Uma extenso sermão em formato de epístola, o Livro de Hebreus discorre sobre ter esperança em Jesus Cristo, o qual seria a substância da Lei.
Argumenta sobre a superioridade de Cristo em relação à antiga aliança, encorajando a perseverança na fé. Endereçada a cristãos de origem judaica que enfrentavam perseguição e a tentação de voltar ao judaísmo, a carta apresenta Hebreus ensina que o sacerdócio, sacrifício e a morte de Cristo foi um evento, realizado em um determinado ponto no tempo, e é válido e eficaz para sempre. Portanto, em Cristo houve o cumprimento definitivo das promessas de Deus.
Contexto e Destinatários:
A Epístola aos Hebreus foi escrita provavelmente entre 60 e 95 d.C., em um contexto de crescente hostilidade contra os cristãos no Império Romano. Seus destinatários, cristãos judeus, enfrentavam a pressão de retornar ao judaísmo não cristão, atraídos pela familiaridade de seus rituais e tradições, e desencorajados pela perseguição. A carta busca fortalecer sua fé, demonstrando a superioridade de Cristo e a natureza definitiva da nova aliança.
A questão se a Epístola aos Hebreus foi escrita antes ou depois da destruição do templo de Jerusalém no ano 70 d.C. permanece aberta no debate acadêmico. Há argumentos para ambas as posições.
Argumentos para a Epístola aos Hebreus ter sido escrita antes da destruição do templo incluem:
- O templo é referido no tempo presente, sugerindo que ainda estava de pé quando a carta foi escrita (Hebreus 9:6-9).
- O uso do tempo presente pelo autor ao descrever o sistema sacrificial sugere que ele ainda estava sendo praticado (Hebreus 10:1-3).
- A ausência de qualquer menção à destruição do templo ou à Guerra Judaico-Romana, que levou à destruição do templo em 70 EC.
Argumentos para a Epístola aos Hebreus sendo escrita após a destruição do templo incluem:
- O uso do pretérito pelo autor ao se referir ao sistema sacrificial, sugerindo que não estava mais em prática (Hebreus 9:9-10).
- A ênfase do autor em Cristo como o sumo sacerdote e sua rejeição ao sacerdócio levítico, que teria sido interrompido pela destruição do templo.
- A ausência de qualquer menção à existência contínua do templo, apesar de sua importância no culto judaico.
Autor:
A autoria da carta é incerta, provavelmente tenha sido escrita no final do século I, possivelmente por um cristão judeu helenístico. Uma tradição atribui-a ao apóstolo Paulo. No entanto, o estilo e o vocabulário diferem de outras cartas paulinas, sugerindo um autor diferente, possivelmente alguém próximo a Paulo, como Apolo ou Barnabé. O autor era bem versado tanto nas Escrituras judaicas quanto na filosofia helenística, e sua mensagem foi dirigida a uma comunidade de cristãos judeus que enfrentavam perseguição e que possivelmente sentiam tentados a voltar ao judaísmo.
A familiaridade do autor com o templo, a teologia do Pentateuco, o Livro de Jeremias e as práticas sacrificiais é demonstrada ao longo da carta, pois ele se baseia extensivamente nessas fontes para apoiar seus argumentos.
Estrutura e Temas:
O autor argumenta que Cristo é o sumo sacerdote perfeito, cuja morte sacrificial na cruz cumpriu e superou os sacrifícios da antiga aliança, e que ele abriu um caminho novo e melhor para chegar a Deus.
A carta apresenta uma estrutura complexa, entrelaçando exortações e argumentos teológicos. Seus principais temas incluem:
- Superioridade de Cristo: Jesus é apresentado como superior aos anjos, a Moisés e aos sumos sacerdotes da antiga aliança. Ele é o mediador da nova aliança, oferecendo um sacrifício perfeito e definitivo pelos pecados.
- Nova Aliança: A nova aliança em Cristo é superior à antiga, pois oferece acesso direto a Deus, perdão dos pecados e uma esperança eterna.
- Fé e Perseverança: A carta enfatiza a importância da fé em Cristo e da perseverança em meio às dificuldades. Os exemplos de heróis da fé do Antigo Testamento servem como modelo para os cristãos enfrentarem as provações com coragem e confiança.
- Advertências: O autor também inclui advertências contra a apostasia e a negligência da fé, exortando os leitores a permanecerem firmes em sua esperança em Cristo.
Interpretações:
A Epístola aos Hebreus tem sido interpretada de diversas maneiras ao longo da história da igreja. Algumas perspectivas incluem:
- Tipologia: A carta utiliza extensamente a tipologia, interpretando eventos e personagens do Antigo Testamento como prefigurações de Cristo e da nova aliança.
- Cristologia: Hebreus apresenta uma cristologia elevada, enfatizando a divindade e a humanidade de Cristo, sua obra redentora e seu papel como sumo sacerdote.
- Soteriologia: A carta destaca a salvação oferecida por Cristo, que é completa e definitiva, contrastando com os sacrifícios repetitivos da antiga aliança.
- Escatologia: Hebreus também aborda a esperança futura da segunda vinda de Cristo e da consumação do reino de Deus.
Implicações Práticas:
A mensagem de Hebreus continua relevante para os cristãos hoje. A carta nos convida a:
- Fixar nossos olhos em Jesus: Confiar em Cristo como nosso sumo sacerdote e mediador, encontrando nele força e esperança em meio às dificuldades.
- Perseverar na fé: Resistir à tentação de abandonar a fé, mesmo diante de perseguição ou sofrimento.
- Viver em comunidade: Apoiar e encorajar uns aos outros na jornada da fé, buscando a santidade e a maturidade espiritual.
O livro de Hebreus usa extensivamente imagens sacrificiais para explicar a obra de Cristo. O autor traça paralelos entre o sistema sacrificial do Antigo Testamento e a morte sacrificial de Jesus, destacando Jesus como o sacrifício final e perfeito pelos pecados, bem como o sacerdote perfeito.
O autor de Hebreus emprega tipologia, vendo figuras e eventos do Antigo Testamento como prefigurações de Cristo e sua obra. O foco está no sumo sacerdócio de Cristo, e o autor enfatiza o papel de Jesus como mediador entre Deus e a humanidade. Embora isso enfatize a morte sacrificial de Jesus, não se refere a nenhuma forma de pagamento substitutivo pelos pecados. Ao contrário, o livro defende a superioridade e o propósito de cumprimento do sacrifício de Cristo, demonstrando seu papel messiânico.

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