Free-Free

Os Free-Free ou Fria Fria foi um movimento interno dos Amigos da Missão liderados por August Davis (1852-1936) que praticava várias manifestações carismática.

O grupo falava em línguas, profetizava e testificava visões. Comunicava o Espírito Santo por imposição das mãos e ensinando o batismo do Espírito Santo como uma obra distinta da regeneração.

Originalmente centrados em Chicago, Illinois e no oeste de Minnesota, entre 1885 e 1900, foram assimilados por outras denominações de santidade, livres ou pentecostais.

Batistas Primitivos

Os Batistas Primitivos são uma denominação Batista tradicionalista que surgiu nos Estados Unidos no final do século XVIII e início do século XIX.

Os Batistas Primitivos caracterizam-se por suas práticas simples de culto, que frequentemente incluem canto a cappella, oração e pregação extemporâneas. A denominação é descentralizada, com cada congregação sendo independente e auto-governada, com um grupo leigo de anciãos (elders) e diáconos. Praticam o batismo na idade do consentimento e por imersão total. No geral, suas capelas são mantidas por ofertas voluntárias, já que não possuem sociedades missionárias, funcionários em tempo integral ou pastores assalariados. Em comum, rejeitam organizações de serviço fora ou acima da igreja local.

Essas práticas eram comuns a todos os batistas até o final do século XVIII. Depois da Revolução Americana, os batistas americanos começaram a imitar outras denominações. Uma minoria tradicionalista insistiu nessas distintivas até que uma reunião na Igreja Batista de Black Rock em 28 de setembro de 1832 em Butler, Maryland, marcou a separação entre os Batistas Primitivos e outros batistas. As igrejas batistas primitivas predominam nas regiões montanhosas do sul dos Estados Unidos, principalmente nos Apalaches e Ozarks.

As crenças dos Batistas Primitivos podem variar amplamente, com alguns seguindo a teologia calvinista, enquanto outros abraçam o arminianismo ou o universalismo. Apesar dessas diferenças, eles dão grande importância às raízes históricas da tradição Batista e acreditam em manter os “velhos caminhos” e práticas de culto simples e puros dos primeiros cristãos. Eles geralmente são contrários às inovações modernas na teologia e no culto e resistiram a muitas das mudanças que ocorreram em outras denominações Batistas.

John Nelson Darby 

John Nelson Darby  (1800-1882) foi um pregador do movimento que se tornou os Irmãos (de Plymouth), por vezes referidos como Darbistas por sua influência.

Inicialmente treinado como jurista e pastor anglicano, aderiu a um movimento antidenominacional primitivista que examinava a Bíblia na Irlanda e sul da Inglaterra. Leitor ávido das Escrituras, elaborou uma interpretação dispensacionalista da história e escatologia.

Esteve na Europa continental onde animou o Réveil genebrino, bem como propagou suas ideias nos Estados Unidos, tendo influenciado D. L. Moody.

Walkerites

Os Walkerites foram um grupo evangélico primitivista originários da Irlanda no começo do século XIX.

Teve início com o ministério de John Walker (1768-1833). Filho de um clérigo da Igreja da Irlanda, estudou no Trinity College em Dublim, onde fez amizade com Thomas Kelly. Tornou-se o responsável pela Capela de Bethesda em Dublim, congregação conectada com o ministério de George Whitefield e de Lady Huntingdon, mas pertencente à Igreja da Irlanda.

Por defender de modo irredutível algumas posições teológicas, foi desligado da Igreja da Irlanda 1804. Walker passou a frequentar uma congregação em Stafford Street, Dublim, que se autodenominava “a igreja de Deus” (a church of God), mas eram conhecidos como Walkerites.

Teologicamente eram hipercalvinistas, embora não sistematizem sua teologia, a qual era centrada na fé de que “Cristo morreu por nós e assim nos salvou e a todos os homens que crêem nEle” (Martin 1971). Arrependimento significava mudança de mentalidade, não sentimento de culpa ou penitência. Praticavam Santa Ceia semanal restrita somente a membros, ósculo santo e batismo por imersão adulto (mais tarde alguns grupos pararam de fazer batismo, admitindo novos membros pela comunhão). Cada congregação era autônoma e o ministério coletivo era composto por anciãos e diáconos leigos, normalmente quase todos os homens eram reconhecidos para tais funções. Consideravam que o mundo jazia no maligno. E, em razão disso, eram extremamente separatistas, sequer conversando publicamente sobre questões religiosa ou orando com não membros. No entanto, não eram contra diversões públicas ou educação profissional como outros grupos primitivistas. Não guardavam o domingo ou outro dia como sagrado. Recusavam a fazer qualquer tipo de juramento.

Os cultos dominicais era presidido em rodízio. Um ancião abria o serviço, cantava-se um hino, outro membro diriga a primeira oração, outro partia o pão, leitura das Escrituras, exortação, seguiam-se a coleta, hino e a
segunda oração em rodízio de presidência. As leituras consistiam de um salmo, um capítulo do Antigo Testamento e um capítulo do Novo Testamento a cada domingo. A pregação não era definida previamente, mas deixado ao impulso do Espírito Santo. Qualquer membro masculino adulto podia falar, e não necessariamente pregar sobre as Escrituras que foram lidas. Encerrava-se com o ósculo santo. Uma vez por mês havia um estudo bíblico à tarde.

Apesar desse separatismo, o grupo teve tentativas de fusão com os grupos de James Buchanan em Camown Green e com os Kellytes.

Em seu auge, tinha cerca de uma dúzia de igrejas na Irlanda, além de duas grandes congregações em Birmingham e Londres. Em 1834 havia apenas três igrejas Walkerites. O grupo continuou, reunindo em casas. No início do século XX teve um pequenos núcleo na Rússia. A última congregação, a de Dublim, incrementalmente se tornou mais semelhante ao Movimento dos Irmãos, mas fechou em 1921.

BIBLIOGRAFIA

Martin, C.P. “Recollections of the Walkerite or so-called Separatist Meeting in Dublin,” Christian Brethren Research Fellowship Journal 21 (May 1971): 2-10.

Walker, John. ‘A brief account of the people called Separatists’. Essays and correspondences, I. pp 550-560.

Walker, John. Seven letters to a friend on the Primitive Christianity. (1819). Essays and correspondences, I. p. 409.

Laestadianismo

Laestadianismo é um movimento avivalista nas igrejas luteranas da Noruega, Suécia e Finlândia, nascido de influências pietistas e morávias no século XIX, principalmente entre comunidades sami. Parte do movimento constitui denominações independentes nos EUA e Canadá.

História

O movimento deve o nome e foi iniciado pelo pastor e botânico luterano sueco Lars Levi Laestadius ou Læstadius (1800-1861). Educado na Universidade de Uppsala, Læstadius foi ordenado ministro em 1825. Foi enviado como missionário entre os sami (povo antigamente conhecidos como “lapões”) no norte da Suécia, onde entre 1826 e 1849 foi pastor na paróquia de Karesuando. Laestadius era filho de mãe sami, a qual também era devota participante de conventículos de oração e leitura bíblica.

Quando Laestadius chegou a Karesuando encontrou pobreza e abuso de álcool era generalizado entre os sami. Começou a pregar sobre moralidade e arrependimento. A vida de Laestadius mudou quando encontrou com Milla Clemensdotter ou Maria da Lapônia (1812–1892) em 1844. Essa jovem mulher sami, também membro de um conventículo de “leitores”, testemunhou sua experiência de paz encontrada quando ela compreendeu a graça de Deus.

A partir do encontro com Maria, Laestadius experimentou uma transformação espiritual. Seguiu-se um grande avivamento entre os sami de todos os países do círculo polar ártico. Em 1853, um bispo da Igreja da Suécia (luterana) decidiu que deveria ter dois serviços de culto a cada paróquia onde tivesse laestadianos: um para os paroquianos regulares e outros para os avivados.

Após a morte de Læstadius, o movimento foi liderado por Juhani Raattamaa (1811-1899). Após a morte de Raattamaa, o renascimento se dividiu em várias vertentes: velhos laestadianos, primogênitos, laestadianos ocidentais,

Os laestadianos sempre permaneceram membros das igrejas estatais na Noruega, Suécia e Finlândia, mas realizam suas próprias reuniões e muitos grupos possuem suas próprias casas de oração. Na América do Norte constituem denominações separadas, sendo a principal a Igreja Apostólica Luterana do Primogênito.

Doutrina e práxis

A Bíblia é a fonte primária de fé. Outras fontes materiais incluem as obras de Martinho Lutero, os sermões e escritos de Laestadius, bem como seus hinários, principalmente o Sions sånger.

Suas reuniões são solenes. Ocorrem êxtases e lamentos (frequementemente associados com a glossolalia) especialmente no momento da Ceia do Senhor. Há uma grande ênfase no arrependimento do pecado. Membros confessam seus pecados, normalmente em lágimas e emoções, então um dos anciãos pronuncia o perdão dos pecados pela imposição de mãos. A pregação pode ser extemporânea, com grande ênfase no pecado e perdão, bem como na leituras de sermões de Lutero e Laestadius. Tradicionalmente se cumprimentam com a frase ” a paz de Deus “. Realizam, quando possível suas próprias Ceias. Em alguns grupos tradicionais as mulheres cobrem a cabeça com um véu. Tradicionalmente, membros mais idosos das famílias ou seus anciãos batizam as crianças nas casas. Como outros movimentos avivalistas nórdicos, os maiores eventos são as reuniões campais de verão.

Buscam viver uma vida de santificação em separado da sociedade secular. Assim, muitos grupos rejeitam música mundana, dança, cinema. televisão, diversões públicas e contraceptivos. O isolamento (e o exclusivismo de alguns grupos) levam a serem vistos com suspeição pela ampla sociedade.

São liderados por anciãos leigos, mas há laestadianos ordenados ministros pelas igrejas estatais luteranas dos países nórdicos. São estimados em cerca de 500 mil membros, a maior parte deles na Finlândia. Suportam missões em diversas nações do globo, como Equador, Estônia, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Islândia, Quênia, Letônia, Rússia, Espanha, Suíça, Áustria e Togo.

BIBLIOGRAFIA

Alves, Lenardo. Notas de pesquisa de campo. Laestadianska församlingen i Uppsala (Knivsta). 2018.

Kristiansen, Roald. Samisk religion og læstadianisme: kristen tro og livstolkning. Fagbokforlag, 2005.

Heith, Anne. Laestadius and Laestadianism in the contested field of cultural heritage: a study of contemporary Sámi and Tornedalian texts. Umeå University & The Royal Skyttean Society, 2018.

Lie, Geir. História do Cristianismo. Santorini, 2020.

http://www.bibliotecalaestadiana.se

Rogerenes

Os Rogerenes foram uma pequena denominação fundada em 1674 por John Rogers (1648-1721) em New London, Connecticut e com congregações em New Jersey, nos Estados Unidos da era colonial. Os rogerenes caracterizavam-se pela liberdade de consciência, guia imediata pelo Espírito Santo, pacifismo e considerar todos dias igualmente santificados diante de Deus.

John Rogers era um mercardor afluente na colônia de Connecticut. Incialmente, foi influenciado pelos Batistas do Sétimo Dia e pela Sociedade Religiosa de Amigos (Quakers). Como outros dissidentes, Rogers rejeitava o controle compulsório da Igreja estabelecida congregacionalista puritana.

Em meados da década de 1670, John Rogers e sua família se uniram com os batistas do sétimo dia de Newport. John Rogers rompeu com os batistas do sétimo dia quando em 1677 dois anciãos recusaram batizar uma mulher com medo das autoridades puritanas. John Rogers batizou a mulher e se tornou ancião do grupo que se reunia em torno de sua pregação.

Os rogerenes, também conhecidos como Rogerene Quakers ou Rogerines, inicialmente observavam o sábado, mas com o passar dos anos começaram a considerar cada dia como igualmente sagrado.

O desdém pela adoração dominical muitas vezes os colocava em conflito em suas comunidades. Por vezes forçados a comparecerem aos cultos da Igreja Puritana, os rogerenes levavam materiais de trabalho como protesto. Várias vezes John Rogers e outros membros foram presos.

Mais tarde adotaram o pacifismo, incluindo resistência aos impostos de guerra. Suas convenções anuais pela promoção da paz se tornaram um centro para o movimento pacifista no estado.

Praticavam o batismo de adultos, acreditvam na cura pela oração. Como os quakers, seu culto era em silêncio, inclusive para as orações, mas com cânticos e pregações conforme sentissem guiados pelo Espírito Santo. Rejeitavam ministério remunerado – e certamente nenhum ministro sustentado por impostos. Não aceitavam edifícios separados exclusivamente para o culto público.

Foram abolicionistas dedicados e ativos na Underground Railroad.

O grupo nunca foi muito grande. Em Connecticut formaram as regiões de Quaker Hill em Waterford e Quakertown em Ledyard. Algumas famílias se estabeleceram no Condado de Morris, colonizando a região rural de Landing e Roxbury Township, New Jersey, perto do Lago Rogerine. Outro grupo menor de Rogerenes por volta de 1734 se estabeleceu na montanha de Schooley perto da Hackettstown, New Jersey.

Os serviços religiosos dos rogerenes continuaram provavelmente até o início do século XX em Connecticut, quando o grupo extinguiu-se.

BIBLIOGRAFIA

Lim, Susan (2008). “The Rise of the Rogerenes in Colonial New London”. Connecticut History. 47 (2): 237–51.

Lim, Susan (2013). “Evangelization in Print: The Writings of the Rogerenes of New London, 1677-1721”. Connecticut History. 51 (2).

Starr Brinton, Ellen (March 1943). “The Rogerenes”. The New England Quarterly. The New England Quarterly, Inc. 16 (1): 2–19. doi:10.2307/361127.