O Judaísmo caraíta ou caraísmo é uma religião israelita que reconhece como autoridade somente as Escrituras Hebraicas (Tanakh). É distinto do judaísmo rabínico ou rabanita, que considera a tradição ou Torá Oral, conforme codificada no Talmud e obras subsequentes, como de proveniência divina.
Desde o Segundo Templo o judaísmo estava dividido entre aqueles que aceitavam ou não a tradição oral como de origem divina. A compilação dessas tradições na Mishná e da Gemará entre os séculos III e VI d.C. contribuiu para a emergência do judaísmo rabínico, que ganhou hegemonia depois das últimas revoltas samaritanas de 630 d.C. e da unificação política proporcionada pelo advento do islã. Contudo, nem todas comunidades aceitaram a autoridade rabínica. Um exemplo de reação foi o movimento de Anan ben David (715-795), no califado abássida. No século IV d.C., vários grupos que rejeitavam a Torá Oral passaram ser conhecidas como caraítas.
Segundo algumas tradições, o judaísmo chegou a contar com 40% dos judeus do mundo do Mediterrâneo em sua fase áurea (séc. IX-XI). Teve centros significantes no Egito, Espanha, Rússia, Ucrânia, Mesopotâmia e Palestina. Na Crimeia a comunidade caraíta de língua turca, os Karaims ou Qarays mantém uma longa história distinta. Um de seus hakham Abraham Firkovich (1786-1874) foi um erudito bíblico, escritor e colecionador de manuscritos antigos. Outro membro dessa comunidade, Seraya Shapshal (1873–1961), tentou argumentar a origem turca dos caraítas diante do panturquismo e do antissemitismo.
Os caraítas tem suas próprias tradições — embora sujeitas à validação do texto escrito da Bíblia. Suas congregações (kenessa) são lideradas por anciãos leigos (hakham). Os serviços consistem em recitações de trechos bíblicos e orações com complexos rituais de genuflexão. Comem um cordeiro assado na páscoa. Não usam filactérios (tefilin) ou mezuzá. Normalmente não acendem luzes nos sábados.
Atualmente cerca de 50 mil caraítas existem, a maior parte vivendo em Israel.
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