Inscrições de Umm el-Marra

As escavações em Umm el-Marra, sítio arqueológico no norte da Síria, lideradas por Glenn Schwartz desde 1994, revelaram descobertas notáveis que contribuem para a compreensão da escrita no Oriente Próximo antigo.

Datado do início da Idade do Bronze, cerca do terceiro milênio a.C., o sítio apresenta tabletes protocuneiformes, o que poderia mudar a data para o uso da escrita anteriormente ao que se pensava. A descoberta de inscrições alfabéticas ainda mais antigas, prévias aos alfabetos de Ugarit e Protossinaítico, sugere que Umm el-Marra foi um centro de experimentação e desenvolvimento de sistemas de escrita. As inscrições informam sobre as práticas administrativas e religiosas da época, e o uso da escrita indica um alto nível de sofisticação tecnológica e administrativa.

Ursa

Embora a constelação da Ursa (Ursa Maior) não seja mencionada explicitamente na Bíblia pelo nome, é possível que esteja implícita em passagens que se referem às estrelas do norte. Em Jó 9:9, por exemplo, o autor menciona “A Ursa, o Órion e as Plêiades”, o que pode indicar um conhecimento da constelação e sua posição proeminente no céu noturno.

A Ursa Maior, com suas sete estrelas principais (דֹּב, dov; ἄρκτος, arktos), era conhecida pelos povos antigos como um guia para a navegação e um símbolo de constância e orientação. Sua proximidade ao polo norte celeste a torna visível durante todo o ano no hemisfério norte, representando um ponto fixo em meio ao movimento aparente das estrelas.

Alguns estudiosos sugerem que a Ursa Maior pode estar relacionada ao “Sete-estrelo” mencionado em Amós 5:8 e Jó 38:31, onde Deus desafia Jó a “soltar os laços do Sete-estrelo”, demonstrando seu poder sobre a criação.

Urim e Tumim

Urim e Tumim, expressão hebraica que pode ser traduzida como “luzes e perfeições”, referem-se a um método de consulta divinatória utilizado pelos antigos israelitas para discernir a vontade de Deus.

O Urim e Tumim estão associados ao peitoral do sumo sacerdote (Êx 28:30) e eram usados para obter respostas “sim” ou “não” a perguntas importantes. Algumas teorias sugerem que se tratavam de objetos sagrados, como pedras preciosas ou dados, usados em conjunto com a oração e a meditação para revelar a vontade divina.

A utilização do Urim e Tumim é mencionada em diversos contextos, como na escolha de um novo rei (1Sm 10:22) e na consulta sobre estratégias militares (Jz 1:1; 20:18). No entanto, a prática parece ter caído em desuso em períodos tardios do Antigo Testamento, possivelmente devido ao crescimento da profecia como.

Uzielitas

Os uzielitas, descendentes de Uziel, o quarto filho de Coate e neto de Levi (Nm 3:19, 27), constituíam uma das famílias levíticas que desempenhavam funções específicas no serviço do tabernáculo. Acampados ao sul do tabernáculo (Nm 3:27), os uzielitas eram responsáveis pela guarda e transporte de elementos sagrados, como as cortinas, as tábuas e as colunas (Nm 4:29-33).

Um dos uzielitas mais conhecidos foi Elizafã, filho de Parã, designado por Moisés como líder de todos os coatitas (Nm 3:30).

Univocidade bíblica

A univocidade bíblica, pressuposto de que a Bíblia expressa um único paradigma teológico e eclesiástico, permeia a história da interpretação textual. Essa crença, presente em diversas comunidades de fé, serve a alguns intérpretes para a síntese de textos separados por séculos e concepções de mundo díspares, buscando extrair doutrinas e diretrizes administrativas como se fosse uma só vontade divina. Assume-se que a Bíblia contém uniformemente toda a informação necessária para a institucionalização e administração da comunidade, justificando a busca por uma coerência interna absoluta.

Essa busca pela univocidade se manifesta em tentativas de homogeneizar as teologias de culturas e povos historicamente distintos. Textos do Antigo Testamento, por exemplo, são frequentemente interpretados à luz do Novo Testamento, obscurecendo suas particularidades e nuances. As diversas vozes e perspectivas presentes no cânone bíblico são, assim, silenciadas em prol de uma leitura harmonizada, que visa legitimar uma determinada tradição ou estrutura de poder.

Em contrapartida à univocidade bíblica, a teologia bíblica busca compreender a teologia inerente a cada gênero textual, perícope, livro e corpus bíblico delimitado. Em contraste com a teologia sistemática, que organiza as doutrinas por tópicos, a teologia bíblica se preocupa em traçar o desenvolvimento do pensamento teológico dentro do próprio texto bíblico, respeitando a progressão histórica e os diferentes contextos literários.

Tanto as ciências bíblicas quanto a teologia sistemática acadêmica consideram o caráter multivocal dos textos bíblicos. Dada a diversidade de culturas, contextos, gêneros há textos bíblicos dialogam entre si, reinterpretando e recontextualizando temas e tradições. Um exemplo são os usos que Hebreus 8:8-12; 10:16-16; 2 Coríntios 3:3; Romanos 2:28-29 fazem de Jeremias 31:31, delocando a promessa original de restauração nacional presente em Jeremias para recontextualizá-la como uma promessa messiânica.

A hermenêutica pentecostal, principalmente no âmbito de culto, considera a multivalência interpretativa pela guia do Espírito Santo. Assim, ao invés de um pressuposto de univocidade atemporal, a hermenêutica pentecostal clássica pressupõe uma polifonia de perspectivas internas no texto bíblico:

A hermenêutica da renovação envolve um perspectivismo polifônico moldado pela multiplicidade de leituras “de baixo para cima” que estão abertas à iluminação do Espírito. (Yong, 2007, pp. 25-26)

A univocidade bíblica, embora facilite a construção de sistemas teológicos coerentes, é uma falácia hermenêutica que ignora a complexidade e a riqueza do texto sagrado. A Bíblia, como produto de diferentes épocas e contextos, apresenta tensões e contradições que não permitem qualquer leitura simplista. Reconhecer essa diversidade é essencial para uma interpretação mais plausível e honesta, que respeite a integridade de cada texto e sua mensagem.

BIBLIOGRAFIA

McClellan, Daniel O. “On the Univocality of the Bible.” Daniel O. McClellan (blog), August 18, 2009. https://danielomcclellan.wordpress.com/2009/08/18/on-the-univocality-of-the-bible/.

Yong, Amos. “Poured Out on All Flesh.” PentecoStudies 6, no. 1 (2007): 16-46.

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