Jonas

A aventura do profeta mostra que os erros humanos são passíveis de arrependimento.

Jonas foge da ordem de Deus de ir pregar o arrependimento ao povo de Nínive e é lançado ao mar (1). No ventre do grande peixe Jonas ora e é lançado na terra, indo pregar a Nínive (2-3). Após o arrependimento do povo, Jonas se frustra, mas Deus exige compaixão.

Diferente dos outros livros proféticos, o Livro de Jonas apresenta uma sátira. O profeta é teimoso, desobediente e falta compaixão humana.

A narrativa é situada nos tempos do reino de Israel e antes da queda de Nínive (612 aC). Jonas é tradicionalmente identificado com o profeta desse nome mencionado em 2 Re 14:25. A composição é geralmente datada do período persa.

A compaixão de Deus aparece como tema central do livro (Jo 4,2). Esta fórmula referente à compaixão divina ocorre em outras passagens (Êx 34:6-7, Nm 14:18; Sl 86:15; 103:8; 145:8; Joel 2:13; Ne 9:17).

Notoriamente, o Livro de Jonas apresenta animais como personagens centrais. É um grande peixe (baleia, ou keta, na Seputaginta) que engole o profeta, os animais jejuam na cidade arrependida, Deus tem compaixão dos animais e é um pequeno bicho quem come a aboboreira que abriga Jonas.

BIBLIOGRAFIA

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Bolin, Thomas M. “Jonah 4:11 and the Problem of Exegetical Anachronism.” Scandinavian Journal of the Old Testament 24.1 (2010): 99–109.

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Sherwood, Yvonne. A Biblical Text and Its Afterlives: The Survival of Jonah in Western Culture. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.


Epístola de Judas

Advertências para persistir na fé diante de enganadores.

A Epístola de Judas, uma carta concisa do Novo Testamento, dirige-se a uma comunidade de judeus crentes em Cristo, instando-os a resistir à influência dos mestres antinomianos (“contra a Lei”) e a defender as implicações morais de sua fé conforme ensinada pelos apóstolos.

Posicionado como o vigésimo sexto livro do Novo Testamento do cãnon ocidental, Judas é classificado como uma “Epístola Geral” ou “Epístola Católica”, indicando seu público-alvo como a comunidade cristã mais ampla, embora alguns estudiosos modernos defendam um público mais específico.

A autoria de Judas gerou debates, com o escritor se apresentando como “servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago”. Enquanto alguns o associam a Judas, irmão de Jesus, outros consideram a possibilidade de autoria pseudônima. A ênfase da carta numa salvação comum é vista como indicativa de uma era pós-apostólica, promovendo uma fé partilhada.

Acredita-se que o contexto histórico de Judas varie entre 50 e 110 dC. A localização geográfica é incerta, embora a Palestina ou a Ásia Menor pareçam provávéis. A carta aborda uma comunidade que enfrenta desafios de mestres que promovem a frouxidão moral e o desrespeito pela Lei Judaica.

A perspectiva teológica de Judas enfatiza o arrependimento e as boas obras para a salvação, omitindo menções explícitas às doutrinas da expiação ou da ressurreição. Notavelmente, sua postura doutrinária alinha-se com a Epístola de Tiago e possui muitos paralelos com 2 Pedro.

O termo “fé” tem uma variedade de significados no Novo Testamento. Em Judas 3, a fé pareece referir-se ao conteúdo doutrinário e à constância (fidelidade) dos crentes, mas não ao ato de acreditar. Já advérbio “de uma vez por todas” (ἅπαξ, hapax) parece indicar que as convicções doutrinárias da igreja primitiva haviam chegado a um consenso via ensino apostólico.

Judas se envolve na interpretação tipológica das Escrituras, justapondo figuras contemporâneas com personagens bíblicos para ilustrar lições morais. Baseia-se em fontes não-canônicas, notadamente o Testamento de Moisés e 1 Enoque, sendo este último citado diretamente nos versículos 14–15.

A estrutura de Judas segue um formato típico de carta greco-romana, composta por endereço, saudação, proêmio, meio do corpo com interpretações de vários textos e uma seção de encerramento com apelos e doxologia.

Referente à canonicidade, a Epístola de Judas integra a antilegômena. No final do século II d.C., Judas foi aceito como escritura no norte da África por Tertuliano e em Alexandria por Clemente e Orígenes. Houve questionamentos acerca de sua autoria por Eusébio. A citação de 1 Enoque por Judas foi um problema para Tertuliano (de Cult. fem. 1.3) e Jerônimo (De Vir. III. 4). Aparece no Cânone Muratoriano (II-IV d.C.), na lista de Atanásio em 367 e.c., e na Bíblia Siríaca de Filoxeno no século VI, mas não em muitas recessões da Peshitta.

Apesar de sua brevidade e relativa negligência pelos exegetas, a Epístola de Judas ganhou atenção por seu uso de escrituras não canônicas, complexidade textual, retórica inflamada e sua contribuição para as primeiras ideias cristãs. Figuras posteriores como Martinho Lutero associaram Judas a controvérsias teológicas específicas e a olharam com desdém.

Nos estudos contemporâneos, a epístola Judas permite vislumbrar o cristianismo judaico primitivo, demonstrando o entrelaçamento de eventos históricos com expectativas escatológicas e o uso de interpretação tipológica para transmitir ensinamentos morais.

BIBLIOGRAFIA

Bauckham, R. Jude and the Relatives of Jesus in the Early Church. London: T&T Clark, 1990, 2004.

1 João

O tema dessa epístola joanina é a pessoa de Jesus Cristo possibilita o amor na  conduta cristã.

Depois de um prólogo que afirma uma fundamentação no testemunho da obra de Jesus (1:1-4), essa epístola apresenta o que seria verdadeira mensagem de Jesus: o amor recíproco (1:5-3:24). Convida a exercitar uma avaliação crítica daquilo e de quem se apresenta, (4:1-5:12), tendo o amor como o teste essencial (4:7-21). Encerra com um pós-escrito sobre pecados, perdão e doutrina correta (5:13-21).