Sulamita

Sulamita, termo que designa uma habitante ou natural de Sulém (ou Suném), evoca a figura feminina central do Cântico dos Cânticos, um livro poético que celebra o amor e o desejo.

Embora o nome da Sulamita não seja explicitamente mencionado no texto, ela é apresentada como uma jovem bela e apaixonada, que expressa seus sentimentos pelo amado em linguagem poética e sensual.

Alguns intérpretes associam a Sulamita a uma pastora ou camponesa. O nome “Sulamita” ainda pode ser uma variação de “Salomão”, o que sugere uma possível conexão entre a personagem e o rei.

Johanna Eleonora Petersen

Johanna Eleonora Petersen, nascida von Merlau (1644 – 1724) foi uma escritora, teóloga e líder do pietismo radical alemão.

Nascida em Frankfurt am Main, era a segunda de quatro filhas de Georg Adolph von Merlau, um oficial da corte, e de Sabina Ganß von Utzberg. Durante a Guerra dos Trinta Anos, sua família buscou refúgio em Frankfurt, mas posteriormente dividiu-se entre propriedades rurais em Merlau e Philippseck, enfrentando dificuldades econômicas. Após a morte de sua mãe, Johanna Eleonora assumiu responsabilidades domésticas ainda jovem.

Aos doze anos, ingressou como dama de companhia no serviço de famílias nobres. Inicialmente, trabalhou para a condessa Eleonora von Solms-Rödelheim, onde relatou ter enfrentado maus-tratos. Posteriormente, foi empregada pela duquesa Anna Margarete von Hessen-Homburg, atuando por 14 anos em funções domésticas e cerimoniais. Durante esse período, sua devoção religiosa se intensificou, estabelecendo laços com figuras influentes, como Benigna von Solms-Laubach. Uma tentativa de casamento com um oficial militar foi desfeita, e uma proposta de união com o pastor Johann Winckler foi rejeitada por seu pai.

Em 1672, conheceu os líderes pietistas Philipp Jacob Spener e Johann Jakob Schütz, com quem manteve correspondência. Depois de encerrar seu serviço na corte, mudou-se para Frankfurt, onde residiu no Saalhof com Maria Juliane Baur von Eyseneck. Juntas, organizaram reuniões inspiradas nos Collegia pietatis de Spener, voltadas para a prática de uma vida cristã mais austera. As atividades atrairam críticas, levando temporariamente à expulsão de Johanna Eleonora de Frankfurt.

Em 1676, conheceu o teólogo Johann Wilhelm Petersen, com quem se casou em 1680. A união marcou o início de uma vida conjunta dedicada à escrita teológica e ao apoio mútuo em meio a controvérsias religiosas. Johann Wilhelm enfrentou acusações de heresia e foi destituído de cargos eclesiásticos, levando o casal a buscar refúgio em propriedades de amigos nobres. Durante esse período, Johanna Eleonora escreveu várias obras, muitas vezes em colaboração com o marido.

Seu primeiro livro publicado, Gespräche des Hertzens mit Gott (1689), reunia meditações bíblicas e incluía uma autobiografia inicial, que mais tarde foi ampliada e tornou-se referência para autobiografias pietistas. Entre suas obras mais notáveis estão Anleitung zu gründlicher Verstandniß der Heiligen Offenbarung Jesu Christi (1696), um comentário sobre o Apocalipse que articulava a expectativa de um Milênio, e Das ewige Evangelium der allgemeinen Wiederbringung aller Creaturen (1698), que defendia a doutrina da apocatástase. Suas publicações posteriores concentraram-se em interpretações meditativas da Bíblia.

Johanna Eleonora Petersen faleceu na propriedade de Thymern, perto de Lübars.

Jenny Everts

Jenny Everts é professora associada de religião no Hope College, onde leciona e realiza pesquisas com foco no Novo Testamento. Doutora em Religião pela Universidade Duke, título obtido em 1985, Everts concentra suas investigações na interpretação do Novo Testamento, no grego neotestamentário e nas abordagens carismáticas e pentecostais das escrituras. Desde que ingressou no Hope College em 1985, ela tem desenvolvido e ministrado cursos relacionados ao Novo Testamento e ao cristianismo americano. Entre suas iniciativas acadêmicas estão a criação de um curso sobre Pentecostalismo Global e um seminário avançado de estudos bíblicos, abordando temas como profecia e milagres no Novo Testamento.

Everts possui contribuições significativas à literatura acadêmica na área, sendo coeditora do livro Pentecostal Theology and the Theological Vision of N.T. Wright: A Conversation e autora de artigos publicados em periódicos como The Journal for Pentecostal Theology e Pneuma: The Journal of the Society of Pentecostal Studies. Seu trabalho tem recebido reconhecimento na comunidade acadêmica, incluindo um prêmio por um capítulo sobre liderança feminina no movimento pentecostal-carismático.

Além de sua atuação como docente e pesquisadora, Everts participa ativamente de organizações profissionais, como a Society for Pentecostal Studies e a Society of Biblical Literature. Nessas instituições, ela desempenhou funções diversas, contribuindo para debates sobre diversidade e colaboração acadêmica.

A formação acadêmica de Everts é interdisciplinar, incluindo um bacharelado pela Wellesley College, um mestrado em inglês pela Claremont Graduate School e um M.Div. pelo Fuller Theological Seminary. Essa trajetória educacional reflete-se em sua abordagem ampla e integrada aos estudos de religião e teologia.

Pheme Perkins

Pheme Perkins é uma teóloga e biblista estadunidense especializada no Novo Testamento, com ênfase no cristianismo primitivo e seu contexto cultural greco-romano.

Exerce o cargo de Joseph Professor of Catholic Spirituality no Boston College, onde leciona desde 1972. Nascida em Louisville, Kentucky, Perkins obteve sua graduação em 1966 no St. John’s College. Posteriormente, ingressou na Universidade de Harvard, onde concluiu seu doutorado em 1971. Sua pesquisa doutoral estabeleceu as bases para seu interesse acadêmico em epístolas paulinas e gnosticismo.

Ao longo de sua carreira, Perkins ocupou posições de destaque em associações acadêmicas e profissionais, incluindo a presidência da Catholic Biblical Association of America entre 1985 e 1986. Atuou como editora associada na terceira edição de The New Oxford Annotated Bible. Seus interesses de pesquisa abrangem temas como o contexto cultural greco-romano do cristianismo primitivo, filosofia helenística, cartas paulinas, escritos joaninos e gnosticismo.

Entre suas publicações destacam-se obras que exercem grande influência na área de estudos bíblicos. Em Gnosticism and the New Testament (1993), Perkins analisa a relação entre textos gnósticos e os escritos do Novo Testamento, discutindo suas implicações teológicas. Seu livro Reading the New Testament (2012) é amplamente utilizado como introdução aos estudos do Novo Testamento, oferecendo uma análise dos contextos históricos e culturais desses textos. Em Peter: Apostle for the Whole Church (2000), explora o papel de Pedro no cristianismo primitivo e sua relevância dentro do Novo Testamento. Outra obra significativa é First and Second Peter, James and Jude (1995), parte da série Interpretation Commentary, que apresenta uma exegese detalhada e reflexões teológicas sobre essas epístolas do Novo Testamento. Suas publicações foram traduzidas para idiomas como italiano, japonês e coreano, ampliando seu alcance internacional.

Em 2013, seu livro Reading the New Testament recebeu o primeiro prêmio na categoria Escrituras pela Catholic Publishers Association. Perkins também se dedica ao ensino, influenciando novas gerações de teólogos e estudiosos no Boston College.

Charlotte Elizabeth

Charlotte Elizabeth Tonna (1790–1846) foi uma escritora e romancista inglesa da era vitoriana, destacada por suas contribuições a diversas causas sociais e literárias de sua época. Sob o pseudônimo Charlotte Elizabeth, tornou-se uma voz ativa na defesa do protestantismo, dos direitos das mulheres, da proteção dos animais e da reforma social.

Nascida em Norwich, Inglaterra, era filha do reverendo Michael Browne, um ministro anglicano, e foi criada em um ambiente familiar tory, monarquista e ligado à Igreja da Inglaterra. Enfrentou desafios de saúde desde cedo, incluindo cegueira temporária aos seis anos e perda auditiva permanente aos dez, em decorrência de medicação. Essas experiências moldaram sua visão de mundo e influenciaram sua atuação em prol dos direitos de grupos marginalizados.

Tonna iniciou sua carreira literária enquanto vivia na Irlanda com seu primeiro marido, o capitão George Phelan. O casamento foi marcado por dificuldades devido ao alcoolismo e à violência do marido, levando à separação em 1824. Para proteger seus rendimentos dele, adotou o pseudônimo “Charlotte Elizabeth.” Sua produção literária incluiu romances, histórias infantis e tratados religiosos. Entre suas obras mais conhecidas estão The Wrongs of Woman, que denunciou as condições de vida e trabalho das operárias em Londres e contribuiu para o apoio às Leis das Fábricas, Helen Fleetwood, um romance que aborda temas de direitos das mulheres e justiça social, e Personal Recollections, um relato autobiográfico que se destacou por suas descrições vívidas e intensidade emocional.

Charlotte Elizabeth foi uma defensora ativa dos direitos das mulheres e da justiça social, envolvendo-se em atividades como a fundação de uma escola dominical e o trabalho junto a comunidades empobrecidas. Seus escritos frequentemente tratavam da situação dos trabalhadores fabris, especialmente mulheres e crianças, durante a Revolução Industrial. Demonstrava ainda simpatia pelos judeus, sustentando a ideia de que poderiam manter seus rituais tradicionais ao aceitar Jesus Cristo como o Messias. Sua última obra importante de ficção, Judah’s Lion (1843), reflete suas convicções religiosas.

Após a morte de seu primeiro marido em 1837, Tonna casou-se com Lewis Hippolytus Joseph Tonna em 1841, em um casamento descrito como mais harmonioso. Continuou a escrever até que sua saúde foi debilitada pelo câncer, que resultou em sua morte. Suas contribuições à literatura e à reforma social influenciaram a opinião pública sobre os direitos das mulheres e as condições de trabalho na era vitoriana. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas, evidenciando sua popularidade na Europa. Embora tenha caído em relativa obscuridade após sua morte, avaliações contemporâneas a reconhecem como uma figura influente que utilizou seu talento literário para promover justiça e compaixão na sociedade.