Mishná

Mishná, derivado de shanah “repetir”. Registro do que seria no judaísmo rabínico a tradição oral ou Torá oral. Foi compilado por volta de 200 d.C. por Judá haNasi.

O conteúdo é uma expansão e explicação meticulosa de preceitos normativos, orientados por um estado ideal onde seriam aplicáveis as leis de pureza.

Em sua forma abrange as três tradições rabínicas de midrash (comentário expansivo de passagens bíblicas), halacá (normas em tipo texual argumentativo-dissertativo) e hagadá (normas em tipo textual narrativo). Junto dos comentários da Gemará constitui o Talmude.

O hebraico mishnaico difere do hebraico bíblico, incorporando uma sintaxe similar à indoeuropeia. Como um registro de longas tradições orais, a historicidade de seu conteúdo deve ser considerado criticamente como outras fontes. Contextualmente, o Mishná insere-se nos debates e visão de mundo do platonismo médio e da segunda sofística.

Apesar de traçar a origem da tradição oral no Sinai, raramente a Mishná reivindica para casos específicos uma origem na revelação no Sinai. Antes, registra debates que interpretam essa revelação.

Em algumas raras instâncias de uso canônicos entre cristãos, a lista de Ebed-Jesu, um erudito siríaco medieval, insere a “Tradição dos Anciãos”, talvez o Mishná ou parte dele (Pirkei Avot) como escrituras.

BIBLIOGRAFIA

Neusner, Jacob. “The Mishna in philosophical context and out of canonical bounds.” Journal of Biblical Literature 112, no. 2 (1993): 291-304.

Neusner, Jacob. The Mishnah: social perspectives. Vol. 47. Brill, 2002.

Rosen-Zvi, Ishay. “Rabbis and Romanization: A Review Essay.” Jewish Cultural Encounters in the Ancient Mediterranean and Near Eastern World (2017): 218-245.

Schwartz, Seth. The Mishnah and the limits of Roman power In: Reconsidering Roman power: Roman, Greek, Jewish and Christian perceptions and reactions [online]. Roma: Publications de l’École française de Rome, 2020 (generated 04 octobre 2021). Available on the Internet: <http://books.openedition.org/efr/5181&gt;. ISBN: 9782728314119. DOI: https://doi.org/10.4000/books.efr.5181.

Amoraita

Os amoraítas ou amoraim foram um grupo de estudiosos judeus que viveram e na antiga Palestina e Babilônia durante 200 d.C. a 500 d.C. Suas discussões e comentários do Mishná resultaram no Talmude, uma coleção de leis e tradições judaicas que continua sendo um texto central do judaísmo até hoje. Seus debates e discussões sobre a lei e prática judaica, e seus ensinamentos continuam a moldar o judaísmo normativo desde então.

Judaísmo Rabínico

A religião abraâmica chamada de judaísmo, mais precisamente judaísmo rabínico, é fundamentada em uma relação de aliança entre o povo israelita e Deus, conforme transmitida pela Torá escrita e oral preservada pelos rabinos.

Após a destruição do Segundo Templo de Jerusalém pelos romanos em 70 a.C, emergiu o judaísmo rabínico ou normativo. Com os remanescentes dos fariseus, o judaísmo encontrou na preservação da Lei (Torá) o meio de substituir o Templo destruído. Assim, a Lei Oral, ou a tradição dos anciãos, foi desenvolvida e compilada no Talmude.

O período dos diferentes sábios da era rabínica pode ser dividido em Zugot (século II aC), Tannaim (século II a III dC), Amoraim (século III a V dC), Savoraim (século V a VII dC), Geonim (século VII a XI século d.C), Rishonim (séculos XI a XV d.C) e Acharonim (séculos XVI a XIX d.C).

Ao longo de sua história, o judaísmo desenvolveu diferentes correntes denominacionais, incluindo ortodoxos, reformistas, conservadores e reconstrucionistas. O misticismo judaico também desempenhou um papel significativo, com o surgimento da Cabala na Idade Média e do hassidismo em contrapartida ao Iluminismo.

Os princípios centrais do judaísmo incluem a crença em um Deus, a importância da Torá e seus mandamentos e o conceito de Tikkun Olam ou consertar o mundo. A vida social e ritual do judaísmo inclui a observância semanal do sábado, oração diária, leis dietéticas kosher, circuncisão e vários festivais e feriados, como a Páscoa e o Yom Kippur.

O judaísmo tem uma longa história de enfrentamento do anti-semitismo, desde os tempos antigos até os incidentes modernos. Isso levou à perseguição, discriminação e violência contra as comunidades judaicas, culminando no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. A perseguição serviu também para definir a identidade e distinção entre judeus e gentios (não judeus).

Apesar de suas diferenças, o judaísmo compartilha muitos pontos em comum com outras religiões abraâmicas, como o samaritanismo, o cristianismo, os Beta Israel, o caraísmo, o islã, os druzos e a fé baha’i. Isso inclui a crença em um Deus, a importância dos textos religiosos e uma história compartilhada no Oriente Médio.