Maldição

A maldição (em grego: κατάρα; em hebraico: קְלָלָה) é um tema recorrente na Bíblia, presente em diversas narrativas e leis. Ela se manifesta como uma força misteriosa, capaz de trazer infortúnio, dor e até mesmo a morte sobre aqueles que a recebem.

No Antigo Testamento, a maldição aparece frequentemente associada à desobediência a Deus e à quebra de alianças. As maldições proferidas por Deus contra o pecado e a idolatria são exemplos de como a maldição pode ser uma consequência direta das ações humanas.

As maldições também podem ser proferidas por pessoas, como no caso da maldição de Noé sobre Canaã (Gênesis 9:20-27) ou das maldições presentes no Livro de Deuteronômio (Deuteronômio 27-28). Essas maldições podem ser vistas como expressões de ira, vingança ou mesmo como tentativas de invocar forças sobrenaturais para prejudicar alguém.

No Novo Testamento, a maldição perde um pouco de sua centralidade, com o foco se deslocando para a graça e o perdão oferecidos por Jesus Cristo. No entanto, a maldição ainda aparece em algumas passagens, como na maldição de Paulo contra aqueles que pregam um evangelho diferente (Gálatas 1:8-9).

A natureza exata da maldição e seu poder são temas complexos e debatidos. Algumas interpretações sugerem que a maldição é uma força real, capaz de influenciar o mundo físico e espiritual. Outras interpretações veem a maldição como uma expressão simbólica de desaprovação divina ou humana, ou como uma forma de linguagem que enfatiza as consequências negativas de certas ações.

Corbã

O corbã, em hebraico קָרְבָּן, nas línguas semíticas indica ofertas para sacrifício a Deus com o propósito de prestar homenagem, ganhar favores ou obter perdão.

No período do Segundo Templo, corbã passou significar um voto ou uma oferta não redimível. No sistema sacrificial levítico, algumas ofertas poderiam serem redimidas em troca de outra oferenda. O Novo Testamento emprega o sentido de voto (Marcos 7:11) e tesouro do templo.

Josefo usa outras palavras para oferta, mas usa corbã para o voto dos nazireus (Antiguidades Judaicas 4:73; 4,4,4) e cita Teofrasto acerca de um voto entre os tírios (Contra Apião 1.167 ; 1,22,4).

Anátema

Anátema é um termo que denota maldição porque foi separado. Deriva do grego ἀνάθεμα, anáthema, que significa “uma oferenda” ou “qualquer coisa dedicada”.

No Antigo Testamento, a Septuaginta referia-se tanto aos objetos irremissíveis consagrados ao uso divino (Corbã) quanto aos destinados à destruição em nome do Senhor, como os inimigos e suas armas durante as guerras religiosas (herem). Portanto, tais objetos seriam maldidos para a apropriação pessoal. Cf. Lv 27:28.

No Novo Testamento o termo aparece seis vezes (1 Co 12:3; 16:22; Gl 1:8,9; Rm 9:3; At 23:14), indicando um desfavor divino. O termo “anátema” no Novo Testamento mantém essa ideia de separação e consagração absoluta, mas geralmente com um sentido de exclusão da comunidade dos fiéis. Paulo, por exemplo, usa a palavra para se referir àqueles que pregam um evangelho diferente (Gálatas 1:8-9) ou que não amam o Senhor (1 Coríntios 16:22). Nesses casos, o anátema representa uma forma de excomunhão espiritual, uma separação definitiva da comunhão com Deus e com a Igreja.

Mais tarde, na história do cristianismo o termo ganhou conotação de amaldiçoamento formal.