Geoffrey Hugo Lampe

Geoffrey Hugo Lampe (1912-1980) ou G. W. H. Lampe, foi um teólogo, ministro e acadêmico anglicano cujas contribuições tiveram impacto significativo nos estudos patrísticos, no Novo Testamento e no ecumenismo.

Nascido em Bournemouth, Inglaterra, formou-se no Exeter College, Oxford, destacando-se nos estudos de Literae Humaniores e Teologia. Ordenado sacerdote anglicano em 1937, iniciou seu ministério como cura na paróquia de Okehampton, Devon. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como capelão no exército britânico, alcançando o posto de major e recebendo a Cruz Militar por bravura em 1945.

Após a guerra, Lampe iniciou uma carreira acadêmica notável. Foi Fellow e capelão do St John’s College, Oxford, de 1945 a 1953, e ocupou a cátedra Edward Cadbury de Teologia na Universidade de Birmingham entre 1953 e 1959. Em Cambridge, atuou como Ely Professor de Divindade de 1959 a 1970, tornando-se Regius Professor de Divindade em 1970 e permanecendo nessa posição até 1979. Também foi membro do Gonville and Caius College, Cambridge. Durante sua trajetória, exerceu influência tanto no meio acadêmico quanto na formação de novos estudiosos.

Sua obra no campo da patrística é notória, sendo o autor de A Patristic Greek Lexicon (1961), uma referência essencial para o estudo dos textos cristãos antigos em grego. Lampe dedicou-se ao estudo da doutrina do Espírito Santo, explorando-a em The Seal of the Spirit (1951) e nas Bampton Lectures intituladas God as Spirit (1977). Essas obras propuseram abordagens dinâmicas ao conceito do Espírito de Deus e revisaram formulações trinitárias tradicionais. Ele também participou do debate teológico contemporâneo como colaborador de The Myth of God Incarnate (1977), questionando aspectos centrais da cristologia.

Lampe era comprometido com o diálogo ecumênico, buscando cooperação entre diferentes denominações cristãs. Seus estudos de teologia bíblica destacaram a continuidade entre as revelações do Antigo e do Novo Testamentos. Como educador e líder acadêmico, influenciou gerações de teólogos e promoveu o avanço crítico da teologia.

Doroteu de Tiro

Doroteu de Tiro (século IV), autor patrístico e provável mártir sobre o qual pouco se conhece. A Doroteu é atribuído a autorida dos Atos dos Setenta Apóstolos. Este texto, que também pode ter sido conhecido como o Evangelho dos Setenta, representa uma tentativa de expandir e sistematizar a tradição apostólica além dos Doze Apóstolos mencionados nos Evangelhos e em Atos.

Doroteu supostamente nasceu em Antioquia e foi um sacerdote erudito. Eusebius de Cesareia (História Eclesiástica VII.32) menciona Doroteu como um eunuco e acadêmico cristão. Ele teria sofrido exílio durante a perseguição de Diocleciano, retornando posteriormente para participar do Concílio de Niceia em 325. Durante o reinado de Juliano, o Apóstata, foi novamente exilado para Odyssopolis (atual Varna, na Bulgária), onde, com 107 anos, teria sido martirizado.

Embora muitos escritos atribuídos a Doroteu sejam considerados pseudepígrafos, sua influência real ou atribuída é significativa. Uma de suas obras mais conhecidas é a Lista dos Apóstolos e Discípulos, uma compilação que combina tradição histórica e narrativa teológica.

Os Atos dos Setenta Apóstolos

Os Atos dos Setenta Apóstolos, como outros textos apócrifos, não fazem parte do cânone bíblico, mas oferecem informações sobre figuras mencionadas brevemente nas Escrituras. A lista inclui nomes como Estêvão, o primeiro mártir; Ananias, que batizou Paulo; e Filipe, que evangelizou na Ásia Menor. Além disso, há menções específicas sobre a missão de André, que teria ordenado Estácio como bispo de Bizâncio, destacando a antiguidade da sé episcopal de Constantinopla.

A narrativa conecta a tradição apostólica diretamente às igrejas locais, legitimando suas fundações e lideranças. Isso reflete um esforço do cristianismo primitivo para consolidar sua autoridade e presença geográfica, especialmente em um período de expansão e organização institucional.

A lista de discípulos e apóstolos atribuída a Doroteu é dividida em duas partes principais:

  1. Setenta Discípulos: Inclui figuras como Tiago, irmão do Senhor, primeiro bispo de Jerusalém, e Cleofas, segundo bispo de Jerusalém, que testemunhou a ressurreição. Essa seção traça a missão de discípulos menos conhecidos, vinculando-os a diversas regiões, como a Grécia, Ásia Menor, e até mesmo a Britânia.
  2. Os Doze Apóstolos: Aqui, destaca-se a missão e o martírio dos apóstolos, como Pedro em Roma, André em Acaia, e Tomé na Índia. Essas descrições enfatizam a universalidade da mensagem cristã e sua propagação global.

Os Atos dos Setenta não apenas fornecem uma visão ampliada das tradições apostólicas, mas também ilustram como a Igreja primitiva lidava com desafios de autoridade e legitimidade. A narrativa envolvendo o Patriarca de Constantinopla e o Papa João I, onde um documento atribuído a Doroteu é usado para mediar questões de precedência eclesiástica, demonstra a função dessas tradições no estabelecimento de hierarquias dentro da Igreja.

Romanos Melodos

Romanos Melodos (atuante na primeira metade do século VI), também conhecido como Romano, o Melodista, foi um hinógrafo e compositor siríaco.

Nasceu em Emesa (atual Homs), na Síria, em uma família judia. Foi cantor e é creditado pela invenção do kontakion, um tipo de poesia litúrgica bizantina. Ganhou o título de “O Melodista” devido ao seu talento excepcional em compor hinos em linguagem simples e métrica agradável. Seus hinos, escritos em grego, são considerados obras-primas e tiveram uma influência duradoura na música litúrgica bizantina.

Jacob de Serugh

Jacó ou Jacob de Serugh (451-521), também conhecido como Mor Jacob, foi um escritor e teólogo siríaco.

Nasceu na aldeia de Kurtam, no Eufrates. Tornou-se presbítero da Igreja do Oriente (Assíria). Compôs coleção de homilias sobre de temas teológicos e tópicos bíblicos, além da devoção à Virgem Maria.

Narsai de Nisibis

Narsai (c.399-502), também conhecido como Narsay, Narseh ou Narses, foi um poeta e teólogo da Igreja do Oriente (Assíria), sendo o fundador da Escola de Nisibis e um dos autores da patrística síria.

Nasceu em ‘Ain Dulba, atual Iraque. Faleceu em Nisibis, parte do Império Sassânida, localizado na atual Nusaybin, Mardin, Turquia.

Órfão aos 16 anos, foi educado pelo tio, abade do mosteiro de Kfar Mari. Depois estudou na Escola de Edessa, mais tarde tornou-se diretor (Rabban). Forçado a deixar Edessa, possivelmente devido a divergências teológicas, fundou a Escola de Nisibis restabelecida com o amigo Barsauma.

A Escola de Nisibis tornou-se um centro intelectual do Cristianismo da Síria Oriental, onde atuou como professor e administrador.

Seus ensinos foram em forma homilias em versos (“memre”), reconhecidas por sua beleza e complexidade.

Desenvolveu uma compreensão cristológica única, enfatizando a união das naturezas de Jesus Cristo. Salientava a relevância dos sacramentos na transformação espiritual. Defendia a vida ascética e a importância da vida ética.