A Igreja Evangélica Livre Italiana (Chiesa Evangelica Libera Italiana), também chamada de Igreja Cristã Livre da Itália (Chiesa Cristiana Libera d’Italia), ou simplesmente Igreja Livre (Chiesa Libera), foi uma denominação evangélica parte do risveglio italiano no século XIX.
HISTÓRIA
Inicialmente foi formada em 1850 em Londres entre exilados italianos. Nos dois anos seguintes o crescimento dos evangélicos na Itália coincidiu com a expansão política do Reino de Piemonte e Sardenha junto de sua política de tolerância religiosa. Nesse ambiente, vários evangélicos italianos propuseram em Gênova em 1852 a ideia de unir todos os protestantes em uma única igreja evangélica na Itália.
Neste contexto no Risorgimento, esse movimento atraiu novos convertidos predominantemente de tendências anticlericais, liberais, democráticas e garibaldianas. Contudo, diferenças culturais (e linguística), políticas e eclesiológicas com os valdenses levaram a uma ruptura com eles em 1854. A tentativa de unir-se com as denominações históricas protestantes de origem estrangeira também não fruiu.
O movimento cresceu até antigir cerca de 60 comunidades em 1870, quando ocorreu a cisão com a ala “espiritual”, menos politizada e mais congregacionalista, que levou à formação das Igrejas Cristãs Livres dos Irmãos (Chiese cristiane libere dei fratelli). A partir de então, a Igreja Evangélica Livre passou a existir separadamente com 23 igrejas.
Entre seus principais líderes estavam o ex-padre católico barnabita Alessandro Gavazzi (1809-1889) e Bonaventura Mazzarella (1818-1882). Com a morte de seus principais líderes a denominação enfraqueceu. Então, em 1904, a igreja livre fundiu-se oficialmente com a Igreja Metodista Italiana. Vários de seus membros também foram absorvidos por batistas e outros grupos evangélicos.
DOUTRINA E PRÁTICA
A Igreja Evangélica Livre inspirava-se muito da teologia e organização das igrejas livres do réveil suíço. Como parte desse avivamento continental, valorizava a conversão pessoal por fé em Jesus Cristo, guia do Espírito Santo no culto e a rejeição de práticas tidas como não bíblicas das igrejas estabelecidas (especialmente do catolicismo romano). Possuía uma eclesiologia mista prebítero-congregacionalista, tendo como dirigentes anciãos e diáconos leigos.
Seus artigos de fé expressam muito do entendimento do risveglio italiano do século XIX, do qual há traços de continuidade no movimento pentecostal italiano e movimentos correlatos.
Seu caráter livre resulta dos princípios adotados:
- Liberdade do sectarismo: rejeição de privilegiar-se uma forma ritual ou doutrinária em detrimento as outras. Antes, a liberdade de quem se identifica com o corpo de Cristo nas igrejas é formada por todos aqueles que n’Ele creem com pureza de coração.
- Liberdade de autoritarismo: rejeição de uma organização unitária, porque temiam o formalismo e o autoritarismo quer personalista quer de um conselho ou comissão dirigente.
- Liberdade de expressão: qualquer pessoa, de qualquer origem social, poderia propor um hino, levantar uma oração, ler e comentar uma passagem bíblica. A Santa Ceia foi compreendida como a festa da liberdade dos filhos de Deus. Ao ministério ordenado competia as funções de ensino, gestão e orientação.
- Liberdade econômica: não haveria dependência financeira quer do Estado, quer denominações estrangeiras. Antes, a igrejas locais deveriam esperar da parte de Deus a resposta às suas necessidades, através da oração.
BIBLIOGRAFIA
Maselli, Domenico. Tra risveglio e millennio. Torino: Claudiana, 1974.
Spini, Giorgio. L’evangelo e il berretto frigio. Storia della Chiesa Cristiana Libera in Italia (1870-1904). Torino: Claudiana, 1971.
Spini, Giorgio. Risorgimento e protestanti. Milão: Il Saggiatore, 1989.

Uma consideração sobre “Igreja Evangélica Livre Italiana”