Andreas Masius

Andreas Masius ou Maes (1515?–1573) foi um hebraísta e orientalista flamengo, cujas contribuições avançaram as ciências bíblica durante o Renascimento.

Como advogado e diplomata, residiu por muito tempo na Itália, onde se envolveu com figuras notáveis como Guillaume Postel e Elias Levita. Em seu tempo em Veneza, Masius tornou-se parte do círculo humanista liderado por Daniel Bomberg, na época o principal impressor de textos hebraicos.

Participou ativamente da criação da Bíblia poliglota de Antuérpia (1568–1572), onde publicou uma edição dos Targums e apresentou a primeira gramática e léxico impressos do siríaco.

Uma das obras notáveis de Masius foi sua edição hebraico-grega de Josué, intitulada “Josuae imperatoris historia…” (Antuérpia, 1574), que gerou polêmica devido ao seu afastamento do texto massorético. Esta publicação incluía uma lista de manuscritos rabínicos e cabalísticos da extensa biblioteca de Masius.

Masius demonstrou alguns pontos que depois seriam levantados pela hipótese documentária. Sua pesquisa questionava a precisão histórica de muitos livros do Antigo Testamento. Propôs que Esdras seria o principal autor de várias partes do Antigo Testamento, introduzindo termos como “compilação” e “redação” para descrever o processo de composição.

Masius estava associado a um círculo intelectual (ou uma seita) flamenga conhecida como “A Família da Caridade”, liderada por figuras como Guillaume Postel, Arias Montano e o impressor Christophe Plantin.

Manifestou oposição à condenação papal do Talmud e à queima de livros rabínicos em Roma em 1559, em simpatia pela erudição judaica.

A erudição de Masius se estendeu além dos estudos hebraicos quando ele emergiu como um dos siriacistas pioneiros na Europa. Estudou hebraico em Leuven, árabe em Roma com Guillaume Postel e siríaco em 1553 com Moisés de Mardin, um padre do Patriarcado de Antioquia na Síria.

Hipótese documentária

Hipótese em crítica textual que postula que o Pentateuco resulta de uma fusão composta de textos ou fontes anteriores. Sua forma clássica foi sintetizada no século XIX pelo biblista alemão Julius Wellhausen.

Há vários modelos para a hipótese documentária. Em linhas gerais, esses modelos sustentam os documentos fontes, indicados pelas iniciais J, E, P e D seriam datados em diversas épocas, mas fundidos em um só documento durante ou depois do exílio.

Desde os anos 1970, praticamente poucos estudiosos (como Richard Elliott Friedman) aceitam a existência de documentos distintos e datados conforme o modelo de Wellhausen. Outras teorias, como a hipótese suplementar, a hipótese fragmentária, o minimalismo bíblico ou a hipótese neo-documentária oferecem outros modelos de composição bíblica.