Tisbe (תֹּשָׁבֵי, toshavey), termo que aparece em 1 Reis 17:1 para descrever a origem do profeta Elias, apresenta dificuldades interpretativas.
Tradicionalmente, Tisbe é entendida como uma localidade em Gileade, terra natal de Elias. Profetas frequentemente eram identificados por suas cidades de origem (1Rs 11:29; 19:16; 2Rs 14:25), e em seis passagens (1Rs 17:1; 21:17, 28; 2Rs 1:3, 8; 9:36) Elias é chamado de “o tisbita” (הַתִּשְׁבִּ֜י, hattishbiy).
No entanto, essa interpretação geográfica apresenta problemas. Não há evidências arqueológicas de assentamentos em El-Istib, local frequentemente associado a Tisbe, antes da era romana. Além disso, a repetição “Elias, o tisbita, de Tisbe em Gileade” é considerada redundante, pois a expressão “o tisbita” já indicaria a procedência de Elias.
A Septuaginta (LXX) traduz o termo como um nome próprio, “Tesbom”, localizando-o na Transjordânia (ἐκ Θεσβων τῆς Γαλααδ, ek Thesbōn tēs Galaad), assim como Josefo (Antiguidades 8.13.2). Tobias 1:2 menciona uma “Tisbe” na Galileia, o que pode ter influenciado a tradução da LXX.
Diante dessas dificuldades, surgem interpretações alternativas. Alguns estudiosos, baseados na leitura do Targum Jonathan, sugerem que “Tisbe” se refira a uma classe social, significando “colono” ou “residente”. Elias, então, seria um residente permanente em Gileade, mas não originário da região.
Outra proposta considera a possibilidade de Elias ter sido deslocado de sua aldeia natal, Tisbe na Galileia, para Gileade devido a conflitos, como a invasão aramaica durante o reinado de Baasa (1Rs 15:16-22). Essa hipótese, embora plausível, carece de evidências arqueológicas que confirmem a existência de uma Tisbe na Galileia.
