Cronologia do surgimento da civilização

Uma linha do tempo das principais marcas pré-históricas do Antigo Oriente Próximo.

20.000-12.000 a.C.A cultura Kebarana, descoberta em sítios arqueológicos como o Monte Carmelo, em Israel, e a caverna Kebara, que dá nome à cultura, representa um marco na evolução cultural do epipaleolítico no Levante. Os Kebarianos eram caçadores-coletores nômades, especializados na caça de gazelas e outros animais, utilizando ferramentas de pedra lascada avançadas, como lâminas e pontas de projéteis finamente trabalhadas. Viviam em cavernas e abrigos rochosos, construindo fogões e estruturas simples para proteção contra o clima. A descoberta de sepultamentos intencionais, como na cultura Kebarana, demonstra a adaptabilidade e a capacidade de inovação dos humanos.

18.000-10.000 a.C. A cultura Mushabiana, identificada em sítios arqueológicos como Wadi Kubbaniya, no Alto Egito, representa uma das primeiras adaptações humanas às condições áridas do Norte da África. Caracterizada por uma economia baseada na caça, pesca e coleta de plantas selvagens, a cultura Mushabiana demonstra um estilo de vida semi-sedentário, com habitações em cavernas e abrigos rochosos, além de acampamentos a céu aberto. Os Mushabianos desenvolveram ferramentas de pedra lascada especializadas, como pontas de projéteis e lâminas de foice, utilizadas para processar plantas e animais. A presença de contas e pingentes sugere o desenvolvimento de expressões simbólicas e ornamentação pessoal. Embora ainda não praticassem a agricultura, os Mushabianos já demonstravam um conhecimento do ambiente e dos recursos naturais disponíveis.

13.050-7.750 a.C. – No Levante, a cultura Natufiana floresce em resposta à crescente desertificação. Esses povos semi-sedentários, abrigando-se em cavernas e acampamentos como a Caverna de Shuqba (onde a cultura foi primeiramente identificada), desenvolveram técnicas de colheita de grãos selvagens para produção de pão e cerveja, além da caça de gazelas. Domesticavam cães e demonstravam hierarquização social em seus cemitérios. A escultura dos “Amantes de Ain Sakhri” (9.000 a.C.), encontrada na caverna de Ain Sakhri (Belém), é um exemplo da arte Natufiana.

10000 a.C. Mudanças climáticas iniciam a desertificação da Arábia e do Sahara. As populações respondem com maior mobilidade e estabelecendo-se em oásis. A pressão para garantir a subsistência com poucos recursos força o crescimento de complexidade social e o início de atividades econômicas contínuas no pastoralismo e agricultura.                        

9.700-8.600 a.C. A cultura Khiamiana floresceu no Levante durante o Neolítico Pré-Cerâmico A (PPNA), marcando um passo na transição para sociedades agrícolas e sedentárias. Seu nome deriva do sítio arqueológico de El Khiam, na Jordânia, onde foram encontradas as distintivas pontas de flecha “El Khiam”. Os Khiamianos construíam aldeias com casas circulares de pedra, e sua economia combinava a caça e a coleta com o cultivo de cereais como trigo e cevada. A descoberta de moinhos de mão e foices indica o processamento de grãos para alimentação. Embora ainda não produzissem cerâmica, os Khiamianos fabricavam recipientes de pedra e utilizavam instrumentos de osso e madeira.

9000 a.C. Em uma planície no norte da Mesopotâmia em uma região que é hoje Turquia floresceu o centro cerimonial de Göbekli Tepe (10.000-8.000 a.C.). Este seria o templo mais antigo encontrado, composto de monumentos megalíticos em formato de T, decorado com alto relevo de animais e figuras humanas. O espantoso é que essa população não praticava a agricultura, não conhecia a cerâmica, os metais ou a roda. As ricas fauna e flora eram suficientes para manter essa população semi-urbana, sendo comparável ao Jardim do Éden.

8800 a.C. No neolítico inicial (pré-cerâmico) a agricultura de aveia e trigo desenvolve-se na Crescente Fértil, com centros urbanos em em Byblos, Gilgal (ambas nas costas da Fenícia) e Tell es-Sultan (Jericó). Nesse último local, foi erguida uma torre e um muro ao redor da cidade. Mais tarde, em Tell Aswad, no sul da Síria, passou-se a construir casas de adobe, utilizar lâminas de obsidiana, moldar figuras em argila, produzir cestos e a domesticação de animais. 

7500 a.C. O centro cerimonial de Nabta Playa, no Deserto da Núbia, a leste do Nilo, contém vestígios de sacrifícios de animais e de monumentos para a observação astronômica.  

O sítio arqueológico de Uan Muhuggiag, na Líbia, possui evidências de ocupação desde o sexto milênio a.C. até 2.700 d.C., com a múmia Tashwinat encontrada no local data de cerca de 3500 a.C.

6500-3800 a.C. No Período Ubaid a agricultura e a domesticação de animais intensificam no sul da Mesopotâmia. Nas várias vilas há o trabalho coordenado de irrigação e avanço da cerâmica. Passam a usar tijolos secos ao sol. Outras culturas quase contemporâneas e semelhantes na região são as de Samarra, Halaf e Hassuna, nesta última se inicia a fundição de cobre. Houve uma crescente complexidade social e o surgimento de elites.

4500 a.C. Difusão da metalurgia (cobre) no Oriente Médio e Anatólia. A mineração de cobre em Timna, no deserto do Negebe, iniciou-se por volta de 5500 a.C. e durou até o século I d.C.

4000 a.C. A desertificação do Saara e de áreas na Arábia próximas à Mesopotâmia, Síria e Canaã levam a uma pressão para habitar em sociedades urbanas, com a produção especializada de alimentos, surgindo o comércio e a redistribuição de víveres nos templos que funcionavam como proto-estados.

4000-3100 a.C. Na Mesopotâmia surge a civilização de Uruk I (pré-literária), com cidades-estados, templos, estratificação social, uso de sinetes (bullae) com pictogramas que evoluíram para a escrita.

3300–1200 a.C. Início da Idade do Bronze. A liga de cobre e estanho permitiu desenvolver ferramentas mais duras, ampliando a agricultura e o início da militarização. Comércio de longo alcance liga a Ásia, Europa e África.

1200–520 a.C. Idade do Ferro. Intensifica o comércio. Disseminação da escrita fenícia (canaanita). Formação dos pequenos estados arameus e levantinos. Expansionismos egípcio, assírio e babilônico.