Óstracos de Samaria

Os óstracos de Samaria, óstraca samaritana ou as óstracas de Samaria são um conjunto de 102 óstracas (63 legíveis) descobertas em 1910 por G.A. Reisner nas escavações de Samaria, capital do Reino de Israel, estando entre os textos mais antigos do Hebraico Arcaico.

Consistem de recibos para lotes de vinho e azeite enviados das aldeias vizinhas para a capital Samaria.

Registram as datas pelo ano de reinado, provalvemente dos reinados de Jeroboão II e Joás, uma geração antes da destruição da cidade pelos assírios em 722 a.C.

Mencionam localidades israelitas não registradas na Bíblia ou pouco atestadas. Por exemplo, Beer, para a qual Jotão fugiu é provavelmente a
Beerim da óstraca de Samaria (Jz 9:21). Também, aparecem nomes de clãs presentes nas listas genealógicas da tribo de Manassés (Êx 26:30-33; Js 17:2-3; 1 Cr 7:14-19).

Atestam um crescimento da alfabetização condizente com surgimento dos profetas literários.

Dez clãs de Manassés se estabeleceram em Canaã e receberam porções de terra (Josué 17:1-13), onde depois viria ser a região de Samaria. Esses clãs eram Abiezer, Asriel, Heleque, Siquém e Semida, filhos de Gileade (Josué 17:1-2); e Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza, filhas de Zelofeade (Josué 17:3-4). Todos os clãs com nomes dos filhos de Gileade, junto com dois dos cinco clãs com nomes das filhas de Zelofeade (Hogl e Noa), aparecem nas óstracas..

As óstracas são documentais. Provavelmente eram borrões de registros antes de sere lançados em outros suportes, como papiros. São registros de tributos enviados das aldeias locais para a capital. Essas provisões enviadas aos funcionários reais possivelmente refletiam um sistema de concessão de terras em detrimento ao regime das herdades atestadas pelas linhagens genealógicas (como na desapropriação e redestribuição das terras de Nabote em 1 Reis 21). Possivelmente atestam tráfico de influência, quando os mais ricos obtinham vantagens como jantar à mesa do rei, mas eram obrigados a fornecer comida para a festa (cf. 2Sm 9:7). Esse acúmulo de poder e riquezas seriam denunciados pelos profetas, como Amós e Oseias.

Registram vários nomes com alusão divina, como Baal ou Yahweh, mas esse último com uma ortografia diferente daquela usada em Judá.

BIBLIOGRAFIA

Faigenbaum-Golovin, Shira, Arie Shaus, Barak Sober, Yana Gerber, Eli Turkel, Eli Piasetzky, and Israel Finkelstein. “Literacy in Judah and Israel Algorithmic and Forensic Examination of the Arad and Samaria Ostraca.” Near Eastern Archaeology 84, no. 2 (2021): 148-58.

Niemann, Hermann Michael. “A New Look at the Samaria Ostraca.” Tel Aviv (1974) 35, no. 2 (2008): 249-66.

Rainey, Anson F. “Toward a Precise Date for the Samaria Ostraca.” Bulletin of the American Schools of Oriental Research 272, no. 272 (1988): 69-74.

Rainey, Anson F. “The sitz im leben of the Samaria Ostraca.” Tel Aviv 6.1-2 (1979): 91-94.

Suriano, Matthew. “A Fresh Reading for ‘Aged Wine’ in the Samaria Ostraca.” Palestine Exploration Quarterly 139, no. 1 (2007): 27-33.

Shea, William H. “The Date and Significance of the Samaria Ostraca.” Israel Exploration Journal 27, no. 1 (1977): 16-27.

4 comentários em “Óstracos de Samaria”

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: