Vaticinium ex eventu

Vaticinium ex eventu é a predição escrita depois de um acontecimento, mas no tom de previsão feita no passado.

Na literatura do Antigo Oriente Médio são encontráveis nos Apocalipses Acadianos, na Profecia de Nefer-rohu, dentre outros.

O épico Alexandra possui como narradora a personagem homérica Cassandra que profetiza quase mil anos de história dos gregos. Com a técnica vaticinium ex eventu relata desde a queda de Troia até o império de Alexandre, o Grande. No entanto, foi composta por volta de 300 a.C. por Lícofron, um dos bibliotecários de Alexandria.

Várias passagens são disputadas como vaticinium ex eventu, como Lucas 21:20 e Daniel 7-12.

Aretalogia

Aretalogia ou aretologia do grego: Αρεταλογία, aretḗ, virtude + logia, é uma forma de gênero de louvor em que os atributos de uma divindade são listados. Tem a forma de poema na primeira pessoa, uma lista de epítetos, nomes e qualidades, poderes (dynameis) invenções ou criações (heuremata) e obras (erga).

O gênero textual da aretalogia ocorre em várias tradições religiosas.י״ג מִידּוֹת Nas religiões dhármicas o termo em sânscrito é ātmastuti. Nas tradições cuneiformes mesopotâmicas eram as listas lexicais dos deuses, como na Oração de Assurbanípal a Assur ou a parte final de Enuma Elish. Na literatura greco-romana um exemplo é a Aretalogia a Isis (Apuleio. O Asno de Ouro, 11.22.6). No islã há os Noventa e nove nomes de Alá (al-asmá al-husná). No cristianismo, as escolásticas medieval e reformada foram construída a partir de listas de atributos divinos.

Um gênero derivado, por vezes também referido como aretalogia, sãos as biografias laudatórias de heróis ou figuras lendárias, como A vida de Pitágoras de Porfírio ou A vida de Moisés de Filo de Alexandria.

Na Bíblia, não há um explícito elenco de virtudes divinos do gênero da aretologia conforme os paralelos literários da época. Todavia, alguns traços do gênero aparecem no louvor à Sabedoria em Provérbios 8. Também, há listas como em Êx 34:6–7; Nm 14:18; Jl 2:13; Jn 4:2; Mq 7:18; Na 1:3; Sl 86:15; 103:8; 145:8; Ne 9:17 dos atributos da misericórdia, os quais aparecem após o incidente do Bezerro de Ouro, quando Deus ameaçou destruir Israel (Êx 32:10). A aretologia no sentido biográfico pode ter influenciado o gênero literário dos evangelhos.

BIBLIOGRAFIA

Hadas, Moses and Smith, Morton. Heroes and Gods: Spiritual Biographies in Antiquity. London: Routledge & Kegan Paul, 1965.
Smith, Morton. “Prolegomena to A Discussion of Aretalogies, Divine Men, the Gospels and Jesus.” Journal of Biblical Literature 90 (1971): 174-199

https://www.treccani.it/enciclopedia/aretalogia_%28Enciclopedia-Italiana%29/

Paralelismo

O paralelismo uma característica da poesia bíblica em que a segunda linha de uma unidade de alguma forma ecoa o significado, estrutura, gramática, tema ou estilo da primeira. Isso pode ser na forma de uma repetição do significado, ou de uma declaração de opostos, ou de uma outra declaração que serve para estender ou modificar a primeira linha de algum modo.

O paralelismo é uma característica definidora que a distingue da prosa. Muitas vezes acompanhado de concisão, brevidade e imagens, o paralelismo desempenha um papel central na transmissão da poética.

O reconhecimento e a análise do paralelismo na poesia hebraica têm uma rica linhagem histórica. Acadêmicos como Robert Lowth, Christian Schoettgen, Ibn Ezra e Ḳimḥi contribuíram para o entendimento das formas e funções do paralelismo. As obras de Lowth no século XVIII avançaram significativamente o estudo da poesia hebraica.

O paralelismo permanece evidente nas composições poéticas hebraicas pós-bíblicas, como orações litúrgicas e fragmentos poéticos preservados no Talmude. Embora o paralelismo tenha declinado com a adoção de rima e métrica durante o período espanhol, ele persistiu em contextos litúrgicos e ocasionalmente emergiu em outras produções poéticas.

Formas de Paralelismo

As formas principais de paralelismo encontradas na poesia bíblica incluem o paralelismo sinônimo, antitético, sintético e emblemático:

  1. Paralelismo Sinônimo: Repete ou reformula a ideia expressa na primeira linha na linha seguinte, usando palavras diferentes, mas equivalentes. O paralelismo sinônimo enfatiza a clareza e a ênfase por meio da repetição. “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos; ensina-me as tuas veredas” Salmo 25:4.
  2. Paralelismo Antitético: A segunda linha expressa um pensamento contrastante ou oposto ao da primeira linha. O paralelismo antitético cria um senso de equilíbrio e contraste, frequentemente usado na transmissão de ensinamentos morais ou éticos. “A integridade dos retos os guia, mas a falsidade dos infiéis os destrói” Provérbios 11:3.
  3. Paralelismo Sintético: A segunda linha expande ou explica a ideia apresentada na primeira linha. Fornece informações adicionais ou elaboração, contribuindo para o desenvolvimento do tema. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento” Provérbios 9:10.
  4. Paralelismo Emblemático: Envolve o uso de uma figura de linguagem ou imagem na primeira linha, seguida por linhas subsequentes que elaboram ou explicam a imagem apresentada. O paralelismo emblemático aprimora a vivacidade e profundidade da expressão poética. “Os lábios dos justos alimentam muitos, mas os insensatos morrem por falta de entendimento” Provérbios 10:21.

Variações e Recursos Estilísticos

Além do paralelismo, a poesia bíblica exibe vários recursos estilísticos, incluindo pares de palavras, merismas (extremos contrastantes para representar um todo), chiasmas (restatemento reverso de material), inclusões (restatemento no início e no final de uma seção), refrãos repetidos e acrósticos (arranjo em ordem alfabética).