Theological Dictionary of the New Testament

O Theological Dictionary of the New Testament (TDNT), é um dicionário em 10 volumes editado por Gerhard Kittel e Gerhard Friedrich, e traduzida do alemão ao inglês por Geoffrey W. Bromiley.

O TDNT contém verbetes com análise exaustiva do vocabulário grego do Novo Testamento, mas com viéses teológicos. James Barr critica o Theological Dictionary of the New Testament (TDNT) por suas falhas metodológicas e conceituais. A obra confunde palavras com conceitos, ao tentar apresentar uma “história de conceitos” enquanto segue um formato baseado em palavras individuais. Segundo Barr, essa abordagem distorce a relação entre linguagem e teologia, podendo levar a interpretações equivocadas de textos bíblicos. Ele destaca que ideias teológicas frequentemente possuem uma complexidade que não pode ser reduzida ao significado de palavras isoladas.

Barr também aponta deficiências metodológicas no TDNT, descrevendo suas práticas linguísticas como desorganizadas e falhas. Ele critica o uso frequente de etimologias irresponsáveis e a falta de aplicação de princípios linguísticos sólidos. Isso pode resultar em erros exegéticos, como a falácia do “transferência de totalidade ilegítima,” onde todos os possíveis significados de uma palavra são incorretamente assumidos como aplicáveis em qualquer contexto. Por fim, alerta sobr interpretar as conclusões do TDNT com cautela devido às suas fragilidades metodológicas.

Maurice Casey, embora menos destacado nessas discussões, compartilha preocupações semelhantes. Seu trabalho ressalta a importância do contexto e da precisão linguística na interpretação bíblica, alinhando-se à ênfase de Barr na rigorosidade metodológica e na necessidade de uma análise cuidadosa de dicionários teológicos como o TDNT.

Apesar dessas críticas, é uma fonte para registro dos diferentes usos de cada termo, desde o grego clássico, a Septuaginta, a literatura judaica intertestamentária, Filo, Josefo, no Novo Testamento e na patrística.

BIBLIOGRAFIA

Casey, Maurice. “Some Anti-Semitic Assumptions in the” Theological Dictionary of the New Testament”.” Novum Testamentum 41.Fasc. 3 (1999): 280-291.

The New Interpreter’s Dictionary of the Bible

The New Interpreter’s Dictionary of the Bible (NIDB), editado por Katherine Doob Sakenfeld, é uma obra de referência abrangente e atualizada que se tornou indispensável para estudiosos, estudantes e qualquer pessoa interessada em aprofundar seu conhecimento bíblico. Publicado em cinco volumes pela Abingdon Press entre 2006 e 2009, o NIDB oferece uma análise detalhada e contextual do mundo bíblico, abordando uma vasta gama de tópicos cruciais para a compreensão das Escrituras.

Com mais de 7.000 páginas e milhares de verbetes, o NIDB explora temas fundamentais como arqueologia, história, geografia, linguística, teologia e análise literária. Inclui descobertas arqueológicas que iluminam as culturas e eventos mencionados na Bíblia, o contexto histórico de Israel e do antigo Oriente Próximo, bem como descrições detalhadas de locais bíblicos. A obra dedica-se à análise das línguas originais da Bíblia, com atenção especial à semântica e à etimologia, além de explorar temas teológicos centrais e diferentes perspectivas interpretativas. Estuda também os gêneros literários presentes nas Escrituras e discute a recepção e influência da Bíblia ao longo da história, cultura e arte, destacando métodos variados de interpretação.

O diferencial do NIDB está em sua abordagem interdisciplinar, reunindo contribuições de especialistas de diversas áreas, como arqueologia, história e teologia, para proporcionar uma visão ampla e multifacetada dos estudos bíblicos. Incorporando as pesquisas e descobertas mais recentes, o dicionário enfatiza a necessidade de compreender a Bíblia em seus contextos históricos, culturais e literários. Ele reflete a diversidade de perspectivas teológicas e metodológicas, promovendo o diálogo e a reflexão crítica. Além disso, inclui recursos complementares como bibliografias abrangentes, tabelas cronológicas, mapas detalhados e ilustrações que enriquecem a experiência do leitor.

Bibliografia:
The New Interpreter’s Dictionary of the Bible (5 vols.; ed. Katherine Doob Sakenfeld; Nashville: Abingdon Press, 2006-09).

Léxico de Hesíquio

O Léxico de Hesíquio de Alexandria (c.380-c450 d.C.) foi um gramático e estudioso greco-egípcio, filólogo e lexicógrafo ativo no século IV dC. Não deve ser confundido com seu homônimo, o exegeta Hesíquio de Alexandria.

Hesíquio escreveu um dicionário enciclopédico da língua grega e seus dialetos. Compilou o maior mais de 51.000 verbetes. Listou palavras, formas e frases peculiares, com uma explicação de seu significado. Às vezes referencia o autor ou a região da Grécia que empregam um termo.

Em sua introdução, Hesíquio credita que sua enciclopédia teve influência de outras. Uma foi a de Diogenianos, que por sua vez baseou-se em uma obra anterior de Pânfilo de Alexandria. Outras foram do gramático Aristarco de Samotrácia, Ápion, Amerias e de outros.

As notas sobre epítetos e frases também elucidam sobre a sociedade antiga e a vida social e religiosa.

Sua obra sobreviveu em um único manuscrito praticamente intacto do século XV assinado Marciano graecus 622 preservado na biblioteca de San Marco, Veneza (Marc. Gr. 622). Foi impressa pela primeira vez por Marcus Musurus (edição Aldina) em Veneza em 1514, reeditado em 1520 e 1521. Desde então, somente no século XIX foi reeditada por Moriz Wilhelm Constantin Schmidt (1858–1868) em 5 volumes. A Real Academia Dinamarquesa de Belas Artes de Copenhague subsidiou uma edição moderna. Sob a direção de Kurt Latte, teve dois volumes publicados, o primeiro em 1953, e postumamente em 1987. Posteriormente, o filólogo britânico Allan Peter Hansen completou um terceiro volume em 2005.

Dicionário Bíblico Tyndale

O Dicionário Bíblico Tyndale, em inglês Tyndale Biblical Dictionary, editado por Walter A. Elwell e Philip W. Comfort, é uma obra de referência voltada para o estudo bíblico a partir de uma perspectiva evangélica angloamericana da Tyndale House, de vertente evangélica que seria classificada como doutrinários. O nome tanto do dicionário quanto do centro de estudos que publicou originalmente esta obra homenageiam ao tradutor da Bíblia, William Tyndale.

Alinha-se mais com os compromissos de suas vertentes teológicas que com o consenso das ciências bíblicas ou de outras variantes teológicas evangélicas. Por exemplo, defendem teorias de autoria dos livros bíblicos em um ato único com textos produzido pelo autor em sua forma final, atribuindo principalmente a autoria a figuras bíblicas proeminentes. Essa posição, em descompasso com parte significativa da pesquisa acadêmica contemporânea, desconsidera a complexidade do processo de composição e transmissão dos textos bíblicos. A interpretação de profecias tende a privilegiar leituras preditivas, com foco em eventos futuros, em detrimento de perspectivas mais abrangentes que as entendem como promessas dentro da história da salvação. Também há o viés de leitura que considera a Bíblia com univocidade ao invés da pluridade harmônica do cânone bíblico. Desse modo, tende a desconsiderar os diversos gêneros textuais bíblicos para privilegiar uma leitura de toda a Bíblia como se fosse de gênero historiográfico com um tipo textual injuntivo.

O viés teológico é evidente em vários aspectos. Há menor ênfase em temas ligados às tradições católica, ortodoxa ou pentecostal como os sacramentos, o papel de Maria e as manifestações carismáticas. Em alguns verbetes, é possível identificar indícios de uma abordagem dispensacionalista, que divide a história em períodos distintos de interação divina com a humanidade. A soteriologia limita-se às perspectivas calvinistas e arminianas, com notável ausência de soteriologias anabatistas, luteranas, pentecostais clássicas, dentre outras posições evangélicas. Esses pressupostos moldam as definições teológicas, o foco temático e a interpretação de textos-chave.

Alinhado à teologia individualista do protestantismo angloamericano, o conceito de salvação é predominantemente abordado em termos individuais, enfatizando a fé pessoal e a vida eterna. A ausência relativa dos conceitos bíblicos de salvação, como a restauração cósmica, a nova criação e a transformação, é perceptível, assim como a menor ênfase na salvação como vida em aliança ou pacto com Deus. Além disso, há pouca atenção para as implicações sociais e éticas do evangelho.

No que diz respeito a questões de gênero, o dicionário tende a adotar uma perspectiva complementarista subordinacional, defendendo papéis distintos para homens e mulheres, especialmente na liderança e nas estruturas familiares. As interpretações da Bíblia no dicionário reforçam hierarquias de gênero. As contribuições de estudiosas mulheres, embora presentes, são numericamente inferiores. Esse desequilíbrio se reflete em menor ênfase às experiências femininas na narrativa bíblica.

O desenvolvimento histórico do Dicionário Bíblico Tyndale demonstra uma aceitação pelo seu público. A primeira edição foi publicada em 1986, por Elwell. Em 2001, uma edição revisada incorporou descobertas arqueológicas e bibliografias atualizadas até o final do século XX, mas manteve o mesmo arcabouço dos anos 1980. A edição atual, de 2011, introduziu novos artigos sobre temas como arqueologia bíblica, crítica textual e os Manuscritos do Mar Morto, mas não alterou substancialmente seu conteúdo. A edição brasileira, publicada em 2015 pela Geográfica Editora, ampliou o acesso a leitores de língua portuguesa. Apesar de suas atualizações, de modo geral, este dicionário permanece obsoleto quanto ao conhecimento proporcionado pelas ciências bíblicas e pela teologia contemporânea.

É uma obra de refência para saber pessoas, lugares e eventos bíblicos e para se informar sobre conceitos teológicos e temas sob a perspectiva dessa vertente teológica.