Agnes Smith Lewis (1843–1926) e Margaret Dunlop Gibson (1843–1920), eruditas bíblicas britânicas especializadas em línguas semíticas. Suas viagens ao Oriente Médio, edição de textos, colaboração com pesquisadores europeus e a formação de coleções que se tornaram relevantes para a história das ciências bíblicas e judaico-medieval.

Filhas gêmeas de um jurista afluente, nascidas na Escócia em 1843, Agnes e Margaret perderam a mãe pouco após o parto. Ainda jovens, dominaram francês, alemão, espanhol e italiano.
Aos 23 anos, em 1868 viajaram pela Europa e pelo Oriente Médio, iniciando um ciclo de deslocamentos que marcaria sua vida intelectual. Após a morte do pai, herdaram recursos que lhes permitiram financiar viagens e projetos ligados ao estudo de manuscritos. Em Edimburgo, estudaram grego com J. S. Blackie; posteriormente, acrescentaram árabe, hebraico e outras línguas orientais ao repertório.
Ambas casaram-se e enviuvaram no início da vida adulta. O contato de Agnes com Samuel Lewis, classicista e bibliotecário do Corpus Christi College, Cambridge, favoreceu o envolvimento das irmãs com a pesquisa textual e com o ambiente acadêmico ligado aos estudos do cristianismo oriental.
Em 1892 viajaram ao Mosteiro de Santa Catarina, no Sinai, motivadas por relatos sobre manuscritos siríacos pouco examinados na biblioteca monástica. A jornada incluiu a travessia do deserto com guias beduínos e uma permanência de quarenta dias no mosteiro. Ali, Agnes identificou um códice siríaco contendo uma antiga versão dos Evangelhos, posteriormente conhecido como Sinaiticus Syriacus. O manuscrito foi fotografado, transcrito e publicado em 1894, tornando-se um documento básico para o estudo do texto evangélico em tradição siríaca.
Em viagens posteriores ao Egito, as irmãs adquiriram fragmentos hebraicos e aramaicos que levaram a Cambridge. O erudito Solomon Schechter examinou esse material e reconheceu entre os fragmentos o texto hebraico de Ben Sira. A partir dessa constatação, Schechter identificou a origem dos manuscritos na Geniza da Sinagoga Ben Ezra, no Cairo, e conduziu a retirada de cerca de 200.000 fragmentos judaicos medievais para Cambridge, formando a Coleção Taylor–Schechter. As aquisições das gêmeas constituíram parte inicial dessa coleção.
Além da contribuição ligada à Geniza, as irmãs reuniram mais de 1.700 manuscritos orientais em diferentes idiomas e produziram edições e estudos importantes para o aramaico cristão palestiniano e para outras tradições cristãs orientais.
Embora colaborassem regularmente com pesquisadores da Universidade de Cambridge, a instituição não concedia diplomas a mulheres no período. Mesmo assim, Agnes recebeu títulos honorários de Halle, Heidelberg, St Andrews e Dublin; Margaret, de Heidelberg, St Andrews e Dublin. Em 1915, ambas receberam a Medalha de Ouro para Pesquisa Oriental da Royal Asiatic Society.
As irmãs financiaram a construção do Westminster College, inaugurado em Cambridge em 1899, que passou a concentrar atividades acadêmicas e religiosas ligadas ao presbiterianismo escocês.
Em 1903 viajaram à América do Norte, onde realizaram conferências em Montreal, Toronto, Nova York, Filadélfia e Richmond. Margaret faleceu em 11 de janeiro de 1920, após um derrame. Agnes morreu em 1926. Suas coleções, edições e correspondência permanecem preservadas em instituições britânicas e continuam a ser utilizadas na pesquisa de manuscritos orientais.
