Mau-olhado

Mau-olhado, em hebraico עין הרע Ayin hara, e seus termos correlatos βασκανία, vaskania, ophtalmos poneros, oculus malus, fascinatio, invidia é a crença de que uma pessoa ou ser sobrenatural pode enfeitiçar ou prejudicar um indivíduo apenas olhando para ele, muitas vezes independentemente de dolo.

Essa crença, comum a várias culturas e presente no mundo do Mediterrâneo, é aludida em Dt 15:7-9; 28:54-57; Pv 23:6-8; 28:22; Mt 6:22-23; 20:15; Mc 7:22; Lc 11:33-36; Gl 3:1.

Feminismo cristão

O feminismo cristão é a atitude e os vários movimentos que compreendem que em Cristo não há distinções sociais entre os gêneros (Gálatas 3:28), visto ser a mulher e o homem criados igualmentes à semelhança de Deus (Gênesis 1:27).

Como um fenômeno da história recente, vários movimento esposaram tais ideais, mas sem plenamente adotar essa identidade de feminismo cristão. São exemplos o feminismo francês liderado por Sarah Monod, o movimento de temperança e abolicionismo norteamericano, o pentecostalismo siciliano, a reforma do machismo latino-americano, dentre outros. Não se trata de um fenômeno social ou movimento unificado, mas várias agendas e expressões diversas que buscam a igualdade de agência humana em diversas áreas independente de gênero.

Uma vertente que encampou a designação de feminismo cristão é um movimento evangélico que surgiu nos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1970, com o objetivo de promover a igualdade de gênero dentro da igreja cristã e corrigir as interpretações patriarcais acerca das Escrituras. Esse movimento estava enraizado no movimento feminista mais amplo da época, que buscava abordar questões de desigualdade de gênero em todas as áreas da sociedade.

Uma das figuras-chave no desenvolvimento do feminismo cristão evangélico foi Letha Dawson Scanzoni, co-autora do livro “All We’re Meant to Be: A Biblical Approach to Women’s Liberation” com Nancy Hardesty em 1974. Este livro foi um dos a primeira a aplicar princípios feministas à interpretação bíblica, argumentando que a Bíblia não justifica o domínio masculino e que as Escrituras afirmam a missão das mulheres na liderança da Igreja.

Outra figura importante no movimento feminista cristão evangélico foi Pamela Cochran, que fundou a organização Cristãos pela Igualdade Bíblica (CBE) em 1987. A CBE defende a inclusão total de mulheres na liderança da igreja e apoia o uso de linguagem neutra em termos de gênero na tradução das escrituras . Cochran também escreveu extensivamente sobre teologia feminista e a interseção do cristianismo e do feminismo.

Nancy Hardesty, co-autora de “All We’re Meant to Be”, também foi uma figura proeminente no movimento feminista cristão evangélico. Escreveu vários livros sobre o tema, incluindo “Women Called to Witness: Evangelical Feminism in the 19th Century” e “Great Women of Faith”, que destacou as contribuições das mulheres na tradição cristã.

Juntas, Scanzoni, Cochran, Hardesty e outras feministas cristãs evangélicas fizeram contribuições significativas para o esforço contínuo de promover a igualdade de gênero dentro da igreja cristã. O trabalho delas desafiou as interpretações patriarcais das escrituras e ajudou a criar espaço para as mulheres assumirem papéis de liderança na igreja.

Adoção

Adoção, em grego υἱοθεσία (huiothesia) é o ato de reconhecer como filho com plenos direitos de herança, obrigações e direitos familiares.

A filiação por adoção é um fenômeno jurídico cultural universal, ou seja, encontrado em todas as sociedades.

Na Bíblia há instâncias famosas de adoção: a Filha do Faraó e Moisés (Êxodo 2); Eli e Samuel (1 Samuel 2); Davi e Mefibosete (2 Samuel 9:7-13). Paulo utiliza o conceito em sua exposição doutrinária (Rm 8:16; Gl 3:26; 4:4-7; Ef 1:5) para ilustrar que em Cristo todos são adotados por Deus. Similar sentido aparece em 1 João 3:1.

Batismo

O batismo, do grego Koinē βάπτισμα, geralmente significando “imersão”, é uma prática ritual cristã. Jesus Cristo ressurreto comissionou seus apóstolos a administrar o batismo na Grande Comissão (Mt 28:19, 20).

No período asmoneu propagou-se entre os judeus a prática de repetidas abluções para purificação ritual. Tais lavagens resultaram em construção de tanques (mikvé) ou uso de água corrente. Foi nesse sentido que o batismo de João e os batismos da comunidade de Qumran eram praticados.

No Novo Testamento o batismo cristão está associado ao perdão dos pecados (At 2:38; 22:16); união com Cristo (Gl 3:26; Rm 6:3-5); a recepção do Espírito Santo (At 2:38); e integração como membro do corpo de Cristo (Igreja) (1 Co 12:13).

Teologicamente, é considerado na tradição das igrejas livres como ato de obediência e testemunho público da conversão interior operada por graça.

Em conformidade com a raiz léxica de βαπτίζω, “mergulhar” ou “imergir” e com as exegeses acerca do batismo de João e dos apóstolos foi por imersão (cf. João 3:23; Atos 8:36-38), bem como testemunhos patrísticos (Didaquê 7) o modo por imersão tende a ser preferido entre denominações que praticam o batismo dos crentes, ou seja, com idade consciente e voluntariamente.

Discussões sobre a validade de outros modos (aspersão), consentimento (batismo infantil, batismo forçado), significado (batismo como aliança, batismo como símbolo, batismo como causa ou efeito regenerativo) e fórmula batismal permeiam a teologia cristã.

BIBLIOGRAFIA

Hellholm, David, Christer Hellholm, Øyvind Norderval, and Tor Vegge. Ablution, Initiation, and Baptism. 1. Aufl. ed. Vol. 176. Beihefte Zur Zeitschrift Fur Die Neutestamentliche Wissenschaft. Berlin/Boston: Walter De Gruyter GmbHKG, 2011.