Sumo Sacerdote (כֹּהֵן גָּדוֹל, kohen gadol, em hebraico; ἀρχιερεύς, archiereús, em grego) era o título do líder religioso máximo do antigo Israel, ocupando a posição mais alta dentro do sacerdócio. O ofício do Sumo Sacerdote era hereditário, restrito aos descendentes de Arão, da tribo de Levi, e, em princípio, vitalício. Apesar de traçar suas origens a Arão, o primeiro a receber essa designação foi Joiada (2 Reis 12).
Funções e Responsabilidades:
As responsabilidades do Sumo Sacerdote eram extensas e abrangiam tanto a esfera religiosa quanto, em certos períodos, a política:
- Dia da Expiação (Yom Kippur): A função mais distintiva do Sumo Sacerdote era oficiar no Dia da Expiação, o dia mais sagrado do calendário judaico. Somente ele podia entrar no Santo dos Santos do Tabernáculo (e posteriormente, do Templo), o local da presença de Deus, para fazer expiação pelos pecados do povo e pelos seus próprios pecados (Levítico 16; Hebreus 9:7).
- Supervisão do Culto: O Sumo Sacerdote supervisionava todos os aspectos do culto no Tabernáculo/Templo, incluindo os sacrifícios diários, as festas religiosas e a manutenção da santidade do local.
- Consulta a Deus: Em algumas situações, o Sumo Sacerdote usava o Urim e Tumim (objetos sagrados de significado incerto, guardados no peitoral sacerdotal) para buscar a orientação divina em questões importantes (Êxodo 28:30; Números 27:21).
- Julgamento: Em certos períodos, especialmente durante o período do Segundo Templo, o Sumo Sacerdote atuava como líder do Sinédrio, o conselho supremo judaico, exercendo autoridade judicial e política.
- Representação do Povo: O sumo-sacerdote representava todo Israel perante Deus.
Vestimentas:
As vestes do Sumo Sacerdote eram elaboradas e simbólicas, diferenciando-o dos demais sacerdotes (Êxodo 28; 39):
- Éfode: Um colete ricamente bordado, feito de linho fino e fios de ouro, azul, púrpura e escarlate.
- Peitoral: Uma peça quadrada, presa ao éfode, contendo doze pedras preciosas, cada uma representando uma das tribos de Israel. Dentro do peitoral, eram guardados o Urim e Tumim.
- Manto: Uma túnica azul, com romãs e sinos de ouro na bainha.
- Tiara (Mitra): Um turbante de linho fino, com uma placa de ouro puro na frente, gravada com as palavras “Santidade ao Senhor”.
- Túnica de linho, calções de linho e cinto: Semelhantes às vestes dos sacerdotes comuns, mas de qualidade superior.
História:
O primeiro Sumo Sacerdote foi Arão, irmão de Moisés, consagrado por este sob a direção divina (Êxodo 28-29; Levítico 8). A linhagem sacerdotal continuou através de seus descendentes. Em Josué 20:6 há a menção que o refugiado em uma cidade ficaria lá até o final do madato por morte do sumo sacerdote.
Durante o período monárquico, o Sumo Sacerdote manteve sua importância religiosa, mas a autoridade política estava concentrada no rei. Após o exílio babilônico e a reconstrução do Templo, o Sumo Sacerdote ganhou maior poder político, tornando-se, em alguns momentos, o governante de facto da Judeia. No período do Segundo Templo, a nomeação do Sumo Sacerdote passou a ser influenciada por poderes estrangeiros (como os selêucidas e os romanos), e o cargo perdeu parte de sua legitimidade e santidade.
Novo Testamento:
No Novo Testamento, a Epístola aos Hebreus apresenta Jesus Cristo como o Sumo Sacerdote supremo e definitivo, cujo sacrifício único na cruz supera e substitui os sacrifícios do Antigo Testamento. Jesus é descrito como Sumo Sacerdote “segundo a ordem de Melquisedeque”, não da linhagem de Arão (Hebreus 5-7). Os sumos sacerdotes do Templo, contemporâneos de Jesus (como Anás e Caifás), são frequentemente retratados em conflito com ele.