O Movimento de Restauração ou o Movimento Stone-Campbell é uma família denominacional cristã que começou na fronteira dos Estados Unidos durante o Segundo Grande Despertar (1790-1840). Procurou reformar a igreja por dentro e a unificação de todos os cristãos em um único corpo modelado após a igreja do Novo Testamento. Em geral, rejeitam a identidade protestante, insistindo na primazia da identidade cristã primitivista.
O movimento se desenvolveu a partir de várias fontes independentes. Uma delas resulta das igrejas avivadas lideradas por Barton W. Stone, iniciadas em Cane Ridge, Kentucky, e identificadas como “cristãs”. Nessa região, Stone e mais cinco outros ministros em 1803 retiraram-se do Sínodo de Kentucky da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América, levando à sua dissolução. O grupo formou o Presbitério Springfield como um presbitério independente. Outra fonte começou no oeste da Pensilvânia e na Virgínia liderada por Thomas Campbell e seu filho, Alexander Campbell, ambos educados na Escócia sob influência dos Scotch Baptists e dos irmãos Haldane; sendo identificados com o nome de “Discípulos de Cristo”. Fontes menores originam-se com James O’Kelly que em 1792, insatisfeito com o papel dos bispos na Igreja Metodista Episcopal, formou na Virgínia e na Carolina do Norte um movimento chamado de Metodistas Republicanos, depois simplesmente Igreja Cristã. Paralelamente, na Nova Inglaterra Elias Smith de Vermont e Abner Jones de New Hampshire organizaram um movimento similar.
Em comum, esses movimentos mantinham um cristianismo não confessional, celebravam a Ceia do Senhor no primeiro dia de cada semana; acreditavam que o batismo dos crentes adultos era necessariamente por imersão em água, as igrejas tinham total autonomia local, sendo dirigidas por presbíteros.
O grupo de Stone, O’Kelly e Smith fundiram-se na Conexão Cristã (1810). Em 1832 o grupo de Campbell fundiu-se com a Conexão Cristã. Divergências quanto teologia, liturgia e governo eclesiástico levou às separações dos grupos Discípulos de Cristo , Igrejas de Cristo (1906), Igrejas Cristãs e Igrejas de Cristo (1927-1971), Igrejas de Cristo (não instrumental) e Igrejas de Cristo (não institucionais).
Outros grupos correlatos são as Igrejas de Cristo Internacional e os Cristadelfos.
Dada a automia dos movimentos, não há uma expressão teológica unificada. Em comum enfatizam a unidade não denominacional da Igreja, uma visão sacramental do batismo adulto e por imersão, a celebração memorial semanal da ceia do Senhor e uma soteriologia próxima ao arminianismo. Alguns grupos não aceitam instrumentos musicais nos cultos. Em geral, não aderam às tendências das correntes principais do evangelicalismo americano, rejeitando o nacionalismo cristão (sem uso de bandeiras ou hinos patrióticos nos cultos). A escatologia tende a ser amilenista ou preterista.
Dentre os membros notórios estão os presidentes americanos James A. Garfield, Lyndon B. Johnson e Ronald Reagan; o missionário e escritor Max Lucado; os teólogos sistemáticos Everett Ferguson, Richard Beck, John Mark Hicks, Bob Cornwall, Chris Altrock, Ron Highfield, John Wilson; o historiador do cristianismo Richard T. Hughes. A Abilene Christian University é uma das instituições de ensino e pesquisa associado ao movimento.
BIBLIOGRAFIA
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Williams, Benjamin J. ed. Why We Stayed: Honesty and Hope in the Churches of Christ. Los Angeles: Keledei Publications, 2018.
http://experimentaltheology.blogspot.com/2011/10/churches-of-christ-versus.html