Tertuliano

Tertuliano (c.160-c.220 d.C.) foi um autor patrístico ativo no final do século II e início do III. Escreveu principalmente apologias do cristianismo para uma audiência romana não cristã, além de defender as doutrinas proto-ortodoxas diante de movimentos e ideias heterodoxas.

Foi o primeiro grande autor latino do cristianismo, apesar de ter escrito algo também em grego, mas hoje perdido. 

Originário de Cartago, filho de uma família não cristã, recebeu uma boa educação retórica e jurídica. Provavelmente esteve em Roma (cf. Eus. Hist.Eccles . 2,2,4). Grande parte de sua vida permanece desconhecida ou duvidosa, como as circunstâncias de sua conversão ao cristianismo. 

Tradicionalmente, era pensado que tenha sido um advogado e seu nome é associado ao jurista homônimo mencionado no Digesto de Justiniano.  Apesar do vocabuário jurídico de sua teologia, nada há que indique com segurança que realmente tenha sido um jurista.

Seus primeiros escritos, datados da última década do século II, indicam que era um membro leigo, ainda com um papel de liderença, da comunidade cristã de Cartago. Aderiu aos montanistas, cujas ideias e ideais aparecem em muitos de seus tratados (por exemplo, Ad uxorem e De monogamia ), sendo adepto de um padrão de comportamento rigoroso. 

Um movimento chamado de tertulianistas (cf. Aug. De haer . 86) deriva seu nome dele, mas não se sabe quem foi seu fundador ou sua relação com Tertuliano.

Seus escritos foram recepcionados por outros autores latinos do norte da África, como Cipriano e Agostinho.

Compôs escritos apologéticos (por exemplo, o Apologeticum ) e obras polêmicas (por exemplo, Adversus Iudaeos e Adversus Marcionem ), a obras homiléticas (por exemplo, De oratione , sobre a oração do Senhor ), e tratados sobre várias questões éticas e práticas do cristianismo primitivo.

Cunhou vários termos teológicos latinos, como trinitas, peccatus e persona.

Montanismo

O montanismo designa um avivamento de fervor entre cristãos na Frígia, atual Turquia, no século II, quanto vários movimentos posteriores que mantiveram as práticas de profecias ou manisfestações carismáticas nas igrejas.

Uma das únicas fontes históricas dos próprios montanistas é Tertuliano, adepto de uma de suas vertentes. Segundo Tertuliano, para os montanistas o Espírito Santo através da profecia esclarecia dificuldades em entender as Escrituras. As profecias montanistas não continham novo conteúdo doutrinário, mas impunham rígidos padrões comportamentais em busca de santificação.

Como em todos movimentos espirituais, surgiram excessos e também falsos profetas. O montanismo não era um só movimento, mas várias vertentes, as quais sobreviveram até o século IV.

No século IV, ou seja, duzentos anos depois do avivamento, surgiu um movimento aliado ao estado romano antimontanista. Quase tudo que sabemos sobre o montanismo vem dessa época e por autores antimontanistas (Jerônimo, Epifânio, Agostinho, Eusébio). Dada a distância temporal e o viés antimontanista, é muito pouco o valor histórico desses autores sobre esse tema.

O uso do termo ‘montanista’ para referir-se à atitude de considerar revelações extáticas superior às Escrituras não reflete o movimento histórico, tal como suas evidências permitem conhecer.