Apocalipses Acadianos

Os apocalipses acadianos, também chamados de profecias acadianas, constituem um grupo de seis textos da antiga Mesopotâmia. Esses textos incluem o Texto A, o Texto B, a Profecia de Šulgi (Texto C), a Profecia de Marduk (Texto D), a Profecia de Uruk e a Profecia Dinástica.

A classificação sobre o gênero textual desses escritos cuneiformes é debatida. Ora chamados de apocalipses, ora de profecias, talvez sua classicação como literatura preditiva seja melhor. Embora cada texto tenha características distintas, compartilham alguns aspectos.

Possuem previsões pós-evento, vaticinia ex eventu, em que descrevem os reinados de sucessivos reis, retratando-os em termos positivos ou negativos. Assim, justificam ideias ou instituições existentes ou prever a queda futura de adversários desprezados. Os textos geralmente repetem que “um rei ou príncipe surgirá”, mas com anonimato acerca desse governante, permitindo várias interpretações. No entanto, é provável que o significado pretendido fosse compreensível pela audiência intencionada.

A sequência de reis culmina em um governante ideal. Esse rei justo triunfa sobre os inimigos, restaura templos e garante prosperidade para a terra.

Em termos de data e origem, os textos A-D são originários de arquivos neoassírios, com fragmentos do Texto B originários de Nippur. Embora aparentemente pertençam aos governantes do final do segundo milênio, seu conteúdo também se alinha com as preocupações do período neoassírio. Já a Profecia de Uruk e a Profecia Dinástica têm origens babilônicas tardias, refletindo a história política da era helenística.

As Profecias de Marduk e Šulgi, pertencentes à mesma série. Elas são escritas na primeira pessoa com um estilo que lembra as autobiografias reais, enquanto as outras são escritas na terceira pessoa. Em contraste com os textos babilônicos tardios, as composições neoassírias incorporam elementos mitológicos, particularmente evidentes nas profecias de Marduk e Šulgi, que são apresentadas como discursos proferidos diante da assembleia divina.

Esses textos preditivos literários posussem semelhanças com alguns oráculos messiânicos na Bíblia hebraica. Há paralelos com Jeremias 23:5–6 e Zacarias 6:12–13, especialmente a expectativa compartilhada de uma futura era áurea de bem-estar da terra, a derrota dos adversários e a preservação florescente dos templos sob o domínio de um rei justo.

BIBLIOGRAFIA

Nissinen, Martti. Prophetic Divination: Essays in Ancient Near Eastern Prophecy. Berlin, Boston: De Gruyter, 2019. https://doi.org/10.1515/9783110467765

Uma consideração sobre “Apocalipses Acadianos”

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