Nicolau de Lyra

Nicolau de Lyra (1270-1349), ou Nicolaus Lyranus, da Ordem dos Frades Menores, nasceu em Lyra, foi um exegeta.

Conhecido como “doctor planus” ou “doctor utilis”, Nicolau serviu como professor de teologia em Paris e ganhou reconhecimento por sua distinção entre o sentido literal e místico das Escrituras. Nicolau não considerava os livros deuterocanônicos como canônicos. Seu trabalho mais significativo é o extenso comentário de 50 volumes intitulado “Postillae perpetuae in universam S. Scripturam” (Notas de Comentário à Sagrada Escritura Universal), que enfatizou uma interpretação literal da Bíblia. Seria impresso em Roma em 1471, o primeiro comentário a ser impresso.

Seu comando da língua hebraica e literatura rabínica era rara na época, tanto que se suspeitava que fosse judeu.

Acredita-se que tenha influenciado figuras como Martinho Lutero. A profunda piedade de Nicolau de Lyra, a devoção a Cristo, a humildade e a submissão aos ensinamentos da Igreja fizeram dele uma figura notável tanto na exegese medieval quanto na transição para a nova era.

Obras:

Postilla Litteralis et Moralis; 

Tractatus de Differentia nostrae Tramslatinis ab Hebraica Littera Veteris Testamenti; Probatio Adventus Christi; 

Responsio ad Quemdam Judeum;

De Visione Beatifica; 

Oratio Seu Contemplatio ad Honorem S. Francisci; 

Commentariuus in sententias Petri Lombardi. Doctor Planus

Jerônimo

Jerônimo (347-420 dC) foi um teólogo e biblista cristão mais conhecido por sua tradução da Bíblia para o latim, conhecida como Vulgata.

Jerônimo nasceu em Stridon, na província romana da Dalmácia, na fronteira da atual Croácia e Eslovênia. Recebeu sua educação liberal em Roma, onde se tornou habilidoso em latim e grego, além de retórico.

Aos vinte e poucos anos, Jerome viajou para o Oriente Médio. Lá viveu como eremita no deserto da Síria por vários anos e estudou hebraico com eruditos judeus. Então viajou para Constantinopla, onde estudou com Gregório Nazianzeno e foi ordenado.

Jerônimo passou o resto de sua vida em Roma e Belém, onde fundou um mosteiro e se dedicou a traduzir e a revisar a Bíblia para o latim, a Vulgata.

Além de seu trabalho de tradução, Jerônimo escreveu extensivamente sobre exegese, teologia e moralidade cristã. Esteve envolvido na controvérsia pelagiana.

Jerônimo sustentava uma visão complexa e, por vezes, ambígua sobre o cânon das Escrituras. Reconhecia os livros do Antigo Testamento conforme o cânon hebraico (os protocanônicos) e listava os 27 livros do Novo Testamento. Em seus escritos, rejeitou explicitamente os livros deuterocanônicos, com exceção de Baruque, mencionado no Prologus Galeatus. Contudo, há momentos em que Jerônimo cita deuterocanônicos como Escritura, como o Livro da Sabedoria em sua Epístola 58 (c. 395). Em 402, negou ter rejeitado os acréscimos deuterocanônicos de Daniel (Apologia Contra Rufino, Livro 2, Cap. 33), e em 407 afirmou que o Concílio de Niceia considerava o livro de Judite como Escritura (Comentário sobre Judite, Prefácio). Essas aparentes contradições revelam uma posição não totalmente resolvida de Jerônimo quanto ao status canônico dos deuterocanônicos, refletindo tensões no período de formação do cânon bíblico.