Codex Bezae

O Codex Bezae Cantabrigensis, designado pela sigla Dea or 05 δ 5 é um importante códice do Novo Testamento datado do século V.

Foi escrito em caligrafia uncial em pergaminho e contém, em grego e latim (versão Vetus Latina), a maioria dos quatro Evangelhos e Atos, com um pequeno fragmento da Terceira Epístola de João.

Está diagramado com uma coluna por página, tem 406 folhas de pergaminho (26 por 21,5 cm), talvez de um original 534, e as páginas gregas à esquerda são latinas à direita.

Acredita-se que o manuscrito tenha sido reparado em Lyon no século IX, onde esteve por muitos séculos na biblioteca monástica de Santo Irineu em Lyon. Durante as Guerras Religiosas da Reforma, o manuscrito foi retirado de Lyon em 1562 e dado a Theodore Beza. Beza doou-o à Universidade de Cambridge.

Textualmente, é muito próximo ao Codex Glazier. O texto grego do Codex Bezae é notável por suas numerosas interpolações, ausências e reformulações de frases, características que o distinguem de todos os outros manuscritos. Cunnington (1926) catalogou algumas leituras mais peculiares, demonstrando a extensão das variações textuais. O texto latino também apresenta suas peculiaridades, e a relação entre os textos grego e latino é um ponto de debate. O texto grego teria se desenvolvido independentemente e precedeu o latim, embora ocasionalmente tenha sido posteriormente adaptado a ele. O texto latino, por sua vez, é frequentemente considerado uma tentativa de tradução do grego, e uma tradução de qualidade inferior.

A avaliação da confiabilidade do Codex Bezae é complexa. O texto grego, em particular, é geralmente considerado uma testemunha não confiável. Suas interpolações e outras peculiaridades textuais sugerem um texto que se afastou consideravelmente da tradição textual principal. Essa avaliação, embora justificada, não deve levar à rejeição total do Codex Bezae.

A própria peculiaridade do Codex Bezae, paradoxalmente, confere-lhe um valor único. O manuscrito descende de um ramo antigo e distinto da tradição manuscrita. Portanto, embora não seja confiável como testemunha primária do texto original, o Codex Bezae se torna um importante testemunho corroborativo onde concorda com outros manuscritos antigos. Nesses casos, sua concordância com outras testemunhas de peso empresta maior credibilidade à leitura em questão, reforçando a probabilidade de que ela represente uma forma muito antiga do texto.

Uma consideração sobre “Codex Bezae”

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