Dupla justificação

Doutrina da duplex iustitia, ou dupla justificação, foi uma teoria acerca da justificação defendida por Martin Bucer, Albert Pighius e pelo Cardeal Contarini.

Contarini distinguia entre justiça inerente — a qual seria adquirida por meio de boas obras e graça santificante — e justiça imputada — a qual seria adquirida pela fé por meio da justiça imputada de Cristo.

A teologia de Bucer centrou-se na ideia de dupla justificação ou duplex iustitia. Bucer acreditava que a posição correta de uma pessoa diante de Deus tinha dois aspectos: formal e material. O aspecto formal era baseado nos méritos de Cristo e declarado pela justiça de Deus, enquanto o aspecto material era a renovação interior de uma pessoa através da regeneração e santificação.

A doutrina da dupla justificação de Bucer enfatizou a importância tanto do perdão dos pecados quanto da renovação interior, e enfatizou a exibição da retidão na vida dos crentes. Ele interpretou Romanos 8:4a como “pode ser realizado por nós”, o que estava de acordo com as visões de justificação de Agostinho e Aquino. Bucer acreditava que a justificação somente pela fé declarava os cristãos como justos e os capacitava a se tornarem justos. Sua doutrina da justificação era o guarda-chuva sob o qual sua soteriologia funcionava, enfatizando a importância tanto da fé quanto das obras na vida cristã.

A justificação inicial era somente pela fé, mas as boas obras seriam necessárias como causa parcial da aceitação final por Deus. Entretanto, no momento da morte, porém, o bom fruto produzido em nós pelo Espírito Santo não seria suficiente. Portanto, até o mais santos dos crentes deve confiar nos méritos de Cristo.

Essa doutrina ganhou uma aceitação provisória nas negociações de reconciliação entre católicos e reformadores, mas acabaria rejeitada pela escolástica protestante e pelo concílio de Trento.

BIBLIOGRAFIA

Venema, Cornelis P. Accepted and Renewed in Christ: The “Twofold Grace of God” and the Interpretation of Calvin’s Theology. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2007, 163-70.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: