O Vale de Bacá, em hebraico, עֵמֶק הַבָּכָא, emeq habbakha’, é um hapax legomenon, uma palavra que aparece uma só vez na Bíblia, referenciado no Salmo 84:6.
O termo בָּכָא (bakha’) pode se referir a uma planta específica, como a amoreira preta, planta ou arbusto, como a amoreira preta (cf. bakaim em 2 Samuel 5:23), mas também é foneticamente semelhante ao verbo hebraico בָּכָה (bakhah), que significa “chorar” ou “pran tear”. Isso permite uma leitura metafórica como “choro” ou “aflição”. A frase aparece em uma estrutura quiástica e paronomasia, indicando profundo significado literário e simbólico em vez de uma localização geográfica específica. Entre os que pensam ser uma localidade, talvez fosse um vale árido em uma rota de peregrinação para Jerusalém, tal como o vale de Refaim
A estrutura quiástica na literatura bíblica é uma técnica literária onde os elementos são apresentados e depois repetidos em ordem inversa. Isso cria um padrão espelhado, frequentemente enfatizando o ponto ou tema central da passagem. Em Salmo 84:6, essa estrutura pode ser observada na construção do versículo:
- A – “Ao passarem pelo vale de Baca,”
- B – “fazem dele um lugar de fontes;”
- B’ – “as chuvas de outono também o cobrem de bênçãos.”
Aqui está a estrutura quiástica em detalhe:
- A: A menção do vale de Baca.
- B: A transformação do vale em um lugar de fontes.
- B’: As chuvas de outono cobrindo-o com bênçãos.
Nesta estrutura quiástica:
- A define a cena com o Vale de Baca, um lugar associado ao pranto ou condições áridas.
- B e B’ descrevem a transformação deste lugar, enfatizando renovação e bênção.
Essa estrutura destaca o tema central de transformação e bênção que ocorre mesmo em um lugar de tristeza ou aridez. A repetição e inversão de temas sublinham a ideia de que, através da fé e peregrinação, dificuldades podem ser transformadas em bênçãos.
Paronomásia, ou trocadilho, é uma figura de linguagem que envolve o uso de palavras que têm som semelhante, mas significados diferentes, para criar um efeito retórico ou humorístico. Em Salmo 84:6, a paronomásia é observada na relação entre o termo “Baca” e a palavra hebraica para “choro” ou “pranto” (בָּכָה, bakha).
Significado Duplo: A sonoridade similar entre “Baca” e “bakhah” cria um trocadilho, sugerindo que o “Vale de Baca” pode ser interpretado tanto como um lugar literal associado a certa vegetação, quanto como um “Vale de Pranto” ou “Vale de Aflição,” onde as dificuldades são transformadas em bênçãos.
A paronomásia aqui permite uma leitura dupla: a literal, que poderia se referir a uma região física, e a metafórica, que associa o vale a um lugar de sofrimento e renovação espiritual. Isso reflete a profundidade poética do Salmo, mostrando como lugares de aflição podem ser transformados em fontes de alegria e bênçãos através da fé.
