Escola Deuteronomista

A Escola Deuteronomista, também conhecida como História Deuteronomista (HD), designa uma corrente literária e teológica hipotética na composição de uma significativa porção da Bíblia Hebraica. Essa escola, que teria se desenvolvido ao longo de vários séculos, teria um estilo literário e um conjunto de preocupações teológicas distintas, centrado na aliança mosaica e na obediência ou desobediência a Yahweh.

A origem da Escola Deuteronomista é associada à obra do livro de Deuteronômio, que serve como seu principal manifesto teológico. Este livro, com seu foco na lei, na centralização do culto em Jerusalém e nas consequências da fidelidade ou infidelidade à aliança, estabeleceu os fundamentos para a perspectiva deuteronomista. Essa escola teria um papel na edição e na composição dos livros históricos de Josué, Juízes, Samuel e Reis. O objetivo era interpretar a história de Israel desde a entrada na Terra Prometida até o exílio babilônico através da lente de seu programa teológico.

Os principais temas da Escola Deuteronomista incluem a importância da Lei, a centralidade de Jerusalém como o único local legítimo para o culto a Yahweh, a necessidade de um rei justo que siga os mandamentos divinos, e a estrita relação entre obediência e bênção (prosperidade e segurança) e desobediência e maldição (derrota, sofrimento e exílio). A história de Israel é apresentada como um ciclo de apostasia, juízo divino (geralmente por meio de inimigos externos), arrependimento e libertação, com um forte tom profético de advertência contra a idolatria e a injustiça social.

Mediante análises textuais e históricas, supõem-se que a Escola Deuteronomista não foi um grupo homogêneo de autores trabalhando simultaneamente, mas sim uma tradição que evoluiu ao longo do tempo. Sugere-se que a camada mais antiga do Deuteronomismo remonta ao período do Rei Josias (século VII a.C.), com reformas religiosas baseadas nos princípios deuteronomistas. Posteriormente, durante o exílio babilônico (século VI a.C.) e o período pós-exílico, escribas e teólogos deuteronomistas revisitaram e expandiram as narrativas históricas, buscando explicar a catástrofe do exílio como uma consequência direta da infidelidade de Israel à aliança.

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