que José, filho de Jacó, pode ter sido nazireu, baseando-se em sua aparência física (cabelo comprido) e em sua resistência à tentação.
  • Elias: A tradição judaica associa Elias ao nazireado, embora não haja menção explícita na Bíblia.
  • Jeremias: Alguns comentadores especulam que Jeremias pode ter sido nazireu, com base em sua dedicação a Deus e em certas passagens de seu livro.
  • Absalão: Josefo afirma que Absalão era nazireu, o que explicaria seu cabelo comprido e o fato de tê-lo cortado após certo tempo (2Sm 14:26).

Voto

Um voto denota um compromisso solene feito a uma entidade divina, muitas vezes acompanhado de um compromisso ou sacrifício. Ao longo da história e em várias tradições religiosas, os votos tiveram uma importância significativa, servindo como expressões de devoção, gratidão ou pedidos de intervenção divina.

Os votos abrangem um espectro de compromissos, que vão desde compromissos de abstenção de certas ações, como visto no voto nazireu (Números 6), até promessas de ofertas ou sacrifícios para expressar devoção ou petição por assistência.

O verbo נָדַר (nadar, “votar”) significa o ato de prometer solenemente uma ação ou sacrifício ao Senhor. Da mesma forma, o substantivo נֶדֶר (neder, “voto”) denota a oferta prometida a Deus, muitas vezes na forma de sacrifícios ou ofertas voluntárias, especialmente durante momentos de coação ou súplica.

Um dos primeiros votos registrados é atribuído a Jacó (Gênesis 28:20-22), quando se compromete a oferecer um décimo de seus ganhos a Deus em troca de proteção. O Antigo Testamento descreve regulamentos que regem os votos (Malaquias 1:14) e descreve os pagamentos necessários para validá-los (Levítico 27:8). Várias figuras bíblicas, como Jefté (Juízes 11:30), Ana (1 Samuel 1:11) e Absalão (2 Samuel 15:7–8), fizeram votos de buscar o favor divino ou cumprir obrigações pessoais.

No Novo Testamento, Atos documenta a adesão do apóstolo Paulo a um voto. Na ocasião, corta o cabelo como um ato de cumprimento (Atos 18:18). No entanto, a natureza específica e o propósito deste voto permanecem não revelados.

Abnegação

Abnegação pode ser hoje entendida como desprendimento e altruísmo. Abnegar implica na superação das tendências egoísticas da personalidade, sendo conquistada em benefício de uma pessoa, causa ou princípio. Biblicamente, é o imperativo de negar a si mesmo na busca de uma vida dedicada a Cristo.

É um ensino que aparece nos evangelhos sinóticos. Em Mateus 16:24-25, Jesus instrui seus seguidores, afirmando: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. a vida por minha causa o encontrará.” Passagens paralelas em Marcos 8:34-37 e Lucas 9:23-24 ecoam esse chamado à abnegação no discipulado de Jesus.

O termo grego aparneomai (ἀπαρνέομαι) usado em Marcos 8:34 enfatiza o ato de renunciar ou renegar a si mesmo em prol de uma vocação superior. Remete a Isaías 30:7, quando os israelitas infiéis que, após a derrota pelos assírios, deixaram de lado os ídolos de ouro e prata que haviam criado.

Gálatas 2:19-20 ilustra a abnegação de Paulo: “Já estou crucificado com Cristo. Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E a vida que agora vivo no carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Isto resume a essência da abnegação com uma identificação completa com a morte sacrificial de Cristo e uma vida transformadora vivida em devoção a Ele.

A noção de participar do sofrimento de Cristo por causa da Igreja é articulada em Colossenses 1:24: “Agora me alegro nos meus sofrimentos por causa de vocês e, na minha carne, preencho o que falta nas aflições de Cristo por causa de do seu corpo, isto é, a igreja”. Esta prontidão sacrificial para vários deveres cristãos e apostólicos é vista como participação na morte de Cristo, que em última análise conduz à vida (2 Coríntios 4:10-12).

A abnegação é uma norma positiva e negativa, incitando os crentes à alta perfeição. Do lado positivo, envolve separar-se do mundo (Gálatas 6:14), crucificar as próprias paixões com Cristo (Gálatas 5:24; Colossenses 3:5) e abandonar o velho eu para abraçar o novo eu na graça (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9).

VEJA TAMBÈM

Perfeição Evangélica ou Conselho de Perfeição

Conselhos de Perfeição

Os Conselhos de Perfeição são os chamados três conselhos evangélicos: a pobreza ou renúncia aos interesses materiais, castidade e obediência

Os Conselhos da Perfeição são diferentes dos preceitos divinos, necessários à salvação. Foram a base da vida monástica. São oriundos das interpretações católicas dos ensinos de Cristo no sermão do monte.

VEJA TAMBÉM

Abnegação