Manuscrito Ashkar-Gilson

O Manuscrito Ashkar-Gilson (cerca de 600-700 d.C.) é um fragmento de um rolo da Torá contendo Êxodo 9:18–13:2 em forma consonantal proto-massorética. É um dos raros manuscritos intermediários entre o Texto Massorético e o Manuscritos do Mar Morto.

Desde os grandes códices massoréticos, a Canção do Mar foi transmitida com cuidado por copistas massoréticos com um layout específico. Os copistas usaram uma diagramação simétrica especial centralizada em blocos, com espaços em branco marcando o fim das unidades poéticas. Esse layout é encontrado em todos os rolos da Torá usados nas sinagogas atualmente e também aparece no Manuscrito Ashkar-Gilson sem qualquer desvio do arranjo posterior. Contudo, estão ausentes nos manuscritos do Mar Morto. Assim, o Manuscrito Ashkar-Gilson é um exemplar transicional entre os textos proto-massorético e massorético.

O manuscrito foi encontrado em Beirute, Líbano, em 1972, talvez venha da Geniza do Cairo. Continha Êxodo 13:19–16:1, a Canção do Mar. O Manuscrito Ashkar-Gilson foi doado à Universidade Duke. Em 2007, a universidade emprestou o fragmento ao Museu de Israel em Jerusalém, onde foi exibido no Santuário do Livro.

Enquanto estava em exibição, dois especialistas israelenses, Mordechai Mishor e Edna Engel, notaram que a caligrafia e o layout do Manuscrito Ashkar-Gilson eram semelhantes a outro fragmento de pergaminho conhecido como Manuscrito de Londres, que contém uma passagem anterior do Êxodo (Êxodo 9:18–13:2). Pesquisas adicionais confirmaram que ambos os manuscritos faziam parte do mesmo rolo da Torá, datado do século VII ou VIII d.C. O rolo reunido, contendo seções dos capítulos 9 a 16 do Êxodo, preenche uma lacuna crucial na história da transmissão do texto bíblico, fornecendo evidências de um estágio intermediário entre os Manuscritos do Mar Morto e os textos massoréticos.

BIBLIOGRAFIA

Sanders, P. “The Ashkar-Gilson Manuscript: Remnant of a Proto-Masoretic Model Scroll of the Torah”. The Journal of Hebrew Scriptures, vol. 14, Jan. 2014, doi:10.5508/jhs.2014.v14.a7.

Êxodo

Êxodo, em grego “partida” ou “saída”, e refere-se à saída dos israelitas do Egito. O título hebraico é Ve-eleh shemoth, as primeiras palavras do libro “e estes são os nomes”.

Continua onde termina o livro de Gênesis: com os israelitas no Egito. Entretanto, o povo de Israel é reduzido à escravidão (1). Deus emprega Moisés para libertar Israel (2-4). Contudo, o Faraó resiste e Deus responde enviando pragas ao Egito que cuminam com a morte do primogênito (5-13). Israel se prepara para a libertação celebrando a Páscoa. Depois da passagem miraculosa pelo mar e um cântico de vitória, o povo de Israel viaja pelo Deserto do Sinai, murmurando ao longo do caminho (14-18). No monte Sinai, Israel recebe os Dez Mandamentos e forma uma relação de aliança com Deus (19-24). Enquanto Moisés está recebendo instruções adicionais, Israel se rebelou construindo o bezerro de ouro (32). O povo Israel então constrói o tabernáculo conforme as instruções recebidas (25-40).

BIBLIOGRAFIA

Berlin, Adele. “The Book of Exodus.” In The Jewish Study Bible, edited by Adele Berlin and Marc Zvi Brettler, 107–214. 2nd ed. New York: Oxford University Press, 2014.

Fretheim, Terence E. Exodus. Interpretation: A Bible Commentary for Teaching and Preaching. Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 2014.

McEntire, Mark. Exodus, Leviticus, Numbers, Deuteronomy. Wisdom Commentary. Collegeville, MN: Liturgical Press, 2006.

Niesiołowski-Spanò, Łukasz. “The Plagues of Egypt: A Literary Reading.” In The Exodus: A Book of Deliverance, edited by Łukasz Niesiołowski-Spanò, 57–78. London: Routledge, 2022.

Sarna, Nahum. Exploring Exodus: The Origins of Biblical Israel. New York: Schocken Books, 1986.

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