Blasfêmia refere-se, de modo geral, a manifestações que tratam Deus de maneira irreverente ou demonstram desprezo por Seu nome. Em termos bíblicos, o conceito abrange tanto palavras quanto ações que insultam ou desonram a Deus. Os termos hebraicos frequentemente associados a esse comportamento incluem qalal, que significa “insultar”, “gadap”, traduzido como “difamar”, e herep, que indica “desprezar”. Blasfêmia, portanto, não se limita à expressão verbal, mas pode ser manifestada por atos que desafiam os mandamentos ou o caráter de Deus.
No Antigo Testamento, a blasfêmia é tratada com extrema gravidade. Em Levítico 24:10-16, determina-se a pena de morte para quem blasfemar o nome do Senhor, declarando que “aquele que blasfemar o nome do Senhor certamente será morto”. Essa punição reflete a seriedade de desonrar o nome divino, especialmente no contexto da comunidade do povo de Deus. Tal ato é considerado uma violação dos dez mandamentos, que enfatiza a santidade do nome de Deus. O caso de um homem que blasfemou no acampamento israelita ilustra essa gravidade. Foi apedrejado, indicando que tais transgressões não eram apenas ofensas pessoais, mas também ameaças à santidade coletiva da comunidade. Além disso, diferentes formas de blasfêmia são mencionadas nas Escrituras, incluindo aquelas que levam outros ao desprezo por Deus, como se observa no pecado de Davi com Bate-Seba.
No Novo Testamento, o tema da blasfêmia continua a ser abordado, mas há uma distinção significativa em relação ao perdão. Embora a maioria das formas de blasfêmia possam ser perdoadas, a blasfêmia contra o Espírito Santo é considerada imperdoável, conforme Mateus 12:31-32. Esse pecado específico envolve uma rejeição deliberada da graça divina e a atribuição de Suas obras a forças malignas, revelando um coração endurecido que recusa arrependimento. Os ensinamentos de Jesus destacam que, embora falar contra Ele possa ser perdoado, a rejeição persistente da ação do Espírito Santo indica uma condição espiritual mais profunda que impede o perdão.
Além de insultar diretamente o sagrado, a blasfêmia também engloba a apropriação de prerrogativas que pertencem exclusivamente a Deus. Um exemplo proeminente disso ocorre em Mateus 9:3, onde Jesus, ao perdoar os pecados de um paralítico, é acusado pelos escribas de blasfemar. A lógica deles era que apenas Deus tem o poder de perdoar pecados. Ao afirmar esse poder, Jesus estava, do ponto de vista deles, reivindicando um atributo divino, o que era considerado a essência da blasfêmia.
O livro de Apocalipse descreve aqueles que blasfemam contra Deus e seu nome, mesmo em face de terríveis pragas, como em Apocalipse 16:11. Eles permanecem impenitentes, reforçando a ideia de que a blasfêmia é uma manifestação de um coração endurecido e de uma rejeição consciente da autoridade e da soberania divinas.
