A língua hebraica, עִבְרִיט ou עברים , é uma língua semítica do ramo noroeste da família linguística afro-asiática.
Junto do moabita, fenício e do púnico constituem um grupo dialetal da língua cananeia, com similaridades com o ugarítico e, com menor grau, com o aramaico. Na Idade do Ferro, o hebraico ganhou uma literatura própria, o hebraico bíblico, também atestado por um corpus de inscrições da época.
O hebraico passou por diversas fases. O hebraico bíblico arcaico foi usado entre o período monárquico e o exílio babilônico com uma forma de escrita cananeia. O hebraico bíblico clássico foi usado durante o exílio na Babilônia e adotaria mais tarde a escrita imperial aramaica. O hebraico tardio foi usado durante o período persa e é representado por alguns textos da Bíblia Hebraica. O hebraico dos textos do Mar Morto foi usado durante o período helenístico e romano antes da destruição do Templo de Jerusalém e é representado pelos pergaminhos de Qumran. Finalmente, o hebraico mishnáico foi usado durante o período romano após a destruição do Templo de Jerusalém e é representado pelos textos da Mishná e do Talmud, bem como pelos manuscritos do deserto da Judeia.
Há questionamentos se o hebraico bíblico poder ser datado. Seguindo F.M. Cross e DN Freedman’s Studies in Ancient Yahwistic Poetry (1997), muitos estudiosos consideram que existem marcadores gramaticais que indicam fases distintas. Por outro lado, Ian Young e Robert Rezetko apresentam críticas sobre os métodos de datação. Tais críticas, por sua vez, foram respondidas por Ron Hendel (um aluno de Cross) e Jan Joosten em How Old is the Hebrew Bible? (2018). Com base em epigrafia e análise documental bíblica e extrabíblcia, hoje o pensamento prevalente é que há fases discerníveis do hebraico bíblico.
O hebraico gradativamente deixou de ser falado no cotidiano desde o exílio babilônico, mas ainda no século II d.C. há evidência que era uma língua viva. Contudo, na Idade Média deixou de ser falado, exceto em contextos cultuais, até que no século XX foi reavivado por Eliezer Ben-Yehuda (1858-1922).
A gramática hebraica é baseada em um sistema de raízes que consiste em três ou quatro consoantes que são combinadas com diferentes padrões de vogais para formar palavras em suas diferentes funções.
O hebraico é lido da direita para a esquerda. Normalmente não possui vogais escritas no texto, exceto por certas marcações de vogais com pontos diacríticos (nikud) e consoantes para indicar vogais (matres lectionis).
O hebraico tem três gêneros gramaticais (masculino, feminino e neutro). Suas conjugações verbais indicam tempo, aspecto e modo. Assim, os verbos derivam-se em simples qal (ativo) e niphal (passivo); intensivo piel (ativo), pual (passivo), hithpael (reflexivo); causativo hiphil (ativo) e hophal (passivo).
A ordem das palavras é flexível e o contexto desempenha um papel crucial na determinação do significado. O hebraico também tem um sistema complexo de declinações de substantivos e concordância de adjetivos, especialmente pela relação construto-absoluto, tornando-o um idioma altamente flexionado.
