Hesicasmo (do grego ἡσυχασμός, hesychasmos, derivado de ἡσυχία, hesychia, que significa “quietude” ou “silêncio”) é uma tradição de oração e contemplação na Igreja Ortodoxa e em algumas Igrejas Católicas Orientais que seguem o rito bizantino.
O hesicasmo é praticado por hesicastas, que buscam a união com Deus através de uma vida ascética e da oração interior contínua, especialmente a Oração de Jesus. Essa prática é fundamentada no ensinamento de Cristo no Evangelho de Mateus, que encoraja a oração em segredo. A essência do hesicasmo reside na busca pela experiência direta de Deus, frequentemente descrita como a contemplação da “Luz Não Criada”, que os praticantes acreditam ser a mesma luz que se manifestou na Transfiguração de Cristo.
Os hesicastas distinguem entre a essência divina, que não pode ser vista, e as energias divinas, que podem ser experimentadas. Essa distinção foi um ponto central nos debates teológicos sobre o hesicasmo, especialmente durante a controvérsia hesicasta no século XIV, onde defensores como Gregório Palamas argumentaram em favor da validade das experiências místicas dos hesicastas contra críticos que viam essas crenças como heréticas.O hesicasmo envolve um processo de interiorização e concentração mental, onde o praticante busca silenciar os sentidos e os pensamentos distrativos para alcançar um estado de sobriedade espiritual.
A prática é acompanhada por uma disciplina rigorosa e por exercícios ascéticos, que visam purificar a alma e preparar o indivíduo para a experiência da presença divina. A literatura hesicasta também aborda as dificuldades enfrentadas durante essa jornada espiritual, incluindo as tentações e distrações mentais.
Historicamente, o hesicasmo tem raízes que remontam aos primeiros Padres do deserto e se desenvolveu ao longo dos séculos através das obras de místicos como Simeão, o Novo Teólogo, e João Clímaco. Com o tempo, tornou-se uma parte fundamental da espiritualidade ortodoxa, influenciando tanto a prática monástica quanto a teologia cristã.
